Artigo: O TEMPO E O LIVRE ARBÍTRIO, FRENTE A CERTEZA E A INCERTEZA

DA SÉRIE: ENSAIOS QUE NOS LEVAM A PENSAR

Subsérie: Analisando sob a ótica da física e da

filosofia algumas abstrações existenciais humanas.

 

 

 

Elucidando assuntos comportamentais complexos.

 

Tese:

Dentro do tempo não existem diferenças entre as certezas nem entre as incertezas. Uma certeza sempre será uma certeza, assim como, uma incerteza sempre será uma incerteza. Não existindo portanto, uma certeza incerta, nem uma incerteza certa. Deste postulado deduz-se que, uma certeza só pode ser limitada por seu oposto, que é a incerteza, nunca por outra certeza, se o limite de uma certeza fosse outra certeza, esta certeza seria contígua à esta certeza, e faria parte da mesma certeza. Como não há diferenças entre as certezas, nem entre as incertezas. O que é válido para as certezas, também o será para as incertezas.

 

Antítese:

Se o universo fosse formado somente por certezas ou somente por incertezas, ele não existiria. Se a incerteza de Heisenberg atingisse as partículas que regem a força forte ou a mediação dos glúons, e a força fraca ou mediação dos bósons W e Z, os átomos não existiriam e nem tão pouco o universo. Se a certeza cobrisse todo o mundo das partículas e das subpartículas eliminando a incerteza de Heisenberg, os fótons não existiriam nos padrões em que eles existem e se comportam, num momento como partículas, noutro como ondas. Eliminando assim, até mesmo no interior dos fótons, no espaço ou escala de Calabi-Yau, de 10-33cm, as esferas de sete dimensões, o que equivaleria a eliminar o tecido do universo e assim, o próprio universo. E mesmo numa escala superior, sendo eliminados os fótons, que são partículas resultantes da força eletromagnética, a luz seria eliminada! Se for eliminada a incerteza existente dentro dos orbitais atômicos, os elétrons desapareceriam e com eles toda a vida existente no planeta, pois, todos os seres vivos dependem da eletricidade para estarem vivos, inclusive todas as células. Não há exceções, até os grávitons e os neutrinos, embora o primeiro seja potencialmente atuante com relação à matéria, e o segundo seja completamente indiferente a ela. No entanto, estas partículas terão que ser conservadas, mesmo pertencendo a campos díspares da física do universo. Se estas partículas, (grávitons e neutrinos), fossem eliminadas o universo também o seria! E se a terceira força fundamental ou eletromagnetismo, existisse sem os fótons e suas consequências e incertezas quânticas, o universo não existiria como nós o conhecemos, no mínimo seria um universo de completa e absoluta escuridão! Ora! Sem a Luz! Consequentemente, não haveria testemunhas vivas e pensantes para analisar e testemunhar a existência deste universo completamente escuro, muito menos para escrever um ensaio sobre estas abstrações existenciais. Disso podemos deduzir que:

 

Síntese:

