por Gabriel Rios
Foto: Priscila Melo / Bahia Notícias
A Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia (Sudesb) terá um 2019 diferente. Após 51 anos, o estado volta a sediar os Jogos Universitários Brasileiros (JUBs), principal competição universitária da América Latina. Diretor-geral da entidade, Elias Dourado sabe da importância de receber o evento.
“Aprovamos junto à CBDU [Confederação Brasileira do Desporto Universitário] a realização do JUBs na Bahia. É um desafio. O evento vai acontecer em outubro e já estamos tomando providência. Foi feita uma vistoria técnica da equipe da CBDU em Salvador, Lauro de Freitas e no SESI de Simões Filho. Em janeiro será instalado o comitê gestor, que vai tomar todas as providências para essas análises. Em Salvador teremos o [Estádio de] Pituaçu, o ginásio de Cajazeiras, o Centro Pan-Americano de Judô, a piscina olímpica… Esse planejamento já foi bem definido. Instalado o comitê gestor, a gente já começa a trabalhar a preparação”.
Em entrevista ao Bahia Notícias, o dirigente também falou sobre os projetos do órgão baiano e das prioridades para a atual temporada. “Além do JUBs, pretendemos realizar as Olimpíadas Escolares da Bahia, é o nosso grande desafio. Continuamos nossa forte parceria com as federações para os eventos de alto rendimento e revelando atletas”, salientou. Ele ainda prevê que as obras para o Centro de Boxe do estado, prometido pelo governador Rui Costa em 2016, devem começar ainda no início deste ano.
Algumas Federações reclamaram de falta de apoio. Muitos atletas procuram a imprensa para divulgar vaquinhas para arrecadar dinheiro e poder disputar competições nacionais e internacionais, dizendo que não encontraram apoio da Sudesb. Como é feito esse processo e o que eles precisam fazer ou apresentar para conseguir uma ajuda do estado?
Nós temos algumas formas de apoio ao chamado esporte de alto rendimento. Sempre esses apoios têm a ver com a manifestação das federações. Não existe atleta de alto rendimento sem ser vinculado a uma federação da sua modalidade. No caso da Bahia, as federações têm um vínculo formal com o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e algumas modalidades podem ter mais de uma Federação, mas temos o dever de receber e responder as que tem o vínculo com o COB. Temos o Programa “Bolsa Esporte”, ele apoia os atletas de alto rendimento a partir do seu ranking. Temos vários tipos de bolsas dentro do programa. Temos as bolsas para os atletas de porte internacional, nacional, estadual, e uma pequena parcela do recurso que é usado para o talento esportivo, que beneficia jovens e crianças. No Faz Atleta, que é um programa de um período de carreira de um, dois ou três anos para esses atletas, bancado por uma empresa que tem aquele recurso investido no atleta, a empresa recebe 80% daquele valor investido. Se ela investe R$ 100 mil no atleta, ela recebe uma devolução de R$ 80 mil via ICMS. Além disso, para os atletas que não são beneficiados em nenhum desses dois programas, a Sudesb tem um contrato de passagens aéreas e terrestres que são cedidas a eles. É um apoio pontual e que fazemos sempre que a federação solicita. Temos também convênios com essas federações que apoiam seleções.
O Faz Atleta é um programa estadual de incentivo ao esporte amador olímpico e paralímpico. Como funciona o programa e como esses atletas são selecionados para receber o benefício?
Existe um comitê gestor composto por representantes da Setre [Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte], Sudesb, Secretaria da Fazenda e de várias federações que indicaram seus atuais presidentes. O comitê é composto por nove representantes. O Faz Atleta tem uma dinâmica ágil. Se o atleta tem um projeto e a sua federação homologou seu ranking e ele encontra uma empresa parceira, essa aprovação se dá de maneira quase que automática. Em duas semanas a gente aprova, emite a carta à empresa autorizando o depósito na conta que o atleta indicou… então é uma dinâmica rápida. Tendo a empresa e o projeto bem desenhado, a aprovação é imediata e automaticamente ele já começa a receber o recurso no mês seguinte. Outra vantagem é que ali cabem diversas despesas do atleta, como passagens, hotel, alimentação, serviços médicos e cabe também um apoio ao treinador.
Em 2019, Salvador volta a receber o JUBs. Como será feita a preparação dos atletas universitários? E quanto à estrutura, está tudo pronto? Não só a parte esportiva, mas também quais melhorias deverão ser feitas para receber o evento? Como está esse processo de preparação?
