No momento que os principais pré-candidatos à Presidência da Câmara fazem movimentos que podem ser decisivos para a disputa, um evento anual que será realizado pelas Santas Casas nesta terça-feira, 13, em Brasília, deve virar uma espécie de trunfo político para o líder do PSD, Antonio Brito, um dos três principais nomes para a sucessão de Arthur Lira (PP-AL).
O presidente da Câmara tem dito que anunciará ainda em agosto o candidato que terá seu apoio para comandar a Casa a partir do ano que vem, quando não poderá concorrer à reeleição.
Em julho, com objetivo de mostrar força política, tanto Brito quanto o líder do União Brasil, Elmar Nascimento, reuniram ministros do governo Lula e parlamentares em festas realizadas em Brasília. O encontro anual das Santas Casas, agora, tende a entrar para a lista de eventos vistos como demonstração de prestígio de candidatos à sucessão de Lira.
A expectativa é que a Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB) defenda a aprovação de um projeto de lei, de autoria de Brito, que cria contas correntes específicas para a transferência de emendas parlamentares para Santas Casas e hospitais universitários.
Aliados de Brito dizem que o fortalecimento da candidatura dele por meio do prestígio junto às Santas Casas é importante porque foi com essa bandeira que o líder do PSD se aproximou do ex-presidente Jair Bolsonaro, cujo partido, o PL, tem a maior bancada da Câmara.
Visto como o candidato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por sua proximidade com o Palácio do Planalto, Brito tem se aproximado de bolsonaristas para garantir votos. Depois de conversar com Bolsonaro sobre as Santas Casas, o deputado recebeu a medalha dos “três Is” (imbrochável, imorrível e incomível) conferida pelo ex-presidente a aliados.
O tema é sensível para Bolsonaro porque foi na Santa Casa de Juiz de Fora (MG) que ele foi internado inicialmente após sofrer a facada na campanha eleitoral de 2018.
Aliados de Brito também veem como simbólico o apoio das Santas Casas a um projeto dele, no momento em que ocorrem as negociações da sucessão, por avaliarem que esse movimento isola um possível adversário na disputa: o líder do PP, Doutor Luizinho (RJ), que também é ligado à área da saúde.
Além de Brito e Elmar, considerado o favorito de Lira, o presidente do Republicanos, Marcos Pereira (SP), completa a trinca de principais pré-candidatos. Nos bastidores, deputados dizem que Lira gostaria, na verdade, de indicar o líder do Republicanos, Hugo Motta (PB).
O projeto de Brito garante que os recursos de emendas para as Santas Casas sejam de fato usados para esse fim, ao criar as contas específicas para recebimento da verba pelos municípios. A Frente Parlamentar de Apoio às Santas Casas, Hospitais e Entidades Filantrópicas tem usado o mote de “valorização das emendas” para defender a aprovação do texto.
A discussão sobre a proposta de Brito ocorrerá na manhã desta terça-feira, na Câmara, quando representantes das Santas Casas de todo o País estarão no Congresso. À noite, haverá um jantar de confraternização para o qual são esperados Lira, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), a ministra da Saúde, Nísia Trindade, e o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin.
O evento das Santas Casas, que ocorre todos os anos, coincidiu neste ano com a primeira semana do esforço concentrado de votações dos deputados durante o período das eleições municipais. Ou seja, a maioria dos parlamentares estará em Brasília – e as negociações para a sucessão de Lira estarão a todo vapor.
conteúdo -= Política livre Iander Porcella/Victor Ohana/Estadão
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