Artigo: DOENÇAS E CONSELHOS MÉDICOS

 


 

Sou portador de várias doenças: psoríase, artrite psoriática, diabetes melito, hipertensão, problemas de visão (ambliopia), desvio do nervo ótico e agravantes da diabetes, audição comprometida, com perda de 35 por cento da capacidade auditiva e sofri um AVC isquêmico com sequelas cerebrais.  Além do que, já fiz três operações, uma delas porque fui assaltado em Brumado, com violência, por dois menores, causando-me fratura dos ossos do antebraço, com tratamento cirúrgico executado pelo competente médico Ricardo Cotias, no COT canela de Salvador. Os assaltantes, menores, não foram punidos.

Por conta de todos esses problemas, tomo vários remédios, me consulto regularmente e faço exames de laboratório periodicamente para cuidar da saúde e mantê-la sob controle, cuidando a tempo, evitando problemas mais graves.

Em tom de gracejo, certa vez disse à minha consorte que, diante de tantos problemas de saúde, iria comprar uma urna funerária e colocá-la embaixo da cama. Quando necessário era só empacotar o de cujos. Indignada ela respondeu: ─ Você está maluco? ─ Se o fizer, mudo de aposento. ─ Essa é uma ideia estapafúrdia, não vejo sentido nisso.

Médicos especialistas aconselharam-me a evitar a ingestão de carnes, especialmente as vermelhas, que dificultam a digestão. Nessa fase da vida não é de bom grado consumi-las, até por questões geriátricas. Também me disseram não ser recomendável frituras, sal e açúcar para quem é hipertenso e diabético – sem sal e açúcar é duro de engolir, fazer o quê?  Praticar exercícios é bastante saudável e deve fazer parte das atividades de todos, inclusive dos idosos, depois de uma avaliação médica com orientação para a prática pertinente. Tudo isso me foi explicado. Entretanto sou muito resistente a alguns procedimentos, e por razões diversas, não os pratico.

Num churrasco, em conversa com um amigo, este se recusou a comer as iguarias servidas: carnes vermelhas e as brancas dizendo-se adepto da alimentação ovolactovegetariana, afirmou-me que com esse procedimento se sentia bem melhor, mais saudável e mais disposto. Entendo que as carnes são indigestas, comidas apropriadas para felinos e não para humanos. A partir dessa data, passei a não comer carnes, não sei por quanto tempo, pois essa decisão pode não ser constante ou permanente.

Certa feita fiz uma consulta com um esculápio e foi-me receitado um medicamento que me assustou pelo preço alto. Solicitei ao vendedor outro de igual serventia com preço mais barato, no que fui atendido, embora não devesse, por questões de ética e profissionalismo. Ao retornar para a avaliação, o doutor perguntou pela ação do fármaco, se este correspondeu às suas expectativas.

Fui-lhe franco ao revelar que comprara outro medicamento com o mesmo efeito e mais barato, com informações e indicação do vendedor.  “Você é a pessoa mais difícil de ser tratada, a medicação receitada é um fármaco de terceira geração com menos efeitos colaterais e ação específica e de grande benefício para sua saúde, o que lhe proporcionaria eficácia menos agressiva. Infelizmente você e o vendedor agiram irresponsavelmente ao trocar a medicação receitada. Deveria pedir-lhe que saísse do consultório, mas, por ser seu amigo não o farei. Compre o medicamento receitado e volte para uma avaliação, sentenciou com cara de mau amigo”.

Acrescentou, ainda: que tinha pacientes que cuidavam dos animais da fazenda com zelo e dedicação, realizando as vacinações e comprando medicamentos, porém, quanto à saúde pessoal, eram desleixados. Negligentes, alegam não ter tempo suficiente para uma consulta e criticam a carestia dos remédios.

“Você é dos que acham o medicamento caro e se esquece de que o mais importante é a saúde, com ela, você dá conta das outras coisas. A saúde é o bem mais importante do indivíduo, portanto, cuide-a com presteza”.

Foi uma lição esclarecedora, moralizadora de ética profissional.

Eu sou assim, o que há de se fazer! Essa é a minha idiossincrasia. Faço o que penso, o que me dá na telha, embora possa até me arrepender, mas o que está feito não se desfaz sem que haja consequências. Aí há de se arcar com o preço do arrependimento.

 

Antonio Novais Torres

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Brumado em 04/08/2011.