Quase 20 mil pessoas cantaram e se emocionaram junto com a cantora
A servidora pública estadual Sandra Argolo, 55 anos, e sua filha Emile, estudante, 20, viajaram mais de 260 quilômetros – distância que separa a cidade onde ambas moram, Ilhéus, de Vitória da Conquista – unicamente para participar da 18ª edição do Natal da Cidade. Falando mais especificamente, elas queriam ver a apresentação de Fafá de Belém, e realmente viram, na noite de segunda-feira, 22. Mas certamente não esperavam pelo que de fato ocorreu.
Mãe e filha são fãs incondicionais da cantora paraense. E, por isso, trouxeram flores para o show, talvez com alguma esperança de que talvez conseguissem entregá-las à artista. Mas qual não foi a surpresa quando a própria Fafá, vendo que Emile segurava o buquê de flores junto ao gradil em frente ao palco, perguntou se eram para ela e pediu que lhe entregassem. “Foi muito emocionante. Pensei que eu não ia conseguir. Estava aqui, já quietinha, pensando que não ia dar certo. Mas aí ela viu e pediu para que pegassem. É muita emoção. Agora, vou curtir o show muito mais feliz”, contou a estudante, minutos depois, ainda tomada pela emoção de ver seu presente chegar às mãos da artista que mais admira. Emile e a mãe jamais haviam tido a oportunidade de ver ao vivo um show de Fafá. Puderam fazer isso graças à iniciativa da Prefeitura de Vitória da Conquista, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, Turismo, Esporte e Lazer. “É uma emoção imensa, é maravilhoso. É o presente de natal, meu e da minha filha”, disse a mãe, orgulhosa e emocionada. ‘Arrepios’ – Não é por acaso que Fafá de Belém arregimenta admiradores tão ardorosos. O carisma da cantora, aliado ao magnetismo que ela exerce sobre quem está por perto, é algo impossível de não notar. Ela canta, num mesmo repertório, canções de compositores tão díspares, com a mesma naturalidade com que solta suas famosas gargalhadas. Cantou Chico Buarque em vários momentos. Em outros, entoou pérolas de Caetano Veloso e Assis Valente. Chegou a citar um trecho de uma música do cantador conquistense – e universal – Elomar Figueira. Com a mesma desenvoltura, executou sucessos de José Augusto, Waldick Soriano e Zezé di Camargo. E, atendendo a despretensiosos pedidos de alguns fãs, incluiu no repertório do show um clássico de Cartola – “O mundo é um moinho”, levando ao êxtase os espectadores mais atentos. “A música tem que me arrepiar”, disse Fafá à imprensa local, horas antes do show, quando tentava explicar os critérios que a levam a optar por esta ou por aquela canção no momento de escolher seu repertório. “Não estou interessada se é de um compositor chamado de ‘classe A’, ou se é de um compositor simples. A emoção da música e da letra, e a situação, têm que me abraçar”, afirmou. ‘Iniciativas maravilhosas’ – A artista, tão exaltada pelos milhares de fãs amealhados ao longo de quase 40 anos de carreira, renega o rótulo de “diva”, por achar que tal papel é “ridículo”: “Sou apenas uma mulher brasileira que gosta de cantar”. Fafá exaltou a lógica de funcionamento de eventos como o Natal da Cidade, descrito por ela como “democrático”. “Essas iniciativas todas são maravilhosas, multiculturais, e servem para lembrar que existe vida além do que está sendo imposto”, disse a cantora, que identificou pontos de convergência entre o evento e o período natalino. “Acho interessante, porque na praça pública as pessoas também se abraçam”, observou.
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