DIRETO DA PRAÇA

paulo-piresDIRETO DA PRAÇA: “Por  termos dentro de nós
 uma alma imortal,
parcela da divindade,
devemos ser sagrados para nós mesmos.”

                                                           Émile Durkheim

 

 Segue as reflexões e posicionamento do professor mestre Paulo Pires.

 

                                                                                                                                  

IMPLICÂNCIA COM O PSDB?

            Algumas pessoas estão acusando este colunista [?] de ser tendencioso e viver disseminando idéias contrárias ao projeto peessedebista de governo. Não sou contra o PSDB. Sou contra o que este Partido deixou de fazer. Principalmente quando assumiu o governo do Brasil no período de janeiro/95 a dezembro/2002. Sim, infelizmente, aquela infausta gestão, num período relativamente longo [8 anos] me levou a assumir posição contrária ao projeto administrativo realizado pelos tucanos. Francamente, não estou arrependido em estar do lado oposto. O que acabo de afirmar não pode ser encarado como tendenciosidade, mas sim como uma manifesta declaração que não estou ao lado do senhor Serra ou do senhor Fernando Henrique. Isso é legítimo  republicano. Vergonhoso seria a desfaçatez.

TINHA UMA PEDRA NO MEIO DO CAMINHO

            Após oito anos de governo improdutivo, doutor Fernando Henrique deixou a presidência sob baixíssima aprovação e reconhecimento popular.  O pouco que fizera [ele mesmo declarou isto em depoimento à TV CÂMARA] o levou a dedicar-se à sua ONG juntamente com o ex-presidente do México Ernesto Zedillo e o da Colômbia César Gavíria.  Fernando Henrique é um brasileiro excepcional, um homem de grandes dotes morais, possuidor de uma capacidade incrível de seduzir pessoas. Infelizmente não fez um bom governo. O Plano Real tão propalado pelo PSDB foi idealizado e implantando no governo Itamar Franco. Não se pode deixar de mencionar que os arquitetos e engenheiros econômicos que o elaboraram pertenciam ao PSDB. Mas o Plano [MP 542/94, de 30/06/94] efetivamente ocorreu por inspiração e no governo Itamar Franco. Este não disfarça ironias dirigidas ao pessoal do PSDB quando este associa o Plano exclusivamente ao senhor Fernando Henrique. Mas, e a pedra? Bem a pedra é uma metáfora que sempre se interpõe entre o caminho e o caminhante. Como geralmente ocorre na vida, e foi poeticamente descrito pelo inesquecível Drummond, há sempre uma pedra no meio do caminho. Neste caso a pedra é um ex-líder sindical chamado Lula da Silva.

DA POLÍTICA À CAMPANHA PRESIDENDIAL DE 2010

            Na campanha de 2010 dois candidatos estão disputando a presidência do Brasil no segundo turno. O mais votado no primeiro foi a candidata do PT, senhora Dilma Roussef (em quem este colunista  agora vai votar). Em segundo lugar ficou o ex-governador de São Paulo doutor José Serra. Os analistas políticos mais isentos (temos no Brasil alguns que não o são), afirmam peremptoriamente que são dois bons candidatos. O senhor José Serra tem um biografia invejável. O homem já experimentou todos os cargos públicos possíveis (acho que menos o de vereador). Os demais cargos de nossa República foram devidamente vivenciados pelo experiente político. Pelo lado do PT temos a senhora Dilma Roussef, que por incrível que pareça nunca exerceu cargo legislativo. Portanto, nunca foi eleita para nada [em votação direta], mas demonstrou não ser inapetente para buscar votos [ninguém pode esconder que Lula lhe ensinou direitinho]. Enfim, são dois candidatos que tem tudo para fazer excelentes governos. O Serra teria mais dificuldade em governar, considerando que o Congresso constituído a partir de janeiro de 2011, é de maioria Lulista. Pior ainda se levarmos em conta o que disse dele [de Serra] o deputado Arnaldo Faria de Sá, PTB-SP: “Serra é um homem cheio de senões!”.  Isso dificultaria bastante suas relações com as Casas Legislativas.  Em minha avaliação os dois são bons candidatos. Este colunista, que agora vai votar em Dilma Roussef, não pode omitir que as chances para a escolhida de Lula são muito maiores que as do ex-governador de São Paulo. Com ou sem o apoio de Marina Silva. Esta ainda vai avaliar se fica com Dilma ou com Serra. Fará uma consulta às bases para tanto. Se não estou errado, ela vai para o lado de Dilma (mesmo contra as bases, se for o caso). É possível dizer que até aos olhos de um observador menos agudo, fica claro que apesar das divergências  Marina/PT, o pessoal a quem ela combateu durante toda sua vida,   hoje está ao lado de Serra. Como ficar agora ao lado de quem tanto combateu? É por causa disso que considero remota a hipótese de Marina e sua Base aprovarem um apoio a doutor Serra. A lógica nos leva a essa óbvia constatação.  Mas, como a lógica morreu em 1951… Quem é que sabe?