Caso de médico Conquistense acusado de assédio, ainda repercute na Cidade

“Se ele for inocente, quem vai devolver a vida dele?”, pergunta advogado de médico acusado de assédio

Segundo Paulo de Tarso Magalhães David, seu cliente nega veementemente as acusações e teve a vida destruída por causa das redes sociais. “Ele já foi condenado”.


 

 


 

Em entrevista concedida a radialista Mônica Cajaíba, do programa Sudoeste Agora, da Clube FM, o advogado Paulo de Tarso Magalhães David, constituído pelo médico Orcione Ferreira Guimaraes Junior, de 40 anos, disse que o dano causado ao seu cliente pela repercussão do caso nas redes sociais já não pode ser reparado. “Independente do que ocorrer na justiça ele já foi executado, ele já foi condenado”, lamentou Paulo de Tarso, acrescentando que qualquer que seja a pena, se a justiça decidir que o médico é culpado, será menor do que tudo o que ele já está passando. “As palestras que ele fazia já foram canceladas, a clínica está fechada, a família dele está arrasada”.

Paulo de Tarso comparou o caso do cliente dele a outros dois ocorridos no país. O primeiro caso mencionado foi o linchamento de Fabiane Maria de Jesus, que, aos 33 anos, foi morta, no dia 3 de maio de 2014, por moradores do bairro de Morrinhos, em Guarujá (SP). Um boato de que uma mulher estava sequestrando crianças para rituais de magia negra foi publicado em um perfil do Facebook e Fabiane foi confundida com a suspeita, apresentada e retrato falado. Depois, descobriu-se não apenas que a suspeita não era Fabiane como não existia nenhuma mulher cometendo o crime alegado pelos linchadores. Cinco homens que lideraram o linchamento foram condenados à pena máxima de 30 anos de prisão.

O outro caso usado pelo advogado para mostrar o quão nocivas podem ser as notícias falsas, as fake news, o que, segundo ele, é a mesma situação que ocorre com seu cliente, é o famoso caso da Escola Base, até hoje muito estudado em escolas de Jornalismo e de Direito. O caso da Escola Base ocorreu dez anos antes do linchamento de Guarujá. Em março de 1994, Icushiro Shimada, proprietário da escola, localizada no bairro da Aclimação, em São Paulo, a esposa dele, Maria Aparecida Shimada, e outras seis pessoas que trabalhavam na escola foram acusadas de abusar sexualmente de alunos no horário de aulas. A denúncia foi feita por duas mães.

A escola foi pichada, os donos e funcionários ameaçados de morte e todos tiveram a prisão determinada pelo delegado Edélcio Lemos, antes mesmo das investigações serem concluídas. Um mês depois das denúncias e das agressões aos proprietário da Escola base, a Secretaria de Segurança trocou o delegado e o inquérito foi arquivado por falta de provas. Icushiro e Maria Aparecida entraram com ações na justiça por perdas e danos, mas morreram (ele em 2014 e ela em 2007) sem receber as indenizações determinadas pela justiça.

O advogado do médico Orcione Júnior afirmou que todas as pessoas que repercutiram as acusações. “Nós vamos processar essas pessoas que andaram divulgando dessa forma nas redes sociais”. Paulo de Tarso conta que foram cometidos excessos que contribuíram para o que ele chama de linchamento do cliente. “Eu já vi mensagem no WhatsApp que publicaram foto dele com o filho, dizendo: ‘Como é que deixa um estuprador com uma criança?’. Quer dizer, transformou ele, num suposto processo de assédio, num estuprador, pedófilo, de criança. Isso é um absurdo”. Para ele, “as pessoas podem ser responsabilizadas por isso”.

