Artigo do professor – Joilson Bergher
Alguns para externar a ojeriza aos sucessivos maus exemplos políticos, dizem detestar política. É um equívoco. Política é um instrumento político. Como qualquer outro, depende de quem a conduz. Eu gosto de política, e quem diz não gostar, indubitavelmente, será conduzido por quem gosta. Nesse equívoco, o senso comum diz que tal atividade é a mais acéfala, baixa, corrupta. Não é! É a mais escancarada. Se parecer a mais desavergonhada, é porque a sociedade assim o é. Em tal contexto, o nosso 2 de Julho em Salvador faz a diferença. É exemplo de pluralidade. Tem vaias, segmentos marginalizados e organizados dão o seu recado, pessoas em grupos ou não dão o seu recado, denunciam mazelas e dificuldades econômico-sociais. Tudo sem financiamento incubado ou caixa dois. Em 2015, na Bahia, há 192 anos, consolidou de fato a emancipação do Brasil de Portugal. Nessa história há povo, ha mulher, há idosos, há jovens. Essa ideia de Brasil liberto se dera por terra e mar, a saber: Salvador e Recôncavo, cenários de luta, envolvendo aí mortes, e um sentimento de bravura, de um país que não se curvou a metrópole de pele branca. Nessa luta destacam-se três mulheres de fibra. (1) Joana Angélica, a primeira heroína do Brasil: assassinada na luta contra Portugal. (2) Maria Quitéria, com pseudônimo de soldado Medeiros. Vestida de coragem e ousadia, e nacionalismo lutou ferozmente contra invasores, e por fim, (3) Maria Filipa, com espírito de liderança e altivez, liderou cerca de 40 mulheres numa luta impiedosa contra portugueses na Ilha de Itaparica. A Festa do Dois de Julho teve nessas três mulheres a possibilidade de um país decente, grande e que se respeita, propulsor de liberdade e democracia. É o protagonismo da mulher que agora se perpetua na memória brasileira. Em 24 de Março de 2015, Joana Angélica, Maria Quitéria e Maria Filipa tiveram seus nomes inclusas no Livro de Aço do Brasil com os nomes de heroínas de destaque na luta pela liberdade e emancipação do Brasil. Estão repousando na memória do Panteão da Pátria Tancredo Neves, na Praça dos Três Poderes, em Brasília. É também patrimônios Imaterial da Bahia. Merecidamente! Essas guerreiras da Independência do Brasil romperam o padrão estabelecido, lutaram, e se colocaram a frente da história, de forma incontestável. Em 2 de julho de 1823 a Bahia mostrou na época que era possível sim chamar de nacional o brasileiro. O Brasil verdadeiramente não existira ainda. Erga o braço e comemore: Ave o 2 de Julho da Bahia, do Brasil.
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