Da Redação e Agências
A Bahia é o Estado brasileiro com a maior concentração de pessoas em situação de extrema pobreza (2,4 milhões), de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Na terça-feira, 3, a ministra Tereza Campello informou que o Brasil tem 16,27 milhões de pessoas nessa condição.
A linha de pobreza extrema adotada pelo governo será de R$ 70 por pessoa/mês. O número de pessoas nesta faixa de renda representa 8,5% da população do País e foi calculado com base em dados no Censo de 2010 do IBGE.
Esse será o público-alvo do “Plano Brasil sem Miséria”, novo programa a ser anunciado, nos moldes do Bolsa Família. De acordo com os dados do IBGE, a maioria dos brasileiros que vivem em situação de extrema pobreza é negra ou parda, jovem e vive na região Nordeste.
Desse total, 70,8% são pardos ou pretos e 50,9% têm, no máximo, 19 anos de idade. O mapa revela que na região Nordeste estão quase 60% dos extremamente pobres (9,61 milhões de pessoas).
Herança histórica – A Bahia aparecer como o estado brasileiro com a maior concentração de pessoas em situação de extrema pobreza não é surpresa para o economista Elias Sampaio.
Professor do mestrado de Políticas Públicas da Universidade do Estado da Bahia, Sampaio destaca que a concentração de renda é um problema histórico em território baiano. “Há três séculos que é assim: poucos têm muito e muitos têm muito pouco”.
“Se forem mantidas as políticas atuais de reparação, sem haver interrupção, ainda levarão 30 anos para que negros e brancos alcancem a igualdade”, alertou Sílvio Humberto Cunha, diretor do Instituto Cultural Steve Biko – que desenvolve projetos ligados à consciência negra.
Distorções – Sampaio avaliou que um dos aspectos econômicos levantados pelo estudo da Fundação Getúlio Vargas (que aponta 43% de crescimento na renda da população negra, contra 21 % dos brancos, entre 2000 e 2009, pode refletir uma visão equivocada. “As pessoas precisam observar essa mobilidade de renda. O aumento de 43% pode significar a passagem de pessoas do nível de miséria para o de pobreza. É preciso conhecer os valores de renda em questão”.
O economista salientou que a maior estabilidade na economia brasileira, vivida nos últimos 16 anos, ainda não é o bastante para sanar problemas decorrentes de três séculos de regime de escravidão.
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