artigo: ROMÃOZINHO II

ROMÃOZINHO II

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O romãozinho era, segundo o folclore, um menino filho de lavrador que já nasceu vadio e malcriado. Adorava maltratar os animais e destruir plantas. Sua maldade já era aparente.

Conta a história que um dia sua mãe mandou-o levar o almoço do pai que estava num roçado trabalhando. Ele foi de má vontade. No meio do caminho, comeu toda a galinha enviada pela mãe, juntou os ossos e levou para o pai.

Quando o velho viu o monte de ossos, perguntou-lhe que brincadeira sem graça era aquela. Romãozinho, ruim como era, para condenar a mãe, que ficara lavando roupa, disse: – Foi isso que me deram… Acho que minha mãe comeu a galinha com um homem que vai a casa quando o senhor não está lá.

Louco de raiva, acreditando no menino, largou a enxada e o serviço, voltou para casa, puxou a peixeira e matou a mulher.

Morrendo, a velha amaldiçoou o filho que estava rindo: – Não morrerás nunca. Não conhecerás céu ou inferno nem descansarás, enquanto existir um único ser vivo na face da terra.

O marido morreu de arrependimento. Romãozinho sumiu, rindo. Desde então o moleque que nunca cresce, anda pelas estradas, fazendo o que não presta; quebra telhas a pedradas, derruba utensílios domésticos, assombra gente, etc. É um traste ruim. Por conseguinte não morrerá nunca enquanto existir um humano na terra e como levantou falso testemunho contra a própria mãe, nem no inferno poderá entrar.

A lenda é bastante conhecida na Bahia e em outros Estados com versões diferentes, mas com o mesmo conteúdo. Alguns estudiosos dizem que o mito do Saci-pererê deu origem a essa lenda.

Diante dessa lenda lembro-me que Benedita Reis, uma senhora de idade já avançada, morava sozinha em uma casa pequena, modesta, com poucos móveis, apenas o necessário para a sua acomodação. Vivia na vila de João Amaro, pertencente ao município de Iaçu/BA, barrancas do Rio Paraguaçu, na Chapada Diamantina.

De repente começou a cair pedras no telhado de sua casa. O fogão era à lenha com chapa de ferro fundido onde eram colocadas as panelas que coziam os alimentos que começaram a se encher de estrumo de animais e eram jogadas no chão.  A velha, amedrontada, gritava por socorro.

Foi uma situação muito constrangedora para os que presenciaram o episódio. A cada dia juntava mais pessoas para assistirem à ocorrência dos fatos, que, geralmente, se iniciava ao entardecer e se prolongava por várias horas. Uma coisa incrível, sem explicações, que os presentes constataram e viram acontecer.

Perante tanta confusão, protestantes e católicos suplicaram com suas orações com o intuito de exorcizar o inimigo tido por todos como arte do demônio encarnado na figura do romãozinho. Quanto mais se rezava, mais aumentava as diabruras do tinhoso.

Um indivíduo da comunidade acusara um dos filhos de uma senhora como o protagonista de tais vexames, por entender ser o menino capaz de praticar essa indisciplina.

A mãe do jovem, indignada com a acusação, partiu em defesa do filho alegando o bom ensinamento familiar e que os filhos eram comportados e por ela bem educados. Alegava que os mesmos sempre estiveram sob o domínio materno, que era ao mesmo tempo mãe e pai deles, e os tinha sob seu controle, portanto, refutava acusação infundada e despropositada contra as suas crianças, incapazes de praticar tamanha ignomínia.

Irritada com essa polêmica, mudou-se para outra cidade em que possuía morada.  O tempo que é o senhor da razão, provou que não fora o menino o autor da denúncia perpetrada pelo indigitado, pois os acontecimentos continuaram a se repetir.

Fui testemunha ocular dos fatos. Episódio dessa natureza só vi acontecer, além de João Amaro, na cidade de Vit. da Conquista em residência de uma autoridade do Direito; em que a mesa era empurrada e quadros caiam das paredes, sem que ninguém os tocasse e o povo atribuía à alma de alguém que fora condenado, injustamente, pelo magistrado; tendo o mesmo se mudado por medo dos acontecimentos. Nunca mais ouvi falar nem presenciei fatos semelhantes.

ADENDO EM 9/9/2010.

Está ocorrendo em Brumado na Rua Lourenço de Carvalho no bairro da Malhada Branca, apedrejamento de casas. As pedras quebram as telhas e caem dentro das casas; as antenas parabólicas são danificadas. O episódio ocorre já há três meses, geralmente, após a maia-noite. A polícia já foi chamada, por mais de uma vez, mas não conseguiu prender ninguém, por não ter conhecimento do autor das acusações perpetradas, em consequência não mais providenciou a averiguação do fato.  Achando tratar-se de um caso sobrenatural conclamou os acusadores fazerem campana para flagrar o delituoso, e cientificar a polícia para aplicação da lei.

Segundo o radialista Kaká que deu as informações em (9/9) no seu programa, em entrevista com os moradores atingidos, pelo menos 5 casas estão sendo alvo dos ataques e não se sabe se é obra de malandros ou caso sobrenatural.

Antonio Novais Torres

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Brumado em 9/9/2010.