Vantagens como rapidez no aprendizado e menor custo chamam a atenção de concurseiros
A carreira pública ainda é o caminho escolhido por muitos brasileiros. Com promessa de estabilidade e boa remuneração, os cargos governamentais atraem milhares de candidatos que sonham em conquistar uma vaga de funcionário público. Nesta corrida, muitos buscam a ajuda de cursinhos preparatórios que garantir sua aprovação. Entretanto, a falta de tempo ou dinheiro torna as aulas presenciais uma realidade improvável para boa parte dos candidatos. Não por acaso, o ensino à distância (EAD) vem ganhando destaque. Hoje, aproximadamente 40% dos chamados concurseiros optam por cursos online e a estimativa é de que esse número aumente nos próximos anos.
“Notamos um aumento da procura dos alunos pelos cursos online. Provavelmente, apenas os candidatos que morarem próximos às unidades de ensino seguirão fiéis às aulas presenciais”, diz Ernani Pimentel, presidente da Associação Nacional de Proteção e Apoio aos Concursos (Anpac).
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O primeiro ponto a favor dos cursos online é a rapidez. O tempo que os candidatos economizam ao estudar os módulos completos – que possuem todas as matérias – por meio de video-aulas chega a um mês de diferença. Pimentel estima que, no ensino à distância, o tempo de aprendizado seja até 40% mais rápido do que no presencial. “Isso acontece porque o professor nunca atrasa, não divaga na aula ou responde perguntas de outros alunos”, afirma. A outra vantagem é o preço. Enquanto o custo das vídeo-aulas varia de R$ 70 a R$ 290, no curso presencial, o preço pode ultrapassar R$ 5.300.
Também existem outras possibilidades de preparação nos cursinhos, como o estudo por disciplinas únicas. Na maioria das escolas pesquisadas pelo iG a cobrança neste caso é feita por meio de hora/aula. Assim como nos módulos completos, o preço também foi maior nos cursos presenciais, variando de R$ 6,20 – nos concursos que exigem o ensino médio – a R$ 9,60 nos que pedem o superior. Na realidade das aulas pela internet, entretanto, o valor fixo da hora/aula foi de R$ 5.
Preço e duração do curso foram decisivos para que Mariana optasse pelas aulas na internet
A grande diferença entre o investimento necessário para fazer um curso presencial ou online fez com que a economista Mariana Feijó Ferreiro escolhesse o mais barato em sua preparação para os concursos do Ministério Público da União e BNDES. “Fiz o curso em casa, não gastei dinheiro com transporte, tive professor na hora em que precisei, pude assistir diversas vezes a mesma aula e passei nas duas provas”, diz. “No modo online não há restrição no aprendizado. Você faz seu ritmo e, se tiver dúvidas, esclarece por e-mail”.
Um negócio lucrativo
Para atender a demanda pelos cursos online, diversos empresários têm investido na criação de sites com vídeo-aulas e simulados. Foi assim que quatro professores do Rio de Janeiro criaram, em 2009, o Concurso Virtual – um site que produz e comercializa cursos preparatórios. “Recebemos, em média, 8 mil acessos diários. Atendemos concurseiros do País todo, mas privilegiamos as regiões cariocas em que a procura é maior”, afirma Rodrigo Menezes, sócio do portal.
Outro site que também busca conseguir uma parcela deste mercado é o Aprova Concursos. Criado há seis meses, o portal já registra mais de 1,2 mil acessos aos cursos online. Semanalmente, são lançados 150 novos programas e o comércio das vídeo-aulas ultrapassa 100 mil unidades. “No ensino pela internet o aluno assiste às aulas quantas vezes quiser e pode fazer o download da apostila”, diz Bruno Branco, gerente de marketing do IESDE – proprietário do site Aprova. “Além disso, com o preço elevado dos cursos presenciais, a classe C não tinha como se preparar.”
O mercado favorável do ensino à distância também diversifica o comércio. A oportunidade de unir o sucesso das compras coletivas com a busca por materiais específicos para concursos públicos fez com que surgisse, em 2011, o Concurseiro Urbano. O site – que tem promoções de até 90% de desconto – oferece livros, apostilas, vídeo-aulas e assinaturas de jornais. “Temos cerca de 20 mil acessos diários e já vendemos 9 mil produtos com valor médio de R$ 50”, afirma Marcelo Marques, um dos quatro proprietários do site.
Segundo a Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed), em 2009, mais de dois milhões de alunos optaram pela modalidade de ensino à distância, por meio de cursos livres, corporativos ou de graduação. Entre os mais de 2 mil cursos ofertados, 29% deles eram livres – categoria em que estão incluídos os cursos preparatórios para concursos públicos.
Um cursinho fora dos padrões
A disputa entre as aulas presenciais e à distância não está restrita apenas aos concursos mais populares. O conflito também alcança a carreira diplomática, hoje uma das mais disputadas do País e que exige forte preparação dos candidatos. O Curso Clio, especializado no ramo, oferece cursos presenciais, telepresenciais – em que o aluno assiste às vídeoaulas nas unidades – e online (um programa de simulados e pequenos vídeos). Dos 3 mil alunos matriculados este ano, 50% ainda se mantêm na modalidade presencial, embora o preço seja elevado. Com 14 matérias disponíveis, o candidato que escolher esta modalidade pode pagar até R$ 2,3 mil em cada disciplina. Já no curso online, existem oito matérias com o valor de R$ 870,00 cada.
Curso online ajudou Almeida a passar na prova de diplomata
Apesar da grande diferença de preço, foi a dinâmica do curso pela internet que chamou a atenção de Mário Augusto Morato Almeida, economista e sociólogo. Após prestar o concurso do Itamaraty três anos seguidos, Almeida resolveu complementar sua preparação com o módulo online. “Fazia mestrado na época e não tinha tempo. Por meio do ensino online, consegui estudar nove horas por dia”, afirma. Entretanto, mesmo com a aprovação no concurso, o economista ainda prefere as aulas presenciais. “É muito burocrático tirar dúvidas pela internet. Além disso, no modo presencial há mais interação, é possível estabelecer uma rede de contatos e os professores indicam a bibliografia adequada.”
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