Paulo de Tarso de Magalhães David fez todas as observações técnico-jurídicas demonstrando também uma preocupação humanista com  que aconteeu com o médico depois que ele virou alvo da acusação de assédio, feita por mais de 20 mulheres. Focou sua fala nos prejuízos à imagem do profissional que o contratou e no sofrimento pessoal do médico e da família. Em mais de um momento, o advogado, ciente da gravidade das denúncias, fala que a justiça pode considerar o seu cliente culpado ou inocente. Se inocente, já não haveria mais como reparar o arraso feito na vida do médico, assim como em caso de condenação uma pena, qualquer que seja, seria menor do que sofrimento pelo qual ele e família estão passando.

Do outro lado, as denunciantes, suas famílias, amigos e advogadas consideram que, também, nenhuma pena ou ressarcimento, na hipótese – existente – de o médico ser culpado, suprirá o que, segundo as supostas vítimas, elas passaram.

Os dois lados, agora, seguem com seus argumentos na justiça. O caso está sob investigação policial e, como disse o advogado, é indevido tomar antecipadamente as acusações como verdadeiras e o médico como criminoso.

Novo perfil no Instagram defende médico acusado de assédio sexual contra pacientes; Justiça manda retirar Instagram perfil que denuncia médico

.

Denunciado de assédio sexual por um grupo de mulheres que usaram um perfil no Instagram, o médico ginecologista Orcione Ferreira Guimarães Junior, 40 anos, também criou uma conta no aplicativo para se defender das acusações. O perfil @digasimaverdade (Diga sim, a verdade) foi criado ontem (quarta-feira, 15) e às 18h20 de hoje tinha 293 seguidores e 16 posts, onde pacientes comentam como foram tratados pelo médico e o defendem as acusações.

São capturas de tela (chamadas de prints) de depoimentos de mães feitos em contas de Instagram, dois vídeos com mulheres falando, uma delas acompanhada do marido e até um clipe da música Restitui, de Davi Sacer e Ton Carfi, que tem versos como este: “Os planos que foram embora, o sonho que se perdeu, o que era festa e agora é luto do que já morreu. Não podes pensar que este é teu fim, não é o que Deus planejou. Levante-se do chão erga um clamor”.

O perfil @digasimaverdade também traz as fotos de dois documentos emitidos pelo hospital Unimec, onde Orcione Júnior trabalha desde 2010, e pelo Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (CREMEB), órgão supervisor da ética profissional no estado. O primeiro é uma declaração de que não existe registro no hospital de nada que desabone a conduta do médico. O outro é uma certidão de antecedentes éticos, em que a entidade diz que nos seus arquivos também não consta o que conteste a conduta ético-profissional dele.

Nas postagens das declarações comentam 16 pessoas, sendo um homem. Juntas as duas receberam 260 curtidas. No total, o perfil teve 275 curtidas. Em um dos vídeos, em que o médico aparece entre um casal, sem identificação, o marido diz que como pai de família “se sentiu no lugar dele, aí eu vim dar um apoio aqui”. A mulher afirma que recebeu um atendimento e que não tem nada de mal a dizer do médico. Em outro, a paciente diz que Orcione Júnior sempre a tratou com todo o respeito e com o profissionalismo que é digno de um médico”.

 

Novidades sobre o caso

O advogado Paulo de Tarso Magalhães David, que defende o médico ginecologista Orcione Ferreira Guimarães Junior, informou, agora há pouco, que a Vara do Juizado Especial de Vitória da Conquista deu liminar determinando que o Facebook/Instagram tirem do ar o perfil @diganaovca, que acusa o médico de assédio sexual a pacientes durante exames em seu consultório.

Paulo de Tarso dará uma entrevista coletiva à imprensa nesta sexta-feira, pela manhã, quando deve apresentar as medidas tomadas e a tomar em defesa de Orcione Júnior.

Ontem (quarta-feira, 15) um novo perfil entrou no ar no Instagram, em defesa do médico, com 324 seguidores.

Até o fechamento desta matéria o perfil que reúne denúncias e depoimentos contra o ginecologista ainda estava no ar, com 7.501 seguidores.

Fonte   Blog de Giorlando Lima