
Há pelo menos um ano, o contador Edson dos Santos Rocha, 66 anos, usava um escritório de advocacia, localizado no Salvador Business, na Avenida Tancredo Neves, em Salvador, para estuprar jovens e adolescentes. As vítimas, que têm entre 14 e 22 anos, eram atraídas por falsas vagas de emprego anunciadas por meio do site OLX.
Sem imaginar que era investigado desde fevereiro, quando a primeira vítima resolveu prestar queixa na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) de Periperi, no Subúrbio Ferroviário, Edson teve o mandado de prisão preventiva cumprido nesta sexta-feira (9), quando chegava com as meninas no edifício. Segundo a polícia, o idoso é casado e tem filhos.
Mais velha entre as violentadas, a primeira a denunciar Edson contou que foi estuprada durante o que estava agendado para ser uma entrevista, para o cargo de secretária do escritório, previamente marcada com o suspeito – que se passava por advogado.
Conforme a titular da unidade, a delegada Simone Moutinho, Edson terceirizava, pontualmente, os serviços de Direito com advogados reais, como uma maneira de continuar no espaço, que ele mantinha há cerca de sete anos.
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Edson mantinha falso certificado da OAB em escritório no Salvador Business (Foto: Divulgação/SSP) |
Lá, trabalhavam quatro, de duas vítimas, sendo três delas adolescentes. As meninas ganhavam R$ 500 e eram estupradas por Edson, em frequência não informada pela polícia. A suspeita é de que os abusos aconteciam há pelo menos um ano, tempo que uma das meninas já frequentava, mediante ameaças de morte, explicou Simone Moutinho.
‘Escravizadas’
“Por ora, são cinco vítimas, mas o número de estupros pode ser muito maior, pelo tempo que ele tinha o escritório lá. Então, nosso objetivo é que ele seja denunciado por outras mulheres, eventuais vítimas dos abusos”, explicou a delegada, ao informar que o processo corre em segredo de Justiça por determinação do juiz, já que o crime envolve adolescentes.
A delegada comentou que todas as meninas foram atraídas ao local pela vaga de emprego, sempre pela OLC, e, ao serem estupradas, eram também fotografadas por Edson – que usava as imagens para ameaçar as jovens e adolescentes, “todas muito pobres”, destacou Simone.
“Elas não denunciaram por medo, receio, vergonha, dependência financeira. Mas todas eram estupradas e, embora negue, ele é responsável por todos esses crimes”, disse, sem informar a frequência com que as vítimas sofriam os abusos.
Apresentado à imprensa pouco depois de ser preso, Edson não quis comentar as acusações. Sem se identificar, o advogado que faz a representação do suspeito também optou por não conversar com os repórteres.
De acordo com a Polícia Civil, representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-BA) acompanharam as investigações. Edson tinha, no local, um certificado falso, em seu nome, como se fosse licenciado pela Ordem. Por ora, o falso escritório, onde a polícia também cumpriu um mandado de busca e apreensão, foi periciado e fechado. Materiais como computadores e pendrives foram apreendidos e serão enviados à perícia.
Edson, que nunca foi preso, vai ser encaminhado ao Complexo Penitenciário de Mata Escura, onde fica à disposição da Justiça para responder pelos crimes de estupro, assédio sexual, violação sexual mediante ameaça, além de condições de trabalho análogas à escravidão.
A OLX divulgou nota lamentando o fato. “A OLX repudia e lamenta profundamente este fato. Informamos que colaboramos, em março deste ano, com as autoridades públicas na apuração do caso e adotamos novas medidas de segurança na plataforma para evitar este tipo de acontecimento”, diz o texto.
Fonte correio24horas.com.br
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