Portador de doença rara conta sua história de superação
Resiliência. Esta é a palavra que resume a história de vida do baiano Cláudio Vieira de Oliveira que nasceu com uma doença rara e hoje aos 40 anos, leva seu exemplo de superação como palestrante motivacional para todo o mundo.
Marcada por conquistas, a história de vida de Cláudio Vieira se tornou obra literária e foi lançada ontem (11), no Museu de Arte de São Paulo (MASP), intitulada ‘O mundo está ao contrário’ (Bella Editora). O lançamento contou ainda com a mostra de fotos que ilustram o livro, do fotógrafo japonês Yasuyoshi Chiba.
Nascido em Monte Santo, no sertão baiano, portador de Artrogripose Múltipla Congênita (AMC) – deficiência física que faz com que sua cabeça seja virada para baixo e nas costas, além ter as pernas atrofiadas e não possuir os movimentos dos braços – Cláudio diz que já chegou designado a cumprir uma grande missão “Ser um exemplo de perseverança, um exemplo de superação”.
De acordo com Cláudio, sua mãe foi informada pelos médicos que seu filho recém-nascido não teria chances na vida. “Houve quem incentivasse meus pais a não me dar alimento para eu enfraquecer. Pensavam que seria melhor que eu não sobrevivesse, pois achavam que além de dar muito trabalho eu acabaria vegetando”, explica.
Cláudio não só sobreviveu, como aprendeu a se virar sozinho. Ele estudou, se formou em Ciências Contábeis pela FTC Feira de Santana e tornou-se um palestrante motivacional, realizando apresentações em diversos cantos do País e do mundo.
A aptidão para ser palestrante surgiu quando um padre o convidou para dar depoimento na igreja. Logo sua história chegou aos ouvidos de outro padre, um missionário da Ilha de Malta, que o convidou para palestrar na Europa.
Sua história foi contada no jornal britânico Daily Mail que lhe rendeu o destaque em diversos veículos nacionais e internacionais, todos publicados em seu perfil no Facebook. “Ao longo de minha vida, aprendi a adaptar meu corpo ao mundo”, declarou na entrevista.
Na Itália, em 2000, encontrou o papa João Paulo II. “Ele chegou, me abençoou, abraçou, me deu um beijo na testa e um rosário que guardo como relíquia”, contou à Folha de São Paulo. Em 2014 foi a vez de conhecer o papa Francisco, no Rio de Janeiro.
Segundo ele, as duas bênçãos papais o fortaleceram, tanto pessoal quanto profissionalmente. “Nunca mais deixei de receber convites”. Em 2014, foi duas vezes aos Estados Unidos. Em uma delas, palestrou para dependentes químicos na Filadélfia.
Em 2015, um grupo de pesquisadores da Universidade de Harvard (EUA) e de Brunel, em Londres, esteve na cidade natal de Claudio, em Monte Santo, para examiná-lo. Também no ano passado, uma equipe de médicos da Filadélfia chegou a propor uma cirurgia corretiva experimental, mas ele recusou. A chance de sucesso de corrigir o pescoço sem que ele fique paralisado da cabeça para baixo é menor que 10%.
“Não quero, nesta altura da vida, aos 40 anos, mexer em um corpo que foi obrigado a se adaptar por décadas. E se eu ficar ainda mais dependente? Mil vezes ser assim e poder viajar, sair com amigos, conhecer pessoas” diz.
O livro ‘O mundo está ao contrário’ (Bella Editora) pode ser encontrado à venda na Livraria da Folha, Saraiva e Cultura.
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Mário Preto |
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