Artigo.
Por Sara Reis – Jornalista
Sempre gostei de observar os pequenos detalhes, principalmente na natureza. E após quatro anos, passando pela estrada da Universidade de ônibus, logo que terminei o curso escrevi a seguinte mensagem: ‘Do caminho ficam as lembranças…Das árvores floridas, do pôr-do-sol, das conversas. Depois que a gente chega ao destino final…restam apenas as recordações do que vimos e as amizades que construímos. Muitas vezes fugimos das distrações e de tudo o que não diz respeito ao alvo que queremos atingir, mas é importante lembrar…O que guardamos do caminho é justamente aquilo que nos parecia menos útil’.
No entanto, apesar de guardar boas lembranças da caminho, existia algo que eu não poderia perceber, pois o barulho do ônibus me impedia. Só consegui notar num passeio de bicicleta numa manhã de domingo, já neste ano. Depois de muito pedalar, alcancei a ciclovia, quando me cansei, o banco surgiu como um convite, então parei para descansar e comecei a ouvir o silêncio, quebrado apenas pelo canto dos pássaros e pelos passos dos poucos que faziam caminhada. No momento fui inundada por uma grande paz. Ali não havia espaço para a ansiedade, nem para as preocupações cotidianas. Enquanto isso,eu era tocada pelos suaves raios solares e pela brisa típica daquele local. Então me dei conta de que tudo aquilo era o quase-silêncio. E como ele faz bem! Pode parecer monótono para alguns, mas o coração precisa de momentos como este. É nessa hora que nos sentimos mais perto de Deus e encontramos respostas para os clamores da nossa alma.
No entanto, ao observar mais próximo do asfalto comecei a ver espaços demarcados, placas anunciando construções futuras, sem contar com os prédios públicos que já estão preenchendo a estrada da Uesb. Então um pensamento me chamou de volta à realidade: “Será quanto tempo esta maravilha pode durar?”. Afinal, aquele local hoje é supervalorizado por ser próximo à Universidade e é muito grande a demanda por terrenos ali.
Tenho certeza de que se os nossos governantes, os empresários e cidadãos que comprarem terrenos naquele local, pedalarem ou fizerem uma caminhada por ali irão entender o que senti e poderão até construir, mas certamente irão plantar árvores para que as aves façam ali os seus ninhos e continuem cantando. Desta forma, certamente será preservado o que estou chamando de quase-silêncio.
Como não sabemos o que pode acontecer, vou continuar pedalando e para você, deixo as seguintes recomendações:
Um convite especial: aproveite as manhãs de sol e faça passeios como este. A Avenida Olívia Flores, a Avenida Juracy Magalhães e o Parque das Bateias são locais ideais para este tipo de programa. E o melhor: faz bem ao corpo e à alma.
Um conselho: se você tiver filhos, leve-os, certamente eles nunca se esquecerão.
Dicas para o ciclista: no domingo pela manhã, o trânsito é mais tranqüilo para se chegar a esses locais. Revise a bicicleta antes, leve água e use protetor solar.
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