Aprovamos junto à CBDU a realização do JUBs na Bahia. É um desafio. O evento vai acontecer em outubro e já estamos tomando providência. Foi feita uma vistoria técnica da equipe da CBDU em Salvador, Lauro de Freitas e no SESI de Simões Filho. Em janeiro será instalado o comitê gestor, que vai tomar todas as providências para essas análises. Em Salvador teremos o Pituaçu, o ginásio de Cajazeiras, o Centro Pan-Americano de Judô, a piscina olímpica… Esse planejamento já foi bem definido. Instalado o comitê gestor, a gente já começa a trabalhar a preparação. Fica faltando uma coisa que não depende só de nós. Desejamos que fazendo o JUBs na Bahia, as universidades baianas tenham um bom desempenho. Estamos dialogando com os reitores para saber de que maneira o estado pode apoiar. A iniciativa principal será das universidades, mas a Setre e a Sudesb têm se colocado à disposição. Quem tem o melhor trabalho atualmente é o IFBA. Estamos em dialogo com a UFBA para que faça uma atividade dessa forma, também com as estaduais e aguardando a iniciativa das particulares, pois algumas delas já têm essas atividades. Terão, dentro do possível, o apoio do estado para desenvolver atletas e seleções, para que possamos ter o maior número de medalhas em 2019. Provavelmente o centro de gestão do JUBs será no Centro Pan-Americano de Judô, então temos uma rede hoteleira ao lado. Claro que será necessário melhorar a internet, a comunicação… Mas com a visita técnica da CBDU, ela diagnosticou que não só os equipamentos esportivos, mas o aparato hoteleiro que Salvador dispõe serve perfeitamente para esse atendimento. Agora vamos para os ajustes mais precisos para utilizar essa infraestrutura que já dispomos.
Elias Dourado diz que planejamento para JUBs está bem definido | Foto: Priscila Melo / Bahia Notícias
Em julho deste ano, quando foi inaugurado o Centro de Treinamento de Canoagem de Itacaré, foi anunciado que os outros dois centros de Ubatã e Ubaitaba já estavam em fase de final de construção. Qual é a previsão para a inauguração desses dois equipamentos?
Nós temos essas obras avançadas. Nosso desejo era que fossem entregues em dezembro, mas não foi possível por um detalhe em um e um detalhe em outro. Em Ubaitaba tivemos um problema com adequação ao rio, pois é muito forte. Mas o prédio já está praticamente pronto, falta o píer e o acesso ao rio. Ele é feito praticamente em cima do rio, então tem uma característica muito especial. Em Ubatã, a obra está bem adiantada, mas além da obra física do centro, tivemos que montar uma estrutura complementar de acesso ao rio. Ele é muito íngreme e muito acidentado. Três quilômetros ao lado tem um lago natural, que será o melhor lugar para treinamento e acesso ao rio. Temos que montar uma logística para receber essas crianças. Os dois centros estão praticamente prontos. Por tudo que já está sendo feito, até março devemos inaugurá-los.
Após o boxeador Robson Conceição ter conquistado a medalha de ouro de boxe nos Jogos Olímpicos de 2016, o governador Rui Costa prometeu construir um centro de apoio da modalidade. Estamos no final de 2018 e até agora nada. O que falta para esse equipamento sair do papel?
Esse projeto é algo importante que o governador tem nos cobrado sempre. É bom deixar claro que já existe uma parceria do governo com a federação de boxe. Recentemente fizemos na Bahia o Campeonato Brasileiro de Boxe Olímpico, que aconteceu no ginásio de Cajazeiras. O centro tem alguma dificuldade, pois tem um grau de complexidade maior. É um centro multiuso de boxe, mas permite também atividades sociais e envolve realização de treinamentos de boxe, então isso dificultou o projeto. Além do mais, a escolha do local, que é na cidade baixa, criou uma dificuldade de encontrar o terreno adequado. Já estamos com a empresa contratada para finalizar os projetos complementares, então em 2019 a gente inicia essa construção. Houve de fato um atraso de elaboração do projeto e da adequação da área mais apropriada para fazer o Centro de Boxe. Provavelmente no início do ano a gente comece essas obras. Faltam detalhes técnicos.
Ainda falando de boxe e de lutas. Desde o Balbininho, o estado ainda não tem um local para sediar eventos desse tipo, sendo que a Bahia sempre teve atletas de destaque como o próprio Robson, Popó, na luta temos Rodrigo Minotauro e Rogério Minotouro, além do catarinense radicado em Salvador, Junior Cigano. Por que não aproveitar o surgimento desses atletas para fomentar essas modalidades começando por um espaço que sirva de palco para eventos?
