Em um movimento súbito, após o presidente Jair Bolsonaro afirmar, em nota, que jamais teve “intenção de agredir quaisquer Poderes”, os ativos domésticos passaram a registrar forte valorização, em um pregão que até então era desfavorável para o mercado acionário. Em resposta, nesta quinta-feira, 9, a Bolsa brasileira (B3) fechou com forte alta de 1,72%, aos 115.360,86 pontos, enquanto no câmbio, o dólar caiu 1,86%, a R$ 5,2273.
Em comunicado após as manifestações antidemocráticas do 7 de Setembro, Bolsonaro disse ainda que a “harmonia é determinação constitucional, que todos, sem exceção, devem respeitar”. O presidente fez ainda aceno a Alexandre de Moraes, a quem chamou de “canalha” durante os comícios de terça-feira, ao citar “naturais divergências” com algumas decisões do ministro. A nota foi redigida pelo ex-presidente Michel Temer.
Logo após a divulgação da nota, o dólar, que vinha na casa dos R$ 5,27, em queda de pouco mais de 1%, passou a cair 2,47%, cotado a R$ 5,1943. O Ibovespa, que vinha em queda de 0,6%, após tentar se firmar no positivo durante boa parte do pregão, virou rapidamente para alta de 1,75%, aos 115.400,87 pontos.
Até então, o cenário era negativo para o mercado brasileiro. O IPCA de agosto, de 0,87%, acima das piores estimativas do mercado financeiro, mudou o quadro de apostas para a Selic, a taxa básica de juros, no Copom. O mercado passou a considerar a possibilidade de o Banco Central elevar o ritmo de alta do juro básico, que poderia terminar o ano em 9%, em meio à repercussão do indicador, puxado pelos combustíveis.
O impacto do novo valor da bandeira tarifária também já entra na conta dos analistas, na previsão para o dado de setembro, com o IPCA podendo superar 10% no acumulado em 12 meses.
Nesse cenário, a Quantitas Asset projeta oficialmente que a taxa Selic deve voltar a dois dígitos, com uma taxa de 10% no fim do ciclo de aperto monetário, em março de 2022, contra 8,0% anteriormente no final de 2021. Agora, a casa espera que o juro básico termine este ano em 8,75%.
No cenário político, o Ministério da Infraestrutura informou que houve uma redução de cerca de 35% nas tentativas de bloqueio em rodovias federais no início da tarde desta quinta-feira, 9. Com base em informações da Polícia Rodoviária Federal (PRF), a pasta afirmou que, às 14h30, ainda eram registrados pontos de concentração em rodovias federais de 13 Estados, no entanto, sem mais registros de interdições na malha.
Desde ontem, caminhoneiros pró-Bolsonaro bloqueiam trechos de rodovias, em um desdobramento das manifestações do dia 7 de Setembro. A baixa adesão ao movimento, no entanto, não causa grande preocupação entre investidores.
O clima negativo do exterior, com os índices de Nova York em queda, também afetava os negócios por aqui, antes da publicação da nota de Bolsonaro. Hoje, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq fecharam com quedas de 0,43%, 0,46% e 0,25%.
Estadão Conteúdo Fonte Politica Livre
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