Foto: Divulgação/PF |
Habituada a resolver de forma rápida qualquer serviço no 1º Ofício de Registro de Imóveis e Hipotecas de Vitória da Conquista, no Sudoeste do estado, mediante o pagamento de propina, a ‘despachante’ Maria Aparecida de Souza Pereira, uma das três mulheres detidas terça-feira (3) na operação da Polícia Federal que desmontou o esquema no cartório, foi solta por colaborar com as investigações.
A despachante, segundo a polícia, atuava em favor de uma corretora de imóveis da cidade. O esquema, porém, se estendia a outras três grandes construtoras cujos nomes a polícia prefere manter sob sigilo, além de particulares que se sentiam à vontade para usufruir das facilidades adquiridas mediante uma “taxa de agilização” que variava de R$ 100 a R$ 800.
A taxa era paga diretamente ao chefe do cartório Antonio Carlos Bramont, preso preventivamente na operação. Ele está no Conjunto Penal Nilton Gonçalves, em Conquista, e “poderá ficar preso até o final do processo, se não surgir algum fato novo que justifique sua liberdade”, informou em nota o Ministério Público Federal (MPF), que atua no caso junto com a PF.
Corruptores aparecem em gravações de vídeo feitas pela PF dando dinheiro ao chefe do cartório, que passou a ser investigado a partir de 2016 por desobediência de ordens judiciais, como determinações de penhora de imóveis.
Posteriormente, a polícia descobriu que o esquema no cartório já vinha de mais de 15 anos. A defesa de Bramont não foi localizada para comentar o caso.
Operação faz busca e apreensão em casa e ‘cartório paralelo’ em Conquista (Foto: Divulgação/PF) |
Filha e sobrinha soltas
Na busca de controlar tudo, Bramont colocou para atuar com ele no cartório a filha Amanda Bezerra Bramont e uma sobrinha, Anna Caroline Bezerra de Castro. Ambas foram presas na operação de forma temporária (cinco dias), mas liberadas depois de ouvidas por causa da gravidez de Amanda e pelo fato de Anna Caroline ser a única responsável pelos cuidados do filho de 12 anos.
Segundo a polícia, Amanda e Anna ficaram caladas durante o interrogatório. As investigações mostram que elas operavam no esquema tanto no cartório quanto na casa de Bramont, onde a polícia localizou um “cartório” paralelo ao 1º Ofício de Registro de Imóveis e Hipotecas, único que ainda não foi privatizado em Conquista.
O cartório está fechado e a inda não houve a nomeação por parte do Tribunal de Justiça da Bahia para um novo titular – a mesma decisão da Justiça Federal que mandou prender Bramont o afasta das funções públicas. O cartório funciona no prédio do Fórum João Mangabeira, onde, segundo a PF, ele fazia as negociatas num “escritório particular”.
Bramont responderá por corrupção passiva, tráfico de influência, falsidade ideológica, associação criminosa e posse ilegal de armas. Caso seja condenado, pegará até 35 anos de prisão.
Na casa dele, além do cartório paralelo, a polícia encontrou um rifle e uma luneta de mira, importada ilegalmente do Paraguai, o que configura crime internacional de tráfico de armas. Também foram apreendidos R$ 71.780 em espécie, US$ 2.700, R$ 390 mil em cheques e 10 francos suíços.
Quase meio milhão de reais foi apreendido em casa de chefe de cartório (Foto: Divulgação/PF) |
Deixe seu comentário