A primeira noite de desfiles das escolas de samba do Rio foi de muitas homenagens no Sambódromo. A maior festa do mundo está de casa nova. As arquibancadas agora ficam lotadas dos dois lados. Na visão que se tem dos desfiles das novas arquibancadas, a Marquês de Sapucaí ficou muito mais bonita e bem maior. Tem lugar para 72,5 mil pessoas. São 12,5 mil vozes a mais este ano para ajudar a empurrar as escolas de samba na Avenida.
Vozes vindas de vários lugares. Uma americana conta que adorou. “É fabuloso, não há nada igual no mundo”, ela disse. Japonesas não largaram as câmeras.
A Renascer de Jacarepaguá foi a primeira a desfilar. Homenageou o pintor brasileiro Romero Britto na estreia da escola no Grupo Especial.
A Portela veio em seguida com a Bahia. Na Avenida, houve distribuição de fitas do Senhor do Bonfim. A águia, símbolo da escola, veio dourada, acompanhada de Marisa Monte e Paulinho da Viola. Era a estreia de Daniela Mercury na Sapucaí.
Com a Imperatriz Leopoldinense, a Bahia continuou na Sapucaí. A escola lembrou Jorge Amado e trouxe um carrossel na comissão de frente com os capitães de areia, personagens de uma das maiores obras do escritor. À frente da bateria, mais uma vez, Luiza Brunet, rainha dos ritmistas desde 1995. Ela passou mal antes de entrar na Avenida.
“Acho que junta emoção e fantasia. Tive uma queda de pressão”, contou.
O carro do Pelourinho teve problemas ainda na concentração, obrigando a Imperatriz a usar todo o tempo para o desfile. O último integrante da escola cruzou a linha no último minuto.
A Mocidade Independente de Padre Miguel homenageou Cândido Portinari. A pintura “Café” foi representada por um carro que espalhou o cheiro de cafezinho na Avenida. Mas a escola teve problemas com o abre-alas. O carro bateu na grade que separa o público da Passarela do Samba. Ninguém se machucou, mas o acidente atrapalhou o desfile.
A Porto da Pedra decidiu contar a história do leite. Na comissão de frente, lactobacilos saltitantes. Destaque para as belas mulheres e para o abre-alas.
A atual campeã, Beija-Flor, agitou a arquibancada falando de São Luis, a capital do Maranhão, e veio cheia de novidades: pandeirões na bateria e uma comissão de frente que deu vida a uma serpente. No último carro, uma homenagem a Joãosinho Trinta, que morreu em dezembro do ano passado: uma imagem do carnavalesco que lembrou o Cristo mendigo de 1989, proibido de ser mostrado pela Justiça.
A última escola da primeira noite de desfiles foi a Unidos de Vila Isabel, que mostrou um pouco da história de Angola. A comissão de frente da escola foi um show à parte. Uma savana africana surgiu na Avenida com um rinoceronte que se desmontava e revelava zebras e leões correndo na vegetação. Depois da primeira noite, pelo menos nos quesitos empolgação e aprovação, o novo Sambódromo ganhou nota dez.
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