Marcelo Nilo
LUÍS AUGUSTO GOMESNão deveria ser uma completa surpresa para o deputado Marcelo Nilo o tranco que tomou na definição do vice na chapa majoritária governista, e por um motivo só: o permanente choque surdo – às vezes, não tão surdo – que manteve com o PT nos últimos anos, para ter quatro mandatos de presidente da Assembleia Legislativa.
A primeira presidência, em 2007, foi consensual, decorrendo da firme aliança anticarlista que Nilo sustentou com o PT e pelo seu papel na campanha, na contramão de seu partido de então, o PSDB. Na segunda, já sofreu questionamento do deputado Arthur Maia, que queria o cargo, tendo para isso até ingressado no PMDB, que apoiava o governo.
É incontestável que Nilo soube trabalhar como presidente, angariando o apoio dos seus pares para quantas vezes desejasse o cargo. Daí, a ira que o PT também havia demonstrado na segundo eleição avolumou-se na terceira, gerando, por exemplo, uma discussão das mais duras com o líder do governo, Zé Neto (PT).
Pouco antes dessa eleição, em 13 de janeiro de 2011, a respeito de rumores no meio político, o governador Jaques Wagner confirmou a este blog que firmara com Nilo o compromisso de que ele não concorreria ao quarto mandato, a ser disputado dois anos depois.
O acordo não foi cumprido e Nilo não teve problemas, porque havia na base – e, claro, na oposição – forte rejeição a um nome petista.
Os fatos destes últimos dois anos falam por si, com a tentativa da bancada do PT, mais uma vez, de mudar a Constituição para proibir a reeleição do presidente, sob a firme e inarredável resistência do próprio Nilo. Agora, com a sucessão estadual, chegaram as condições favoráveis para Wagner e o PT, enfim, darem o troco.
Partido está na fase de subjugar aliados – Na curta história de 34 anos do PT, três fases muito bem distintas podem ser identificadas quanto à estratégia para a disputa pelo voto, sendo a primeira aquela em que o partido se considerava depositário exclusivo dos ideais da população, e assim não se misturava com ninguém.
Foi um marketing que propiciou uma boa imagem e permitiu que os petistas se consolidassem como representantes de uma parte expressiva da sociedade, porém insuficiente para alcançar, sozinhos, o poder.
Veio então a convicção de que as alianças eram necessárias como etapa indispensável. A marca principal dessa época foi a chapa de Lula com José Alencar, um empresário, filiado ao PL, partido que viria, com seus próprios mensaleiros, fundir-se ao Prona para criar o PR que está aí hoje.
Uma vez encastelado no governo federal, em vários governos estaduais e incontáveis prefeituras, o PT passou à fase atual, que é a da busca da hegemonia, se for preciso, com o esmagamento de forças e legendas que teve como amigos nas horas mais difíceis, como prova a postura diante do PMDB nas questões regionais. (Por Escrito)
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