Encenada pelo grupo teatral Raízes, a peça já é tradição no Seminário Nossa Senhora de Fátima
Na noite do domingo de Páscoa, dia 16, minutos antes de entrarem em cena com a peça “A Paixão de Cristo”, no Seminário Nossa Senhora de Fátima, os atores do grupo teatral Raízes se reuniram numa área reservada e rezaram em círculo. Era a ocasião pela qual eles esperavam, após dois meses de ensaios.
A poucos metros dali, no pátio, centenas de pessoas, católicas ou não, aguardavam pelo início do espetáculo. Parte delas havia participado da missa, que se encerrara às 18h30, e resolvera ficar para acompanhar a peça. Outra parte fora atraída pela tradição do espetáculo. Afinal, a “Paixão” é encenada há 45 anos, dos quais, os últimos 28 têm sido a cargo do grupo Raízes.
Juntos, em círculo e de mãos dadas, depois de rezarem um Pai-Nosso e uma Ave-Maria, os atores se incentivaram entre si. “Jesus é por nós”, disse a eles o diretor da peça, Beto Gonçalves, que é também coordenador municipal de Igualdade Racial.
Foi a terceira vez consecutiva que o ator Fábio Leandro Santos, 21 anos, interpretou o papel de Jesus Cristo. “É sempre uma sensação muito forte”, afirmou, pouco antes de entrar em cena. A dimensão de seu personagem, embora seja intensa, parece não intimidá-lo. “Você está retratando o papel do cara mais importante da humanidade. Um cara que foi muito revolucionário. O cara mais anarquista de toda a história”, observou.
‘Paz interior’ – No palco, depois de sintetizar em duas horas de espetáculo os últimos e dolorosos momentos da trajetória de Cristo, a peça se encerra com a “ressurreição” da personagem. Nesse momento, em meio ao som estridente de fogos de artifício e da trilha sonora dramática, ele aparece por detrás de uma parede e é içado por um guindaste a quase trinta metros de altura.
O próprio intérprete, Fábio, reconhece que se contagia com o clima que ajuda a criar. “Toda peça eu choro. Choro mais que o público. E adoro o carinho das pessoas que vêm assistir. Dos católicos, de gente que não é católica e que também vem. Acho bem bacana”, disse o ator.
O eletricista Edevaldo Teoli, 52 anos, foi um dos que aplaudiram e se emocionaram. Diferentemente de muitos ali presentes, ele assistiu ao espetáculo pela primeira vez. “Muito emocionante. Profissionalismo total. Traz para a gente não só o visual, mas também aquela paz interior”, comentou. “Muito maravilhoso. Muito gratificante. Prazeroso”.
‘Noite de emoção’ – Presente ao que descreveu como “uma noite de emoção”, o prefeito Herzem Gusmão destacou o papel do diretor do espetáculo, Beto Gonçalves. “Quero parabenizá-lo pela persistência”, disse. E afirmou que o apoio do poder público municipal continuará a ser disponibilizado nos próximos anos.
“A Prefeitura vai continuar sendo parceira, patrocinadora, contribuindo com esse evento”, garantiu o prefeito. “Nós sabemos que Vitória da Conquista é uma cidade de cristãos. Cristãos evangélicos, católicos, espíritas e de outras religiões. Portanto, estou muito feliz em estar aqui com alguns secretários”, concluiu.
Gabinete Civil 17/04/2017
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