por Fernando Duarte
O futuro das relações entre governo e oposição em 2018 passam pelo posicionamento do presidente da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), Angelo Coronel. Cabe a ele decidir, nos próximos dias, se instala as Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) para investigar a construção da Arena Fonte Nova, proposta pela oposição, e as obras da Barra, requisitada pelo governo. De acordo com as declarações públicas recentes de Coronel, ele trabalha com a hipótese de aprovar ou arquivar as duas – aceitar uma e rejeitar a outra não chegaria a um suicídio político, mas poderia comprometer o livre trânsito dele com os dois grupos políticos. O caminho mais fácil, sem dúvidas, é não acatar a abertura dos dois colegiados. Enquanto a oposição não tem envergadura dentro da Assembleia para aprovar as demandas esperadas, o governo não tem razões além da birra política para investigar a prefeitura de Salvador. Com o arquivamento dos pedidos, o muxoxo aconteceria, mas seria mais curto – e Coronel não seria acusado de pender para nenhum dos dois lados. Caso aceite o pedido da oposição e rejeite o do governo, o presidente da AL-BA se afastaria da disputa de uma vaga na chapa majoritária do governador Rui Costa (PT) e criaria tensões desnecessárias com o governo. O inverso, aceitar o pedido do governo e rejeitar o da oposição, poderia transformar as relações com a minoria, relativamente barulhenta, em um inferno desnecessário em um ano eleitoral – quando acordos suprapartidários serão feitos nas bases eleitorais do interior. Além disso, Coronel perderia a boa relação que conseguiu construir com o grupo liderado pelo prefeito ACM Neto e que tem garantido dias mais tranquilos na Casa. A última hipótese, bem remota na opinião de quem acompanha o jogo político, seria a instalação de ambas as CPIs e a transformação da Assembleia em um circo cujas principais atrações seriam os deputados, fazendo as vezes de palhaços. Uma CPI tendo como alvo o contrato entre o governo e a Fonte Nova Participações colocaria o plano B do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-governador Jaques Wagner, no olho do furacão e atrairia as atenções da imprensa nacional para a Bahia. Tangencialmente Rui Costa poderia ser atingido, já que, segundo a Operação Cartão Vermelho, os recursos destinados a Wagner tinham como finalidade financiar a campanha eleitoral de 2014, quando Rui foi eleito. Já uma CPI das obras da Barra teria mais atenção ainda com a chegada do prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), à presidência nacional do DEM. Afinal, qualquer escândalo envolvendo um dirigente nacional do DEM, ainda que ACM Neto não seja candidato ao governo, ganharia grandes proporções por natureza. O presidente da AL-BA tem, em sua caneta, mais poder do que em outros tempos: pode ditar o acirramento do clima beligerante das eleições de 2018. Tratado nos bastidores como “Coronel indomável”, Angelo deve definir agora o rumo que quer dar para a história da Bahia. F. Bahia noticias
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