Caso Isabella – Mãe de Isabella diz que ‘a Justiça foi feita’


Ana Carolina Oliveira: aliviada após o julgamento (Foto: AE)ana-carolina-oliveira-entrevista-300

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Ana Carolina de Oliveira, mãe de Isabella, falou a jornalistas na tarde deste sábado sobre a condenação de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá pela morte da menina. Ela disse estar feliz com o resultado do julgamento, mas desabafou: “A Justiça está feita, mas minha filha não vai voltar”.

A mãe de Isabella lamentou o fato de não ter podido dar um abraço na filha ao acordar neste sábado. “O vazio ficou e a saudade ficará”, disse. Sobre a condenação do casal, ela foi enfática: “Era o que eu esperava. Era o que eu estava confiante. Sabia que tinha muita gente competente trabalhando todo esse tempo.”

Bastante cansada após os cinco dias de julgamento e pelo longo período que passou reclusa no Fórum de Santana, Ana Carolina disse que ainda não pensou no futuro, mas acredita que agora sua vida entrará numa nova fase. “A partir de segunda-feira, vou recomeçar minha vida”. Para ela, a comemoração do público do lado de fora do júri ao saber da condenação do casal Nardoni foi “uma maneira das pessoas expressarem toda a injustiça e maldade que acontece”.

De volta a prisão – O casal Nardoni já voltou aos presídios de Tremembé, a 140 quilômetros de São Paulo, onde ambos estavam presos antes do julgamento. Pelo homicídio triplamente qualificado da filha, Nardoni foi condenado a 31 anos, 1 mês e 10 dias de prisão, e Anna Jatobá, a 26 anos e 8 meses. O casal também foi condenado a mais 8 meses de prisão cada um, em regime semi-aberto, além de 24 dias-multa, por fraude processual. Eles estão no presídio desde as 3h deste sábado. Alexandre foi levado à Penitenciária Doutor José Augusto Salgado (Tremembé II). Já Anna Carolina cumprirá pena na Penitenciária Feminina Santa Maria Eufrásia Pelletier, que fica no centro de Tremembé.

Não houve qualquer incidente dentro ou fora das unidades prisionais com a chegada de Alexandre e Anna Carolina, que seguiram para suas respectivas celas, onde dividirão o espaço com os demais detentos. A penitenciária feminina onde está a madrasta de Isabella foi construída para abrigar 100 detentas, mas possui 181 atualmente. Já na Tremembé II, onde está Alexandre, 283 detentos ocupam um espaço feito para 239 pessoas.

Veredicto – A reação dos Nardoni instantes antes e depois da leitura da sentença de condenação, na madrugada deste sábado, foi contida – apática até. Antes da leitura, ele derramou apenas uma lágrima e mordeu o canto da boca. Ela não esboçou qualquer reação. Nenhum deles dirigiu olhares para a platéia ou para familiares – presentes no local.

Durante a leitura da sentença, os manifestantes que aguardavam o anúncio do veredicto começaram a comemorar a decisão tão logo o juiz Maurício Fossen pronunciou a palavra “culpados”. “As circunstâncias demonstram frieza emocional e insensibilidade dos réus”, disse o juiz, que decidiu também manter a prisão preventiva – ou seja, mesmo havendo recurso, o casal continuará preso.

Defesa – “O brilho da noite é do promotor Francisco Cembranelli”, disse o advogado de defesa Roberto Podval, logo após a leitura da sentença. Contrariando o comportamento dos dias anteriores, ele se recusou a conceder entrevista coletiva após o término do julgamento. Mas adiantou que já recorreu das sentenças. Ele chorou no momento da leitura da sentença.

Promotoria – Estrela da noite, o promotor Francisco Cembranelli saiu do Fórum de Santana para conceder uma entrevista coletiva e foi recebido aos gritos de “Justiça” e “Vitória” por dezenas de pessoas que aguardavam do lado de fora. “Nada me abalou, a certeza que eu tinha sempre foi total de que o resultado seria alcançado”, afirmou aos jornalistas pouco antes de fazer uma análise de todo o julgamento. Disse que a defesa cumpriu o papel dela, dando condinções para que o júri pudesse atuar com dignidade. “Por melhor trabalho que tenham feito, as provas incriminavam os acusados e não podiam ser desprezadas.”