Artigo: ESTE É O BRASIL QUE QUEREMOS?

garcez

 

Paira no ar do cenário político do Brasil um odor de falta de patriotismo. Os que estão no poder, não o querem perder, ficam no governo por falta de humildade de reconhecer os erros e de admitir que possivelmente com outros parâmetros poderia se administrar melhor com outras diretrizes quer ideológicas ou conceituais. O que não é novidade na história da humanidade, pois o poder alicia e seduz.
O que é muito triste é admitir que o vendaval que assola o nosso país desestabilizou nossa credibilidade, maculou grupos sociais, manchou pessoas em todos os escalões políticos e civis, pelas articulações duvidosas. Infelizmente como espectadores desse teatro político sofreremos as conseqüências como se protagonistas fossemos. Somos brasileiros e muitos de nós elegemos pessoas que deveriam resolver os problemas da população. Sem falar que muitos depositaram confiança e fé nos governantes. Hoje, neste palco de atores bem preparados, constatamos um espetáculo deprimente de corrupção e de fraqueza humanas, como se um vírus estivesse deformando a personalidade e identidade dos personagens, pois a vidraça foi quebrada pela pedra. E o rombo foi enorme, pois a vidraça e a pedra pertenciam à mesma ideologia. A sinfônia política há muito tempo desafinou, prejudicando a sintonia, é urgente consertar e mesmo substituir os instrumentos desarticulados, para que o concerto da música desse país seja harmoniosa, límpida e cristalina e que os acordes ressoem no cenário mundial de maneira transparente e equilibrada. Nesses meses estamos assistindo a uma grave crise política: pedaladas fiscais, Lava Jato, petrolão, mensalão, caixa dois, uso privado de cargos políticos, compra de votos, Impeachment. Com o nível dos discursos dos deputados sobre o impeachment, o clamor aumentou. A caixa de Pandora se abriu, o Rei está nu. O cidadão comum está atônito e indignado, depois do isentão temos agora o chocadão! Isso significa que as expectativas eram altas, significa que a teoria política era errada. Nós temos uma escolha: surpreender-nos ou compreender; reclamar ou estudar, analisar e conseguir prever. O momento é econômica e moralmente grave, mas nada que a Ciência Política não explique, para ir além de meros “achismos”, paixões e partidarismos de torcida. Excessos de partidos políticos que não possuem qualquer tipo de ideologia, e visam somente receber as benesses que são pagas por todos nós, ou seja, o dinheiro do fundo partidário, e que fazem coligações as mais espúrias, isso sem contar com uma das maiores esperanças dos brasileiros, a continuidade da operação Lava Jato, e outras em curso no País, e que os “senhores deputados” agora tentam evitar, inclusive anistiando muitos parlamentares que praticaram o chamado caixa 2. Vergonha! Esse é o nosso sentimento. Ministro que ocupa cargo para se beneficiar e ainda ameaçar àqueles que pautam pela moralidade da coisa pública, os milhões de desempregados, a recessão, a ilegitimidade no poder e por aí vai. Não existe hoje no cenário nacional um homem realmente comprometido com o crescimento do País, que possa ser um presidente, um governador ou ocupar outros cargos. Mais de dois milhões e meios de brasileiros assinaram o pedido para a criação das 10 medidas contra a corrupção, e o que acontece agora, tentam retirar à todo custo os poderes dos Ministérios Públicos Federal e Estadual, da Polícia Federal para investigar e levar aos tribunais os larápios que se diziam defensores do povo quando defende os seus bolsos. Há mais de 2.000 anos Pôncio Pilatos perguntou à multidão: “Qual destes dois quereis vós? E o povo respondeu Barrabás o ladrão” (Matheus 27,21). E depois de 2 milênios as coisas continuam da mesma forma, com rarissímas exceções. O País continua sendo sucateado e vendido, direitos trabalhistas e previdenciários retirados sumariamente, saúde um caos, educação nem é preciso comentar, investimentos não existem, e agora um pacote de maldades que irá parar a nação por 20 anos. Este é o Brasil que queremos?

Dr. Afrânio Garcez É Advogado militante em Vitória da Conquista.BA.