Senador preso na PF prestou depoimento de quase quatro horas.
Ele é acusado de tentar impedir delação de ex-diretor da Petrobras.
O líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral (PT-MS), confirmou em depoimento que é a voz dele que está na gravação em que o senador apresenta um plano de fuga para o ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró, segundo informou a defesa do parlamentar. Ele alegou, no entanto, ser inocente e negou que tenha oferecido mesada de R$ 50 mil mensais para que Cerveró evitasse fazer acordo de delação premiada.
As informações foram dadas pelo advogado do senador, Maurício Silva Leite, após depoimento de Delcídio de quase quatro horas de duração na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília. O senador está preso no local desde quarta-feira. Ele é investigado por supostamente ter tentado atrapalhar as investigações da Operação Lava Jato.
“Sim, sim [é ele que está nas gravações]. Nas reuniões que foram apresentadas, inclusive, ele confirmou a presença dele na reunião. E, nas explicações, ele explicou tudo o que foi conversado”, contou Leite. “Ele alega inocência, certamente, e estamos aqui para provar isso”, completou o advogado.
O advogado contou ainda que, durante o depoimento, Delcídio do Amaral foi “confrontado” com trechos da gravação e que “deu todas as explicações” para o delegado da Polícia Federal. “Nos questionamentos que foram realizados, ele foi confrontado com o áudio, deu todas as explicações de maneira contundente”, afirmou Leite.
Leite disse também que Delcídio negou que tenha oferecido uma mesada, de R$ 50 mil, para Nestor Cerveró evitar um acordo de delação premiada ou, então, omitir o nome do senador durante depoimentos à Justiça Federal.
“Isso não ocorreu [de o senador ter oferecido dinheiro a Cerveró para convencê-lo a não fazer a delação]. Amanhã, nós vamos soltar uma nota à imprensa, explicando essa situação, mas já está esclarecido no depoimento dele e ele esclareceu essa situação, que isso não ocorreu”, disse o advogado de Delcídio.
“O senador está muito chateado, está aguardando sereno o desenrolar das investigações, mas está muito preocupado com tudo isso que aconteceu”, contou o advogado.
A defesa de Delcídio do Amaral disse que o suposto dinheiro – US$ 1,5 milhão – que o líder do governo teria recebido de Cerveró no processo da compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, não esteve entre os questionamentos do delegado da Polícia Federal.
Novo depoimento
O advogado de Delcídio disse que, provavelmente, o senador vai prestar um novo depoimento à Polícia Federal e ao Ministério Público para tratar de questões que não foram abordadas no interrogatório desta quinta-feira, como a possível propina na aquisição da refinaria de Pasadena pela Petrobras.
“Ele, inclusive, provavelmente terá um novo depoimento, onde vai trazer novas declarações e vai responder a novos questionamentos. Isso foi conversado hoje e será marcado para uma próxima oportunidade. Imagino que seja o mais rápido possível, porque estamos tratando de um senador que está preso”, argumentou Leite.
O advogado disse, ainda, que Delcídio não recebeu visita de familiares e que não foi cogitada a possibilidade de o petista ser transferido para uma detenção em Mato Grosso do Sul para ficar próximo da família. Marcelo Leite afirmou que não sabe quanto tempo Delcídio precisará ficar preso na Superintendência da PF.
G1
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