O sorteio dos grupos da Copa do Mundo, realizado nesta sexta-feira, acabou criando dois extremos. Se por um lado o grupo D recebeu com extrema justiça o apelido de grupo da morte e é o grupo com mais títulos mundiais na história, o grupo C, considerando o retrospecto de seus membros na competição, é o mais fraco de todos os tempos.
Itália, Uruguai e Inglaterra, do grupo D (Costa Rica completa) somam, juntos, sete títulos mundiais, algo inédito na história da Copa. Na edição anterior, em 2010, o grupo que somava mais títulos era o G – cinco, todos do cabeça de chave Brasil. Em 2006, o mesmo se repetiu: o grupo F liderava o “ranking” com cinco conquistas, todos da seleção pentacampeã. Em todas as edições, isso nunca havia ocorrido.
Se por um lado a Copa de 2014 terá o grupo da morte com o maior número de campeões mundiais e de títulos na história da competição, também terá o outro extremo: desde 1950, quando o formato de grupos foi adotado oficialmente pela Fifa, a Copa não tinha um grupo no qual não houvesse um membro sequer que tenha passado das oitavas de final em edições anteriores. É o caso do grupo C sorteado na Costa do Sauípe, que conta com a Colômbia como cabeça de chave, e tem Grécia, Japão e Costa do Marfim.
Os colombianos se classificaram para um Mundial pela primeira vez em 1962, mas caíram na primeira fase. Foram então quase 30 anos sem disputar o torneio, até 1990, quando passaram pela fase de grupos, mas acabaram eliminados por Camarões, do lendário Roger Milla, sensação do torneio. Depois disso, duas campanhas ruins em 94 e 98, ambas sem passar da primeira fase. A primeira acabou em tragédia, com o assassinato do zagueiro Escobar, autor de um gol contra na Copa dos EUA.
A Grécia nunca passou da primeira fase. Em 94, classificou-se em primeiro nas eliminatórias, mas na Copa perdeu as três partidas, sofreu dez gols e voltou para casa humilhada. Em 2010, outra decepção: uma vitória, duas derrotas e o adeus precoce. A Costa do Marfim foi aos Mundiais de 2006 e 2010, mas caiu na fase de grupos em ambas.
Das seleções do grupo C, a dona do melhor retrospecto é o Japão. Depois de uma eliminação com três derrotas em três jogos em 1998, na França, os japoneses surpreenderam em 2002, quando sediaram o torneio ao lado da Coreia do Sul: vitórias sobre Rússia e Tunísia garantiram a classificação, e só uma derrota dramática por 1 a 0 para a eventual terceira colocada Turquia nas oitavas selou o adeus. Os asiáticos chegaram novamente às oitavas de final em 2010, depois de cair na fase de grupos em 2006.
Dos demais grupos, o H, encabeçado pela Bélgica, é o único que não conta com um campeão mundial. O retrospecto de seus membros, entretanto, é bem superior: a Bélgica foi quarta colocada em 1986. A Rússia, quando era parte da União Soviética, também chegou a um quarto lugar vinte anos antes, em 66. A Coreia do Sul, que completa o grupo com a Argélia, também tem no currículo um quarto lugar em 2002, ano em que foi uma das sedes.
Em uma ainda maior coincidência, os grupos extremos passarão por cruzamento nas outavas de final. Se alguma das seleções do grupo C quiser fazer história e superar as campanhas anteriores, deverá ter pela frente uma tarefa indigesta: passar por um campeão mundial.
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