DA SÉRIE: AMENIDADES PARA O QUE AGENTE DIZ
ENSAIO SOBRE A ORIGEM DE UM RACIOCÍNIO
Edimilson Santos Silva
Existem 8 (oito) afecções, modos ou práticas para se iniciar um raciocínio, ou seja, todo raciocínio compõe-se ou inicia-se com: 1 – uma indagação; 2 – uma proposição; 3 – uma afirmação, 4 – uma negação. Ou 5 – um enlace de uma indagação com algo anteriormente indagado, proposto, afirmado ou negado, ou 6 – um enlace de uma proposição com algo anteriormente proposto, afirmado, negado ou indagado, ou 7 – um enlace de uma afirmação com algo anteriormente afirmado, negado, indagado, ou proposto, ou 8 – um enlace de uma negação de algo anteriormente negado, indagado, proposto ou afirmado. Todo novo raciocínio será sempre precedido de uma dessas afecções ou de um dos enlaces dessas afecções. Sendo estes os únicos fundamentos lógicos de um raciocínio qualquer. Esta é a base fundamental do raciocínio, pensamento ou “cogito” a que se refere Descartes. Os gregos pré-socráticos denominavam essa luz mental de “espanto”. Poucos pensadores modernos, (ou talvez nenhum deles), atentaram para o fato do por que dos primeiros pensadores gregos nominarem um raciocínio novo de “espanto”, pois, se o fizeram não comentaram, ou não li este comentário, se alguém o leu, cite-o nos comentários. Depois de explicado, é fácil ver que um raciocínio novo realmente causa um “espanto”. Nesta minha análise quero deixar bem claro o meu ponto de vista ou crença de que a origem, a fonte, desse fenômeno, (raciocínio), é o que separa o falante do não falante, embora conheça, nunca me ative a nenhuma discussão sobre a diferença entre a alma e o ente, a que se reportaram Anaxágoras e Demócrito. Julgo ser esta, uma discussão inócua, nosso amigo, o grande Demócrito, (o dos átomos), considerava a alma algo com a forma esférica, não entro nessa discussão. Não creio que um raciocínio ou pensamento seja algo material ou possa ter sua origem num órgão material. Deixo claro, bem claro, que creio na existência do espírito, embora não possa explicar sua origem, nem sua forma, nem seus atributos. Assim: não vejo problema algum em admitir a existência de um espírito em todos os seres vivos da natureza, sem distinção de fase evolutiva, naturalmente que creio e admito que para cada fase evolutiva da vida exista um tipo de espírito com “também”, sua própria fase evolutiva. Pois a evolução é inerente à vida, e não, tão somente aos seres falantes. Tenho o hábito de tentar deixar bem claro meus pontos de vista, ponto em que todos os filósofos falharam, Senão, não seriam alvo de tantas e díspares interpretações. O que é um grande mal para a filosofia que, devido a isso se tornou, desculpem a expressão, um grande balaio de gatos. Passei boa parte de minha vida estudando os filósofos e foi isto o que encontrei!
Quem me contradizer! Não penetrou fundo no problema da filosofia. Não sei por que Hegel e Nietzsche gostavam tanto dos pré-socráticos, dirão que não se tratava de gostar, mas era gostar mesmo, não se dedica tanto tempo a algo que não se gosta. Considero todos os filósofos como seres lúcidos, mas, Georg Hegel e Friedrich Nietzsche são de uma lucidez impressionante. Só que Hegel é realmente muito obscuro. Nos meus primeiros contatos com Nietzsche o considerei um ser extremamente pessimista e niilista, e me afastei dele, só voltei a sua obra depois de adulto. Só então assim, o compreendi, (em parte), e pude ver toda sua lucidez. Lendo seus críticos pude esclarecer alguns pontos obscuros dos seus raciocínios, ao entender Nietzsche eu pude entender que a filosofia é como uma imensa teia de aranha, embora seja algo radialmente dispersa, ela é uma só, o problema é que nenhum filósofo, no passado, no presente ou no futuro abarcará toda a filosofia. Cada filósofo é como uma aranha, que faz a sua teia, mora na teia, vive na teia e vive da teia, mas, nunca terá toda a teia sobre seus pés. A única diferença entre a filosofia e a teia da aranha, é que a teia por ser algo físico possui um limite, enquanto a filosofia, por não ser algo físico crescerá enquanto durar a humanidade. O que me faz crer que a filosofia está chegando ao fim.
Este raciocínio me leva a encerrar o ensaio sobre o início do raciocínio, com um raciocínio nada alentador! O caminho que a humanidade escolheu para se desenvolver, (que é o crescimento ilimitado), a levará, assim creio eu, inexoravelmente a sua autodestruição. Disto já tratei em outro ensaio. Infelizmente, nós gastamos nossos recursos naturais como se eles fossem inesgotáveis, e isto eles não o são!!!…
A história da humanidade me faz lembrar a história dos perus. Um criador de perus convencido que aquela era uma atividade lucrativa, resolveu vender tudo que tinha e investir no crescimento daquela atividade. E assim o fez: vendeu, fazenda, carro, mulher, filhos, jegues, gatos, cachorros, pulgas, tudo enfim. Comprou um número de perus compatível com seu capital, alugou um terreno e ali pôs seus perus, comprou ração e iniciou seu negócio, ao chegar o fim do mês vendeu alguns perus, pagou o aluguel, comprou mais ração, ao chegar o fim do mês vendeu alguns perus, pagou o aluguel, comprou mais ração, ao chegar o fim do mês vendeu alguns perus, pagou o aluguel, comprou mais ração, ao chegar o fim do mês vendeu alguns perus, pagou o aluguel, quando só restava um peru, ele para não morrer de fome comeu o peru, não chegou ao fim do mês, ele educadamente morreu de fome, e “cest fini”.
Escrever ensaios pode não servir para ganhar dinheiro, mas, que é divertido, isso é.
Chamo a atenção para o fato de que: este ensaio é somente um ensaio, não o tomem como um postulado filosófico. Eu o escrevo como um aprendizado. Na realidade escrever qualquer coisa, é como levar o cérebro para a academia da escrita, e ler também, só que na academia da escrita tem poucos frequentadores, e a academia da leitura anda sempre “quase” lotada, eu disse “quase”, porque esta academia da leitura cabe toda a humanidade. São nestas duas academias que são projetados todos os atos responsáveis pelo desenvolvimento de toda a humanidade.
Camaçari, Bahia, 16 de setembro de 2010
Edimilson Santos Silva
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