Artigo: “O Deus da moda”

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De tempos em tempos o deus da religião evangélica muda, o que agora sobe na passarela e determina as novas tendências no mundo gospel é o deus da prosperidade. O Deus da simplicidade foi desprezado.

Porque o Deus da simplicidade foi desprezado? Porque nossa geração consumista não se curva diante da verdade de que aqueles que querem obter riquezas caem em muitos desejos descontrolados e nocivos. I Timóteo 6.9,10

Porque o Deus da simplicidade conhece o caráter maligno da riqueza e alerta sobre os problemas a ele relacionados. Em Mateus 13.22 Jesus adverte sobre o “engano das riquezas” Ele sabia o quão fácil é para o homem confiar nelas e pensar que tais riquezas representam as bênçãos de Deus.

O Deus da Prosperidade diz: Acumulem tesouros na terra! O Deus da simplicidade diz: “Não acumulem para vocês tesouros na terra”(Mateus 6.19). Nossa existência deve concentrar-se em acumular tesouros no céu (verso 20). Tudo o que estabelecemos como nosso tesouro termina por dominar toda a nossa vida: “Onde estiver o teu tesouro, aí estará a teu coração”. Todo o nosso pensamento estará voltado para o nosso tesouro e se este é de ordem material, então nosso coração não estará inclinado as coisas espirituais.

O Deus da Prosperidade diz: Assegure o seu futuro. O Deus da simplicidade sabe que não podemos assegurar nada, o futuro é instável e incerto. Não há garantias de que hoje ou amanhã estaremos vivos. Aqueles que vivem a teologia da simplicidade sabem que as aves dos céus e os lírios do campo são testemunhas de uma disposição no Reino de assegurar provisão adequada a tudo e a todos. E Jesus deixa claro que valemos mais que as aves e lírios campestres. Entao porque esta busca frenética por bens materiais?

O Deus da simplicidade adverte num tom grave: “Os que querem ficar ricos caem em tentação em armadilhas e em muitos desejos descontrolados e nocivos que levam os homens a mergulharem na ruína e na destruição”(I Timóteo 6.9). Tiago então é muito mais ameaçador ao se dirigir aqueles que possuem riquezas: “Ouçam agora vocês ricos! Chorem e lamentem-se, tendo em vista a desgraça que lhes sobrevirá. A riqueza de vocês apodrecerão e as traças corroerão as suas roupas. O ouro e a prata de vocês enferrujarão, e a ferrugem deles testemunhará contra vocês, como fogo lhes devorará a carne”. (Tiago 5.1-3)

Os novos pastores e apóstolos do deus da prosperidade não gostam da recomendação de Paulo quando afirma que o bispo não seja apegado ao dinheiro. (I Timóteo 3.3) O autor da carta aos Hebreus aconselha: Conservem-se livres do amor ao dinheiro e contentem-se com o que vocês tem, porque Deus mesmo disse: “Nunca o deixarei, nunca o abandonarei” (Hebreus 13.5). Os teólogos da prosperidade não confiam nesta promessa.

Os servos do Deus da simplicidade podiam afirmar sua fe nesta promessa de Hebreus. Hudson Taylor afirmou: Logo eu percebi que eu podia viver com muito menos do que eu pensava ser possível. Minha experiência era que quanto menos eu gastasse comigo e mais desse aos outros, mais plena de felicidade e bênção ficava a minha alma. David Livingston disse: Não dou valor a nada do que possuo, exceto em relação ao Reino de Deus.

Os adoradores do deus da Prosperidade não conseguem enxergar o paradoxo do Deus da simplicidade: A verdadeira auto-realização só e possível através da autonegação. A maneira mais garantida de deixar escapar a auto- realização e correr atrás dela: Quem acha a sua vida a perdera, e quem perde a vida por minha causa a ganhara. (Mateus 10.39)

O sábio Salomão resume bem em sua oração a teologia correta a respeito de Deus em relação aos bens deste mundo, quando pede a Deus que nem lhe de a pobreza nem a riqueza, ele esta pedindo simplicidade. Esse tipo de oração e respondida por Deus, ele despreza oraçoes feitas por coraçoes gananciosos.

“…não me dês nem a pobreza nem a riqueza; da-me o pão que me for necessário; para não suceder que estando eu farto, te negue e diga: Quem e o Senhor? Ou que empobrecido, venha a furtar e profane o nome de Deus” (Provérbios 30.8b,9).

Tanto a riqueza quanto a pobreza tem as suas tentações, mas dois dois estágios, a tentacao das riquezas são mais cruéis e enganosas. É coisa rara ver homens que tem maiores vantagens visíveis serem muito zelosos por Deus.

A nova religião evangélica gerou a teologia da prosperidade e por isso a filha esta devorando a espiritualidade da mãe e há de carcomer, sob a forca da insaciabilidade que o amor ao dinheiro desperta, a restia de vida que ainda lhe corre nas veias. A alma é algo espiritual, as riquezas são de um extrato terreno, a busca pelo terreal há de devorar aquilo que é espiritual.

O Deus da simplicidade nos ensina que devemos por os bens em perspectiva. O espiritual e eterno são mais dignos do nosso tempo e atenção que o físico e temporal, elas parecerão poeiras se forem por nos consideradas num segundo plano. A teologia da prosperidade inverte esta ordem colocando as coisas que deveriam ser acrescentadas por Deus em primeiro plano, levando os adoradores de Mamom a cobiçarem estas coisas. E o que é pior, acreditam estar colocando assim Deus em primeirio lugar, ledo engano.

“Buscai pois em primeiro lugar o seu Reino e a sua justiça e as demais coisas vos serão acrescentadas”

Porque os evangélicos aplaudem o deus da prosperidade na passarela da pos-modernidade? Porque a igreja se tornou como o mundo consumista. Mark Twain usou palavras para descrever a civilização consumista de seus dias, estas mesmas palavras podem ser aplicadas hoje a igreja neo-evangélica: Civilização e a multiplicação sem fim de necessidades desnecessárias.

Pense nisso!

Pr. Stenio Verde

www.stenioverde.com