No momento, em função da crise que vivemos no país, queremos muito mais otimizar o uso do que já dispomos. O ginásio de Cajazeiras é perfeitamente pronto para receber essas modalidades: futsal, basquete, vôlei, handebol, as diversas lutas… Tivemos recentemente um evento internacional de jiu-jitsu. A novidade que temos é o fortalecimento do Centro Pan-Americano de judô, que agora será multiuso. Fizemos um grande campeonato brasileiro de karatê com quase três mil atletas. Eventos de judô têm acontecido o tempo todo. Também é a casa de diversas modalidades. Atualmente tem se levado em conta a questão do custo-benefício. Com o ginásio de Cajazeiras, serve um público de 1.900 pessoas sentadas e tem um equipamento de uso sempre dinâmico, e o de judô estamos supridos para cumprir. Tanto que vamos receber JUBs e não vamos precisar construir nenhum equipamento nessa condição. Em princípio, a tendência é que a gente utilize o que temos aqui. Além desses, temos 38 ginásios do estado da Bahia no interior. Os principais municípios baianos têm ginásios nossos. Temos um paradoxo no que diz respeito a equipamentos esportivos, que às vezes temos uma imensa carência e muitas vezes temos algum desperdício. Então a nossa busca é otimizar o uso desses equipamentos.
Dirigente afirma que ginásio de Cajazeiras está pronto para receber várias modalidades | Foto: Foto: Manu Dias/GOVBA
A Bahia é precária em estrutura para alguns esportes mais acessíveis às crianças carentes, como por exemplo, o atletismo. Em Salvador, o único local, com alguma condição, que os atletas recorrem é o Complexo Esportivo da UFBA. Existe algum projeto para construção de centros de treinamento para essa modalidade?
O atletismo é uma modalidade fortíssima na Bahia. Temos inúmeras corridas de rua, ligadas ao atletismo, e a Sudesb tem apoiado. De fato precisamos de uma boa pista de atletismo. Temos a pista do Sesi, que utilizaremos no JUBs, mas precisará de algumas reformas. Temos equipamento em Dendenzeiros no quartel, tem uma pista que a Sudesb construiu, com área de arremesso e toda a estrutura, mas ainda não é o suficiente para atender a essa modalidade. Temos desejado fortalecer essa parceria com o Sesi. Estamos trabalhando também com a ideia de massificar o atletismo. O governador autorizou a construção de 12 pistas de atletismo em diversos municípios do interior. Essas pistas estão sendo construídas em parceria com a Polícia Militar (PM), elas ficam nos batalhões, só que elas serão utilizadas para as tropas e para a sociedade. Confesso que realmente precisamos urgentemente de equacionar uma pista de atletismo e estamos negociando para ver se a gente consegue viabilizar no próprio Pituaçu. Temos inclusive um estudo de uma pista de oito raias. O ideal seria de 10, mas a gente pode avançar para que essa pista seja implantada e sirva para essas competições maiores. O atletismo merece. Também, a parceria com a UFBA que é muito positiva e buscaremos melhorar os seus equipamentos e otimizar o seu uso.
Passando para outra modalidade, o Triathlon. A Bahia já trouxe uma prova importante de triatlo de rua para Salvador, a Challenge Family, que acontece em 22 países. Existe a intenção de trazer também uma prova de Ironman, que já acontece em Florianópolis, Rio de Janeiro, Maceió e Fortaleza, para Salvador?
A Sudesb sempre trabalha com o esporte na modalidade olímpica. Por exemplo, nós apoiamos o surf olímpico, mas não podemos apoiar o profissional por ter aspectos da lei que impedem. No boxe, Robson foi atleta nosso com bolsa, enquanto era atleta olímpico… Agora, a nossa relação com a Federação Baiana de Triathlon e com a Confederação Brasileira de Triathlon é extremamente positiva. Temos apoiado eventos aqui em Salvador e no interior. Por exemplo, a prova nacional em Vitória da Conquista, o CaatingaTRI. Então, o recorte é ver até onde o evento é olímpico, que aí podemos apoiar. Dialogando com as entidades, a gente sempre encontra o melhor caminho para receber essas grandes competições.
Dourado conta as prioridades da entidade para 2019 | Foto: Priscila Melo / Bahia Notícias
Quais as prioridades da Sudesb em 2019?
Temos um imenso desafio lançado pelo governador Rui Costa. Ele quer que realizemos as Olimpíadas Escolares. Temos atualmente os Jogos Escolares da Juventude. Fizemos a etapa estadual, preparamos as nossas delegações e levamos para Natal-RN, que sediou a etapa nacional. Conquistamos 19 medalhas com nossos estudantes. Está sendo construído junto com a Secretaria de Educação, que tenhamos as Olimpíadas Escolares na Bahia. Teremos a etapa territorial, depois as cinco zonais e por último a etapa final em Salvador. O desejo do governador é para que as modalidades esportivas sejam práticas comuns nas escolas. Nós trabalhamos com dois grupos. Um com jovens de 12 a 14 anos e outro de 15 a 17. Já existe todo um sistema de gestão desses jogos. Além do JUBs, pretendemos fazer as Olimpíadas Escolares da Bahia, é o nosso grande desafio. Continuamos nossa forte parceria com as federações para os eventos de alto rendimento e revelando atletas. Especialmente a nossa Copa 2 de Julho de Sub-15. Por fim, atividades nas diversas modalidades, que é o nosso cotidiano.
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