Custeada por você, a folha do Senado serve de abrigo a advogado de bancos e de empreiteiras

 

 

 

 

 

O universo, como se sabe, tem mistérios que o ser humano jamais vai entender. Um deles é essa mania dos jornalistas de querer entender os mistérios do Poder Legislativo brasileiro.

Os repórteres Chico de Gois e Roberto Maltchik, por exemplo, fizeram uma incursão na folha salarial do Senado. Depararam-se com mistérios insondáveis. Por exemplo: o senador João Vicente Claudino (PTB-PI) emprega uma banca advocatícia.

Com verbas da Viúva, Claudino paga contracheques a Dante Ferreira Quintans e Denize Nascimento Costa Quintans. Atuam no escritório do irmão de Dante, Braz Quintans, que é marido de Denize. Defendem bancos e construtoras.

O senador Claudino diz que, quando foram contratados –Dante em 2007, Denize em 2010— os ‘assessores’ assinaram documentos nos quais diziam não ter vínculos com escritório de advocacia. Agora, diz que vai averiguar a situação.

A contratação de advogados que operam no mercado enquanto recebem salários do Senado disseminou-se no Legislativo, constataram os repórteres. A anomalia repete-se no gabinete da senadora Maria do Carmos Alves (DEM-SE).

Ali, escalou a folha do Senado Admar Gonzaga Neto. O doutor é sócio de um escritório sediado em Brasília. Alega-se que “ele adequa as atividades de seu escritório às atribuições do cargo que exerce no gabinete.” Foi liberado do ponto.

Filho e suplente do ministro Edison Lobão (Minas e Energia), o senador Lobão Filho (PMDB-MA) alberga em seu gabinete outro advogado: Antônio Leonardo Gomes Neto. Trabalha no Sistema Difusora de Comunicação, da família Lobão.

A equipe de Lobinho inclui também o empresário José Alberto Bezerra de Magalhães, conselheiro da Companhia Energética do Piauí. Procurado, o senador não se pronunciou.

No escritório político do senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), empregou-se Isamar Pessoa Ramalho. Vem a ser pastor evangélico. Carrega na biografia uma condenação.

Acusado pelo Ministério Público de desviar R$ 430 mil da Assembléia de Deus, Isamar foi condenado pelo Tribunal de Justiça de Roraima. Alega que o dinheiro foi usado para reformar a casa pastoral. Mozarildo não comentou.

O senador Cyro Miranda (PSDB-GO) contratou no Senado o advogado Carlos Fleury de Souza, sócio de escritório que já prestou serviços ao governador goiano Marconi Perillo (PSDB).

Benedito de Lira (PP-AL) emprega o doutor Alberto Maya de Omena Calheiros, que também mantém atuação privada. As assessorias do tucano Cyro e do pepê Benedito sustentam que a lei não proíbe a dupla militância. Aqui, outros mistérios.