DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA -A data é para se fazer uma reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira, inclusive a semana com referência a data é chamada de Semana da Consciência Negra

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Benjamin Nunes Pereira*

O dia 20 de novembro é o Dia Nacional da Consciência Negra, trata-se de uma data que foi estabelecida pelo Projeto de Lei sob nº 10.639, no dia 09 de janeiro de 2003. O dia sempre foi celebrado desde a década de 1960, a escolha foi para homenagear Zumbi o grande líder do Quilombo dos Palmares, que nasceu em 1655 e morreu no dia 20 de novembro de 1695. O seu nome de batismo é Francisco Padre Antonio Melo. Ainda garoto foi capturado pelos soldados e entregue ao padre Antonio Melo, de Porto Calvo, que foi educado por esse padre, que teve uma admirável aprendizagem com conhecimentos em Português e Latim aos doze anos de idade. O padre escreveu várias cartas a um amigo exaltando a inteligência de Zumbi. Mas em 1670 já com quinze anos, Zumbi fugiu e voltou para o Quilombo. Tornou-se um dos líderes mais famosos de Palmares. “Zumbi” significa a força do espírito presente, Baluarte da luta negra contra a escravidão, Zumbi foi o último chefe do Quilombo de Palmares.

O nome Palmares é devido à grande quantidade de palmeiras encontrada na região da Serra da Barriga, ao Sul da capitania de Pernambuco, hoje Estado de Alagoas

Um fato interessante é que o Quilombo dos Palmares existiu por um período de quase cem anos entre 1690 a 1695. Sendo o maior em extensão e ali viviam mais ou menos 20 mil pessoas. Zumbi era tido como um extraordinário e talentoso dirigente militar. Sabia explorar com inteligência as peculiaridades da região. Naquela região se plantava quase de tudo como: mandioca, milho, cana, feijão, batatas, legumes, frutas entre outras coisas. Por volta do ano de 1690, tinham-se em média mais ou menos onze povoados, cuja capital era Macaco, na Serra da Barriga.

Vários ataques ocorreram no Quilombo dos Palmares, mas o comandado por Jorge Velho com quase seis mil homens, todos bem armados era para cercar o quilombo e matar todos os seus membros. Os quilombolas não tinham armas e munições suficientes, mas ainda assim resistiram durante cerca de um mês. Ao final do longo combate o quilombo foi destruído e sua população massacrada.

Zumbi conseguiu escapar ao cerco, fugindo pela mata com um pequeno grupo de companheiros. Dois anos depois de muitas perseguições foi preso e morto, em 20 de novembro de 1695. Cortaram-lhe a cabeça, que foi exposta em praça pública, na cidade do Recife. Matando Zumbi, os senhores de escravos pretendiam intimidar o restante de escravos. Entretanto a memória de Zumbi permaneceu viva como símbolo da resistência negra à violência da escravidão. O dia de sua morte é lembrado atualmente como o Dia da Consciência Negra, sendo feriado em várias cidades do País e não se entende por que nesse dia também a Bahia não declarou feriado, por ter sido o Estado que tanto recebeu escravos.

Do que se passou até o presente momento, a luta é contínua dos movimentos negros que tem adquirido conquistas sociais importantes aos afro-descendentes, na Constituição brasileira, do direito dos descendentes de quilombolas às terras dos quilombos. Essas terras estão sendo gradativamente demarcadas e entregues legalmente aos membros dessas comunidades, espalhadas por todo o país. Outra conquista obtida, e que consta da Constituição, foi a definição do racismo como crime e recentemente o Ministro Eloi Ferreira Araújo, da Igualdade Racial apresentou o Estatuto da Igualdade Racial, em defesa dos que sofrem preconceito ou discriminação em função de sua etnia, raça e ou cor, que foi aprovado por unanimidade pela CCJ (Comissão de Constituição de Justiça) do Senado, depois de dez anos de tramitação no Congresso e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou sem vetos, o projeto de lei que cria o Estatuto da Igualdade Racial, que tem por objetivo promover políticas públicas de igualdade de oportunidades e combate à discriminação.

Portanto, a data de 20 de novembro é uma homenagem bastante justa, pois Zumbi que ficou na história como uma pessoa que representou a luta do negro contra o sistema escravista no período colonial no país. A sua morte ocorreu justamente em combate, na defesa de seu povo e sua comunidade. Eram uma resistência os quilombos ao sistema escravista, sendo que Zumbi, de forma coletiva manteve uma cultura africana no país. Ele lutou até a morte por esta cultura e na defesa de liberdade pelo seu povo.

A data é para se fazer uma reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira, inclusive a semana com referência a data é chamada de Semana da Consciência Negra

Durante a semana várias entidades tal qual o Movimento Negro que é o maior do país, por meio de organizações realizam palestras, seminários, atrações como capoeira entre outras atividades. Com o foco principalmente nas crianças negras. Assim sendo, procura-se evitar o desenvolvimento do auto-preconceito, ou seja, a inferiorização perante a sociedade. Outros temas debatidos pela comunidade negra e que ganham evidência neste dia são: inserção do negro no mercado de trabalho, cotas universitárias, se há discriminação por parte da polícia, identificação de etnias, moda e beleza negra.

É importante salientar que sempre ocorreu uma valorização dos personagens históricos de cor branca. Como se a história do Brasil tivesse sido construída somente pelos europeus e seus descendentes. Imperadores, navegadores, bandeirantes, lideres militares entre outros foram sempre considerados heróis nacionais. Agora se tem a valorização de um líder negro na história e, espera-se, que em breve outros personagens históricos de origem africana sejam valorizados pelo povo e pela história. Fatos importantes estão sendo tomados neste sentido, pois nas escolas brasileiras já é obrigatória a inclusão de disciplinas e conteúdos que visam estudar a história da África e a cultura afro-brasileira.

*Benjamin NUNES Pereira, é bancário, diretor de Raça e Etnia do Sindicato dos Bancários de Vitória da Conquista e Região, membro da Academia Conquistense de Letras, membro da Casa da Cultura de Vitória da Conquista, graduado em História, pós-graduado em Programação e Orçamento Público Pela UFBA e pós-graduado em Antropologia com ênfase na cultura afro-brasileira pela UESB e Acadêmico de Direito da Fainor.

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