Na Audiência Pública realizada na Câmara de vereadores de Conquista, centenas de estudantes da Escola Normal estiveram presente, para prestigiarem o evento, que praticamente não foi dada a devida atenção e reconhecimento pelos edis, exceto aos convidados que compôs a mesa, que aliás, fizeram seus argumentos de forma brilhante. Pontuando fatos vivenciados como profissionais e como ente que também tiveram suas formação acadêmica na entidade.
O plenário Vereadora Carmem Lúcia, da Câmara de Vereadores de Conquista lotou com as presenças, de estudantes, professores e ex-professores, e ex-alunos, funcionários e da sua atual diretoria. O Instituto Euclides Dantas – IEED completa 63 anos de existência.
Foi realizada na câmara Municipal de Vitória da Conquista (CMVC) nessa quinta (09), a Audiência Pública, proposta pelo vereador Hermínio Oliveira (SD), em comemoração aos 63 anos do Instituto de Educação Euclides Dantas (IEED), conhecido como Escola Normal. O plenário Carmem Lúcia estava lotado com a presença de professores e alunos da instituição.
O vereador Hermínio Oliveira (SD) iniciou seu pronunciamento parabenizando a escola pelos 63 anos de existência, ressaltando a a formação de vários homens e mulheres que contribuíram para o desenvolvimento de Vitória da Conquista. Para o parlamentar, a escola que foi fundada em 1952, “foi um grande acontecimento na comunidade. A sua configuração arquitetônica, diferente de qualquer outra construção da época na cidade, evidenciava, com seu projeto inovador”. Afirmou que nesses 60 anos de história a “Escola Normal preparou milhares de professores e chega aos dias atuais ainda como uma referência em educação”.
Na oportunidade, sobre o que dizem a respeito do fechamento do IEED, pediu ao diretor e aos presentes na sessão “que tomem uma atitude de não deixar fechar a escola que educou pessoas que estão em todos os segmentos da sociedade. O Diretor da Direc-20 (20ª Diretoria Regional de Educação), Ricardo Costa, tem a cultura de fechar escolas em nossa terra” citando a Dirlene Mendonça, a Maria Viana e o Marcelo Rangel Pestana com mais de 50 anos de existência. “Não vamos admitir que essa escola histórica seja fechada por esse diretor da Direc”.
A professora e integrante do PROLER (Programa Nacional de Incentivo à Leitura da Fundação Biblioteca Nacional), Heleusa Figueira Câmara, ex-aluna da escola normal e que também já foi Secretária de Educação, disse que a “Escola Normal faz parte do meu coração”, sendo nessa instituição sua conclusão do curso científico. Destacou o importante papel que a escola teve para as mulheres, afirmando que na sua época estudantil, era raro concluir o ginásio, pois “casavam cedo e iam cuidar da casa”. Com o IEED, as mulheres obtiveram o diploma de magistério. “Era crescimento intelecutal e importante fator econômico para melhorar a condição de vida das mulheres. Elas foram trabalhar na educação com certificado. O diploma de magistério da Escola Normal era importantíssimo para as mulheres”. Finalizou destacando que “a educação se faz não somente com a escola e o professor, mas com o interesse daqueles que lá se encontram para a troca do saber. Os alunos são peças fundamentais no crescimento do nosso país”.
Wilma Carinhanha, representando o professor Ricardo costa de Moraes, responsável pela 20ª Diretoria Regional de Educação (Direc-20), iniciou seu pronunciamento afirmando que “essa escola tem uma história muito bonita. É um patrimônio de Vitória da Conquista”. Na sequência ela disse que “em nenhum momento se discutiu o fechamento do IEED. Um absurdo. A Escola Normal tem história de 63 anos muito bonita. As mulheres que não tinham oportunidade de estudar, fizeram o curso normal para se tornar professoras”.
Ela esclareceu que a discussão está na transferência do ensino fundamental para o município, mas “os cursos técnicos, profissionalizantes, o ensino médio são de responsabilidade do Estado. Não se pode pensar em fechar escola, principalmente a Normal”. Finalizou dizendo que a escola de uma história tão bonita, continuará tendo outras histórias muito bonitas.
