por Fernando Duarte
Do viaduto na Avenida Paralela à ocupação da cadeira do Senado em Brasília, o Brasil vive momentos que remontam à adolescência. Ou birras não remetem àquela disputa com um antigo colega da 5ª série? Salvador viveu dois dias sob a expectativa da inauguração do viaduto, praticamente batizado de Eliana Kértesz, e a reação do governador Rui Costa frente à liberação da via pela Transalvador antes da inauguração oficial. Foi frustrante. Ao invés de tecer qualquer comentário, Rui preferiu falar sobre “coisas alegres”. É esperto da parte dele fugir de polêmicas – ainda que os ventos soprem favoráveis a ele, como foi o caso. Ruim para a imprensa, que gosta do mar ardente. Se na capital baiana a disputa infantil foi sobre a paternidade de um viaduto e quem tinha o direito de andar nele primeiro, no Senado a confusão foi formada quando a senadora Fátima Nunes (PT-RN) resolveu não arredar o pé da cadeira do presidente, Eunício Oliveira (PMDB-CE), durante a votação da reforma trabalhista na Casa. A birra, justificada como protesto para votação de um destaque em defesa dos direitos femininos na reforma, resultou em cenas memoráveis: Fátima, Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) e Gleisi Hoffman (PT-PR) almoçando, sob a luz de celulares, na mesa diretora do Senado. Uma cena quase romântica, ao tempo em que era melancólica. Lídice da Mata (PSB-BA) e Regina Sousa (PT-PI) completavam a trupe que permitiu um espetáculo à parte da discussão. O objetivo de obstruir a votação foi atingido, ainda que de maneira esdrúxula. Eunício não removeu nenhuma delas, porém mandou cortar o microfone e apagar as luzes do Senado. Foi o momento ideal para transmissões ao vivo, feitas pelas próprias senadoras, inundarem as redes sociais. A estratégia logrou êxito e piadas, mas não deve mudar o resultado final. Tal qual o viaduto da Avenida Paralela. Este trecho integra o comentário para a RBN Digital, que foi ao ar às 7h e tem reprise às 12h30.
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