Não há diretrizes específicas para a Bahia nos programas registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pelos três candidatos que lideram, conforme as últimas pesquisas, a disputa pela Presidência da República, Dilma Rousseff do PT, José Serra do PSDB e Marina Silva, do PV. Eles tratam de suas propostas no atacado, expondo as principais linhas dos programas sem particularizar o varejo dos estados e dos municípios. A estratégia dos três é bem clara: tratar os temas regionais apenas nas visitas que realizam nos estados.
Alguns sofreram na pele problemas enfrentados na Bahia como foi o caso do tucano Serra. O jatinho que o transportava de Pernambuco para o sul do Estado não pôde pousar no Aeroporto de Ilhéus numa noite chuvosa por falta de equipamentos adequados no terminal. O avião precisou recorrer à pista privada do Aeroporto da Ilha de Comandatuba, a 74 quilômetros da terra de Gabriela. O tucano reclamou das péssimas condições do aeroporto e deu a entender que se eleito vai resolver a situação do tráfego aéreo na região, importante para o turismo e os negócios.
Violência – Serra gosta de tratar muito do tema da violência quando passa na Bahia, pois sabe que esse é um dos principais problemas do Estado. No seu programa encaminhado ao TSE – na verdade os dois discursos pronunciados quando anunciou a candidatura em São Paulo e quando ela foi confirmada na convenção realizada em Salvador – tem batido na tecla de que, como presidente, pretende criar o Ministério da Segurança Pública para ajudar os estados a combater a violência.
Dilma também não cita a Bahia diretamente na última versão do programa encaminhada ao TSE pelo PT. Contudo, estabelece diretrizes que afetam o Estado como a “intensificação dos assentamentos e apoio técnico aos assentados”, o aprimoramento da reforma agrária e fortalecimento da agricultura familiar e da agroindústria familiar”.
A Bahia é o estado que tem o maior número de agricultores familiares, 165 mil (87% dos estabelecimentos rurais no Estado são familiares), conforme indicou o ministro Guilherme Cassel, do Desenvolvimento Agrário que acompanhou o presidente Lula na recente visita a Feira de Santana. Qualquer melhoria federal nesses programas significaria reflexos positivos na Bahia.
Nos discursos e entrevista em solo baiano, Dilma enfatiza o que pretende fazer aqui: a ampliação dos programas sociais, os projetos de irrigação e a conclusão das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em especial a Ferrovia Oeste-Leste, e o Porto Sul, itens importantes para a economia da Bahia.
Verdes – A candidata verde, Marina Silva segue a mesma linha. Registrou um programa de governo genérico, com as principais diretrizes e a filosofia da implantação do chamado “desenvolvimento sustentável” que prevê a exploração das riquezas naturais sem que isso implique em devastação do meio ambiente. De concreto se pode saber que Marina eleita presidente a possibilidade de instalar uma usina nuclear na Bahia, como o governo estadual vem negociando, está completamente afastada. Ela fez questão de deixar bem claro isso nas entrevistas que deu na Bahia.
Um item que consta no programa e que afeta diretamente a Bahia é o tratamento diferenciado que Marina pretende dar à questão indígena. O PV garante resolver os processos de demarcação e homologação das terras indígenas “e as possibilidades de desenvolvimento com autonomia dos povos indígenas”.
Se levado ao pé da letra, essa diretriz poderia resolver as inúmeras questões fundiárias existentes principalmente no sul do Estado onde grupos de pataxós hã-hã-hãe lutam há décadas para retomar terras ocupadas por fazendeiros. Dizem que as terras pertencem a eles.
São Paulo e Amazônia – Se não toca diretamente na Bahia, em vários momentos dos seus dois discursos usados como programas no TSE, Serra se refere a São Paulo. O faz para mostrar o que realizou como governador, com a mensagem de que repetirá a dose das boas iniciativas no País se chegar no Palácio do Planalto. É o caso do programa dos dois professores por turmas, um deles para dar reforço escolar aos alunos. Na área da saúde se refere ao AMEs – Ambulatórios Médicos de Especialidades, prometendo implantar 150 em todos os estados.
A candidata Marina Silva, no item “Infraestrutura para a economia sustentável” do seu programa, refere-se às grandes hidrelétricas da Bacia Amazônica, que abrange vários estados da região Norte. Cita também a Amazônia quando fala do agronegócio sustentável. O programa de Dilma Rousseff, registrado no Tribunal Superior Eleitoral e encaminhado pelo Partido dos Trabalhadores, não particulariza a Bahia e nenhum outro Estado.
Biaggio Talento l Agência A TARDE
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