Estudo aponta gargalo em 10 aeroportos da Copa 2014

Aeroporto_Porto_01

Estudo sobre a situação aérea brasileira divulgado hoje (31) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) aponta que ao menos 10 aeroportos em cidades-sede da Copa 2014 operaram acima da capacidade em 2009. Entre eles o de Guarulhos (SP), Congonhas (SP) e Juscelino Kubitschek (DF), que junto com o Galeão (RJ) concentram 49% do fluxo aéreo de passageiros no país.

Segundo o levantamento, o aeroporto de Cumbica (Guarulhos) recebeu pedidos de pouso e decolagem simultâneos 22% acima de sua capacidade no ano passado. Os índices de Congonhas e JK foram ainda maiores –41% e 25%, respectivamente.

Além deles, os aeroportos de Natal, Belo Horizonte (Pampulha e Confins), Rio de Janeiro (Santos Dumont), Curitiba, Porto Alegre e Manaus, todos em cidades-sede da Copa de 2014, também tiveram solicitações de pousos e decolagens acima da capacidade instalada.

Os gargalos não afetam apenas o tráfego de passageiros, mas também o transporte de mercadorias, com reflexo na rentabilidade das empresas. “O setor de cargas em Campinas [Viracopos] está ficando estrangulado. O de Manaus, com a retomada do crescimento e com a Copa de 2010, ficou absolutamente congestionado com a entrada de peças para televisores, o que levou algumas empresas a diminuir a produção”, afirma Josef Barat, integrante do grupo de pesquisa que desenvolveu o estudo. Os aeroportos de Campinas e Manaus respondem por 22,3% da movimentação de cargas no país.

Aumento da demanda
Com o título de “Panorama e perspectivas para o transporte aéreo no Brasil e no mundo”, o estudo mostra que a situação do transporte aéreo tende a piorar nos próximos anos. Segundo os pesquisadores, o aumento da demanda não vem sendo acompanhado de investimentos na ampliação da infraestrutura.

“O crescimento da demanda na última década foi de dois dígitos, e se refletiu numa maior utilização da capacidade instalada. Muitos desses problemas de oferta não foram resolvidos”, diz Barat. No ano passado, por exemplo, apesar dos efeitos da crise financeira internacional, o número de passageiros transportados superou em 40% o volume registrado em 2008.

O estudo prevê que megaeventos como a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016 aumentem ainda mais a movimentação nos aeroportos brasileiros, mesmo em cidades não envolvidas diretamente com os eventos. “O que os preocupa é a visibilidade que o país vai adquirir e com o grande gargalo que a infraestrutura aeroportuária pode representar para a economia a partir deste momento”, diz trecho do documento.

Desvantagem competitiva
De acordo com o Ipea, a carga tributária acima da média mundial e de países cujo mercado de viagens aéreas atingiu a maturidade prejudica a expansão das empresas brasileiras, especialmente as do setor de aviação regional. “Isso significa que na disputa por mercados internacionais o Brasil estará em desvantagem,” afirma Baraf. Outro fator que prejudica o crescimento das empresas no setor é a escassez de recursos humanos qualificados e os gargalos na infraestrutura aeroportuária e aeronáutica.

O Ipea também indica que não há uma rede de distribuição completa de transporte de cargas operando no Brasil. Isto é, os voos são realizados on demand e sempre que há carga suficiente para compensar o transporte por via aérea. Falta um sistema concentrador semelhante ao de  transporte de passageiros, em que aeronaves menores abasteçam os grandes cargueiros nos aeroportos hubs.