Ciclistas de Vitória da Conquista realizam ato e pedem respeito no trânsito

Ciclistas de Vitória da Conquista realizaram, na manhã desse sábado, 22, uma pedalada em avenidas da cidade para conscientizar os motoristas sobre o respeito ao ciclistas e a lei de trânsito que recomenda uma distância mínima de 1,5m. O evento foi promovido pelos praticantes do esporte em decorrência do falecimento de Erlandes Gomes de Oliveira Junior, 30, conhecido por Jacobina, no último domingo, 16, quando esse foi atingido por um caminhão enquanto pedalava na BA-262.

“O objetivo nosso é conscientizar os motoristas por conta da fragilidade do ciclista. Hoje em dia, o ciclista não é só aquele que usa a bicicleta para competições, ele usa para o lazer, como meio de transporte. Que esta manifestação chame a atenção das pessoas, dos meios de comunicação e das autoridades para se ter uma segurança maior pro ciclista”, declarou o coordenador municipal de Esportes da Prefeitura de Vitória da Conquista, Jaldo Mendes, que esteve a frente do evento por ser também presidente da Associação de Ciclismo do Sudoeste da Bahia (ACSB).

Para o motorista Vinicius Macedo, que aguardava as bicicletas passarem pela avenida Olívia Flores, a conscientização é necessária: “Querendo ou não a bicicleta é um meio de transporte. Muitas pessoas dependem da bicicleta e muitas pessoas não respeitam, tratam como se fosse nada. Eu acho que tem que respeitar, há muita falta de respeito no trânsito pelos ciclistas”.


A pedalada saiu da Avenida Olívia Flores às 10h. Antes, os ciclistas se reuniram para prestar uma homenagem à Jacobina, fazendo uma oração de agradecimento pelo amigo, pai de família, servo de Deus e apaixonado pelo ciclismo que ele foi. Uma placa chamando a atenção de que há ciclista na via também foi fixada na avenida.

Os parentes de Erlandes Junior também estiveram na manifestação. A prima Priscila Oliveira e seu esposo Caique falaram sobre a importância desse ato: “É um ato de conscientização dos motoristas e de toda a sociedade para regularização dos veículos, condições para a condução do veículo. É um lazer importante para criança, para o adulto e o idoso também e não pode ser banalizado, a sociedade tem que aprender a respeitar”, disse Caique.

Priscila, que a princípio  não quis se manifestar, interrompeu o esposo e desabafou: “A família toda pratica o esporte e já tivemos a perda de um tio, cerca de cinco anos atrás, num fato semelhante, o condutor também estava embriagado. É muita dor pra família e as pessoas precisavam se conscientizar mais. A vontade é que todo mundo pare, mas se é uma paixão, é um esporte, por que parar? Seria tão mais fácil se as pessoas respeitassem. É uma vida, uma pai de família, um amigo, um trabalhador. Quantas pessoas estão sofrendo! O que a gente quer na verdade e pede é pra que as pessoas se conscientizem: se beber, não dirija”. Segundo ela, depois da morte do tio, Erlandes ficou dois anos sem pedalar fora da cidade.
Nos últimos anos, Jacobina participava de um grupo formado por cerca de 50 ciclistas que treinavam nas terças, quintas e sábados. Edvaldo Pereira é um deles. Ele pedala há cinco anos, mas fazia seis meses que estava com esta turma e na manhã da tragédia era um dos ciclistas que faziam o percurso com o atleta e o encontrou já sem vida. “Fazia pouco tempo que comecei a ter amizade com Jacobina, mas ele fez diferença em minha vida. Uma pessoa bem companheira, impressionante, um incentivador. Se marcou em muito a minha vida, imagina das pessoas que tinham mais tempo com ele. Um pouco antes eu ganhei de um amigo a bicicleta que era dele e por onde passo o pessoal fala: essa bicicleta foi de Jacobina. Agora considero um duplo presente pois pude ficar com a bicicleta de Jacobina – um ícone, uma referência para todos do pelotão que treinava com ele”, comentou o companheiro de trilha.