Depois de atravessar o samba do PT e do PSDB em São Paulo, Gilberto Kassab, presidente do PSD, foi exibir em Recife seus dotes de folião da política. Reuniu-se reservadamente na sede do governo pernambucano, o Palácio do Campos das Princesas, com o governador Eduardo Campos, mandachuva do PSB.
Encerrada a reunião, a dupla concedeu uma entrevista coletiva. Kassab explicou sua inusitada presença na cena carnavalesca de Recife assim: “Hoje estou aqui diante do grande líder do PSB, parceiro do PSD, meu líder Eduardo Campos.”
Como que decidido a esmerar-se nos afagos, Kassab acrescentou: “No plano nacional, Eduardo Campos é a grande liderança da nova geração. E eu tenho a tranquilidade de confiar a ele minha condição de liderado.”
Ficou subentendido que o PSD de Kassab, nascido de uma costela do conservador DEM, associa-se ao projeto presidencial de Eduardo Campos, um socialista de resultados cuja desenvoltura espanta o petismo e inquieta o tucanato.
Eduardo Campos disse que, no Congresso, o seu PSB e o PSD de Kassab já atuam como um bloco. Visto como curto-circuito esperando para acontecer, ele cuidou de realçar que as duas legendas apoiam a gestão petista de Dilma Rousseff.
Lembrou que, no final do ano passado, os votos providos pela parceria ajudaram a prorrogar a DRU, aquela ferramenta fiscal que autoriza o governo a usar como bem entender 20% do Orçamento da União.
Concluída a fase dos salamaleques, Kassab foi instado a comentar o desenrolar do baile municipal de São Paulo. Abriu as portas do PSD para o tucano José Serra. Sem fechar a janela que escancarara para o petista Fernando Haddad.
Kassab reiterou: se Serra decidir disputar a prefeitura de São Paulo, terá o seu apoio incondicional. Mas reafirmou: se Serra optar por não entrar na briga, há chances concretas de associar-se à caravana petista de Haddad.
Depois de demonstrar que traz roldanas na cintura, Kassab foi ao samba. Acompanhou Eduardo Campos no camarote oficial do desfile do Galo da Madrugada, o mais tradicional bloco carnavalesco de Pernambuco.
Kassab passou menos de duas horas no camarote. Testemunhou a abertura da apresentação de Fafá de Belém. Do alto de um caminhão de trio elétrico, Fafá entoou o hino de Pernambuco.
Antes de voar de volta para São Paulo, Kassab declarou-se impressionado com o espírito do folião pernambucano. Modéstia. Nenhum o supera em desenvoltura e ecletismo.
Deixe seu comentário