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Ministra Cármen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal
A ministra Cármen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal, disse que ‘as ruas não pesam’. “A cidadania não pesa nunca, ela ajuda, ela se manifesta, é uma grande manifestação de mudança positiva do Brasil que as pessoas possam falar”, declarou Cármen na estreia do programa ‘Conversa com Roseann Kennedy, da TV Brasil, disponível no canal do STF no Youtube. Cármen falou durante cerca de meia hora à Roseann. Quando indagada sobre o peso das ruas, a ministra disse. “Eu sou de uma geração que foi amordaçada durante muito tempo, o que não é bom. É uma experiência traumática, ruim, a não democracia, o autoritarismo, é sempre ruim. Então, as ruas não pesam.” Cármen disse. “O que pode ocorrer, de uma forma ou de outra, é que a manifestação seja emocional e o direito é racional, o direito é uma barreira que o ser humano criou para que, diante de um caso concreto, decida-se segundo a razão e não segundo a emoção de momento.” A ministra pondera que ’emoções são passageiras e nos levam a tomar decisões que são muitas vezes equivocadas’. “Ao aplicar o direito não lidamos com emoção, lidamos com direito que é razão.” Na entrevista, ela relatou sua experiência de onze anos na Corte máxima, o papel do Judiciário e se há excesso de judicialização no País, também falou sobre a desigualdade entre os homens e as mulheres. Ao falar da importância do trabalho de um juiz, Cármen assinalou. “Juiz tem que ver com compaixão, porém com racionalidade. A paixão cega impede a racionalidade. Com raiva não se julga. Com paixão, positiva ou negativa, ódio ou amor, não se julga. Ou se combate ou se acalenta, não, o direito resolve as coisas segundo a lei que foi previamente estabelecida.” Ela defendeu a conciliação como uma saída para a grande procura por Justiça no País. “Não sei se há um excesso de judicialização. Talvez seja normal. E a gente está vivendo a experiência do momento em que isso acontece e tende a dizer que há um excesso. As pessoas querem solução para os seus problemas. Não querem que uma briga no condomínio acabe em morte por causa de uma vaga na garagem. Então, procuram o Estado-juiz”.
Estadão
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