O ex-aluno, ex-presidente do Grêmio Estudantil e primeiro estudante da História da Educação Baiana a presidir um colegiado escolar, Luiz Augusto Cardoso, iniciou seu pronunciamento dizendo que a “escola tem importância na minha vida, pois ali, na formação que tive com os professores, pequenos bate papos e resenhas, eu pude ter e carregar comigo, um outro pensar sobre o próximo”. Na sequência, dirigindo-se a representante da Direc-20, Vilma Carinhanha, disse que “nunca se discutiu o fechamento da escola e fecharam três. Nunca se discutiu o fechamento do magistério e acabou”. Salientou que o governo forma técnico em várias áreas, mas deixou de lado a formação de professores. “Antes de acabar com o magistério, deveriam ter apresentado a proposta, o porque do fechamento, deveriam ter escutado a comunidade escolar e aqueles que por ali passaram”. Finalizou seu pronunciamento dizendo que “A comunidade não quer ouvir boato de fechamento da escola. Quer ouvir de melhorar qualidade na educação, de melhores condições de trabalho. Quer ver a escola aberta porque não pertence ao governo, mas a comunidade”.
A ex-aluna e ex-professora, Maria Helena Teles, destacou que a escola desempenha, desde o início de sua trajetória, uma importante função. “A nossa Escola Normal desempenha há 63 anos um importante papel que diz respeito à mediação cultural, a divulgação do saber”, disse a professora, para quem a criação da Escola Normal alterou o rumo da educação de Vitória da Conquista que até a sua abertura contava apenas com escolas do curso primário e com o extinto Ginásio de Vitória da Conquista. Ela apontou ainda que os alunos devem ter muito orgulho de fazerem parte da instituição. Além disso, Maria Helena Teles disse não apoiar o fechamento da escola mas sim que ela se comprometa ainda mais com a Educação em Vitória da Conquista.
O representante do corpo docente, professor Nerisvaldo Dias, iniciou seu pronunciamento afirmando que “memória coletiva da cidade se confunde e complementa com a memória coletiva do Instituto de Educação Euclides Dantas, ou seja, elas se complementam entre as gerações de 50, 60,70, 80 e as atuais”. Na sequência, parafraseando o educador Euclides Dantas disse que “És e sempre hás de ser, para a educação, uma esperança”. Conclamou às forças políticas locais, em nome do corpo docente, “que se afaste esse fantasma da especulação, seja ela qual for. É uma angústia que nos atormenta cotidianamente”. Finalizou seu discurso dizendo que “A escola é local de concretização e materialização de sonhos. Que a Escola permanecesse com o papel que ela sempre cumpriu, com a educação pública e de qualidade. E nós, da geração presente, não deixemos matar esses sonhos”.
Representando os funcionários da Escola Normal, a funcionária Itamar Correia lembrou que fez magistério no IEED e hoje é funcionária da casa, o que, segundo ela, é muito prazeroso e é motivo de muita honra para ela.
O diretor do IEED, Albano Silva Carvalho, em seu pronunciamento disse que tem o “para mim o mais importante é retornar a instiuição que me formou como cidadão, profissional e retribuir a ela tudo o que me proporcionou”. Enfatizou que “estar e manter a escola normal é um desafio constante de todos nós”. Afirmou que o professor Ricardo Costa, responsável pela Direc-20 e ex-aluno da escola, se posicionou contra o fechamento. “Fechar aquela instituição é rasgar, jogar fora o passado educacional de Vitória da Conquista”. Na sequência explicou as mudanças pelas quais a escola está passando como o fim do ensino noturno, a saída do ensino fundamental II. “Vai se especializar na excelência do ensino médio. Implantamos o 6º horário, um extensão da matriz curricular. Trabalhamos para ser a primeira escola pública de Conquista a ter o ensino em tempo integral”. Também pediu apoio da CMVC solicitando uma ação do 9º Batalhão, Ministério e Promotoria Públicos, para que haja uma intervenção na praça Guadalajara. “Não pertence mais a nós, muita vezes precisamos nos desviar de pessoas mal intencionadas, que tentam aliciar nossos alunos”. Finalizou agradecendo a CMVC a audiẽncia pública que possibilitou mostrar o que o IEED passa e forma aos seus alunos.
Ao final da audiência pública, o vereador Hermínio Oliveira entregou a moção de aplauso nº44 de 23 de março de 2015, de sua autoria, para o Instituto de Educação Euclides Dantas, nas mãos do Diretor Albano Carvalho.
Deixe seu comentário