Artigo: O CALOTEIRO

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O CALOTEIRO

“Prezados Senhores,

Esta é a oitava carta de cobrança que recebo de Vossas Senhorias…

Sei que não estou em dia com meus pagamentos. Acontece que eu estou devendo também em outras lojas e todas esperam que eu lhes pague. Contudo, meus rendimentos mensais não permitem que eu pague mais de duas prestações no fim de cada mês. As outras, ficam para o mês seguinte. Estou ciente de que não sou injusto, daquele tipo que prefere pagar esta ou aquela empresa em detrimento das demais.

Ocorre o seguinte… todo mês, quando recebo meu salário, escrevo o nome dos meus credores em pequenos pedaços de papel, que enrolo e coloco dentro de uma caixinha. Depois, olhando para o outro lado, retiro dois papeis, que são os dois “sortudos” que irão receber o meu rico dinheirinho. Os outros, paciência. Ficam para o mês seguinte… Afirmo aos senhores, com toda certeza, que sua empresa vem constando todos os meses na minha caixinha. Se não os paguei ainda, é porque os senhores estão com pouca sorte.

Finalmente faço-lhes uma advertência:

Se os senhores continuarem com essa mania de me enviar cartas de cobrança ameaçadoras e insolentes, como a última que recebi, serei obrigado a excluir o nome de Vossa Senhoria dos meus sorteios mensais.

Sem mais,

Obrigado ”

Essa carta é verídica e foi divulgada pela própria vítima e posteriormente pelo Clube de Dirigentes Lojistas.

Acredito que se trata de uma gozação do escritor, entretanto, tudo pode acontecer nesse mundo desvirtuado.

No tempo do fio do bigode, ser chamado de caloteiro já foi uma grande ofensa. Caloteiro é aquele que fala que vai pagar e não paga, aproveitando-se do crédito que lhe foi concedido, por confiança, e põe uma pedra em cima da dívida, a memória sofre um apagão voluntário de esquecimento.

Não pagam o que devem por pura irresponsabilidade. Parece até uma doença como a dos cleptomaníacos. É um verdadeiro absurdo comprar e não pagar, principalmente quando se sabe que o devedor tem ganho suficiente para honrar os seus compromissos.

Ao gangolino falta respeito pela confiança que lhe foi depositada, e alguns ainda se sentem ofendidos quando, apesar do calote, o credor busca seus direitos pelas vias legais.

As conseqüências do calote são também para o caloteiro: estão sujeitos a penalidades, pois, quem não gosta de pagar termina por ficar com o nome mais sujo que “pau de galinheiro”, caindo no descrédito dos credores e vai continuar tendo restrições creditícias com o nome no SERASA e no SPC.

Quem não paga seu débito, por hábito de assim agir, são os indivíduos ditos espertos, que procuram sempre levar vantagens sobre os outros, que terminam por lesar os comerciantes e gerar um ônus para os que são honestos, pois acabam pagando pelos desonestos.

Abaixo parte do texto de Sebastião Antonio Baracho sobre o Mau Pagador.

“O Mau Pagador é pior do que os ratos e ratazanas, pois, esses atacam na calada da noite e, ainda tem que se esquivarem da ratoeira e venenos, enquanto Ele [o mau-pagador], o faz (quando ainda tem crédito) durante as horas de labor (do vendedor) e, no meio dos amigos, dos conhecidos ou, estranhos, sem nenhuma armadilha ou veneno que possa alcançar!

É muito difícil se esquivar do Mau Pagador, em razão da sua astúcia no drible para, aos poucos, ganhar a confiança do seu fiador quando, então ao ter as suas despesas aumentadas em valores gastos, dalí desaparecer sem a remuneração equivalente!”

Tem pessoas que se aproveitam das determinações legais e, quando cobrados, além de não pagarem as obrigações contraídas, ainda querem tirar vantagem das circunstâncias de irritabilidade do credor.

ANIVERSÁRIO BRUMADO E ALAB 153[1]Antonio Novais Torres

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Brumado em 4/8/2010.