Obedecendo o que nos propôs Descartes, deduz-se com base no raciocínio elaborado na tese, que por sua vez gerou a antítese, o seguinte: Uma certeza que circundasse outra certeza, no tempo, esta circunscrição seria integral e, com limite indiviso à estas mesmas certezas, este raciocínio nos diz que toda certeza será sempre contígua e cercada eternamente por uma incerteza, obviamente “divisante”! E toda incerteza também será sempre contígua e cercada eternamente por uma certeza também “divisante”. O maravilhoso destes raciocínios é que eles nos dizem taxativamente, que no mundo das “análises” dos comportamentos humanos, e por analogia estes comportamentos serão sempre compostos probabilisticamente e equitativamente de certezas e de incertezas, contíguas, mas, não interferentes. Portanto o nosso mundo é feito de cinquenta por cento de certezas e de cinquenta por cento de incertezas. O coroamento disso tudo é que estes raciocínios nos dizem categoricamente que nosso mundo existencial é simétrico. Já o mundo físico, devido à quebra de simetria, permitindo a existência de mais partículas de matéria que partículas de antimatéria, torna-se assim, assimétrico. Nosso mundo existencial, portanto, é que é simétrico! Sendo feito de metade perfeição, e metade imperfeição. Metade som, metade silêncio, metade pureza, metade impureza, metade compreensível, metade incompreensível, metade bem, metade mal.  Assim deduzimos que todas as entidades do universo, físicas e não físicas com relação ao mundo existencial, possuem duas faces. Tendo que se observar que a textura cognoscível que o universo físico, visível, nos oferece é composta por setenta e três por cento de energia escura, vinte e três por cento de matéria escura, invisível e desconhecida em sua intimidade física, e os restantes quatro por cento são representados pelas partículas bariônicas, ou matéria normal, sensível e visível, de que se compõem o nosso planeta, o nosso sistema solar, nossa galáxia, finalmente, todas as galáxias, poeira estelar, protogaláxias, quasares, nebulosas existentes no universo, e etc. Aqui no nosso mundo material acontecem as coisas mais estranhas e sem nenhuma explicação plausível! Tudo devido as certezas e as incertezas. O teu amigo mais sincero te trai. O teu inimigo mais rancoroso te livra do afogamento. O que mais te ajudou te joga no abismo. O que sempre te deu prejuízos te salva da quebradeira. Assim! Lembra-te sempre que: Assim como tu, os teus semelhantes possuem também duas faces. Estas faces são contíguas, mas, excludentes, uma nunca fará simultaneamente parte da outra. E assim, estarás num momento de frente com a certeza num outro momento estarás de frente com a incerteza do existir. Num momento dado, o calculista deixará o ferro trabalhando no limite de escoamento, depois se faz a inocente pergunta, como aquela ponte caiu? Como aquele prédio ruiu? Num momento dado, o médico prescreve um medicamento errado ao paciente, o que causará a morte deste e, depois os familiares dizem, foi o destino. Num momento dado, um piloto com quatorze mil horas de voo empurra as manetes para frente, ao invés de puxá-las para trás, o os parentes chorarão para sempre os seus mortos. Num momento dado, o pai mata o filho ou o filho mata o pai, e ninguém encontra a razão para este horror. Aí o passageiro sobrevivente, que estava sentado logo atrás do motorista, passa o resto de sua vida perguntando, o porquê do motorista do ônibus “num momento dado”, ter entrado naquela contramão sabendo que poderia morrer? Tudo isso é porque o mundo é feito de certezas e de incertezas em números equivalentes, mas, sendo excludentes nunca estarão juntas, face a face! Tudo depende do momento, se o momento certo ou se o momento incerto. As decisões humanas, por mais que se pense e repense! Para poder tirar melhor proveito delas, nunca poderão ser encontradas dentro de um tempo determinado e propício! Elas serão sempre tomadas em frações de bilionésimos de segundo. Daí advém a importância do “momento” temporal em nossas vidas. O pior é que nunca conheceremos ou saberemos qual é o momento certo nem o incerto. Este desconhecimento confundiu o grande pensador Arthur Schopenhauer na sua análise do (Livre Arbítrio), ele não aceitava o “quidquid fit, necessario fit” como eu nunca aceitei, mas não encontrava suporte para contradizê-lo, segundo Schopenhauer tudo o que acontece, tanto as coisas mínimas como as maiores, deve suceder, (acontecer), necessariamente, nunca abrangendo todo o espectro da vontade. Isto confirmaria de vez o livre arbítrio. A existência das certezas e das incertezas com potenciais equivalentes, elimina matematicamente a proposição do “quidquid fit, necessario fit”, no nosso mundo existencial. Eliminando destarte o livre arbítrio. Coisa que o meu ensaio não o faz. Agora retira-se o véu! Este ensaio propõe eliminar sim, a doutrina da predestinação cristã, coisa inventada pela igreja de Roma para justificar o sofrimento, a miséria e a pobreza impostas aos fiéis. Ninguém teve coragem, no devido tempo, para ir de encontro aos poderosos! E hoje temos um mundo assustadoramente miserável, que assusta e mete medo até, ou principalmente aos poderosos. Quanto ao “Livre Arbítrio” do grande pensador alemão, Arthur Schopenhauer, futuramente vos apresentarei um pequeno ensaio sobre o mesmo. A interação existente entre os dois mundos, o existencial e o físico! É facílima de ser percebida, ela está na verdade axiomática de que: O homem é o universo tomando conhecimento de si próprio, estando como objeto físico ou “ser material”, sujeito e estas mesmas leis físicas. Daí, advém esta fortíssima interação, entre estes dois mundos. Todas as abstrações existenciais, ad hoc, dependem do tempo.

 

Caro leitor! Não tome este singelo ensaio como uma verdade axiomática, como um postulado ou um princípio filosófico, sendo ele simplesmente, um pequeno e despretensioso estudo da interação existente entre os dois universos. O universo existencial e o universo físico. Mas, no entanto, deves considerar e admitir que o tempo presente é e está, e o tempo futuro será e estará, permanentemente cercado pelas incertezas! Incertezas estas, que a cada dia que passa aumentam, o que torna mais distante um mundo de certezas. Portanto, a seta do tempo que aponta para o futuro, inescapavelmente, aponta para o CAOS.

 

Vitória da Conquista, 09 de junho de 2010

Edimilson Santos Silva Movér

Atualizado em. 31/03/2018