Da série: minhas regressões
Os fatos ficcionais aqui relatados cobrem um extenso período de tempo, estes acontecimentos ocorreram numa área na África chamada de “berço da humanidade”, esta área vai do vale Turkana no Quênia, até a região de Afar na Etiópia, na África sub-saariana, estes fatos de deram entre 4 milhões de anos atrás, até os 125 mil anos atrás. Impossível precisar quando tais fatos ocorreram. Observa-se que o berço do homem, neste ensaio é considerado até Afar.
O ROLDÃO SEQUENCIAL DA HISTÓRIA DO HOMEM DENTRO DO TEMPO
Convenhamos! É muito difícil contar em poucas palavras a história da espécie humana, assim vamos inventar uma maneira nova de contar tal história.
Estabelecer o início desta história è tão difícil quão esboçá-la, Em vista do que: poderíamos inverter a ordem cronológica dos acontecimentos e fazer uma história decrescente no tempo, assim não teríamos preocupação com o início desta história, teríamos somente que contar a história de trás pra frente, até onde pudéssemos descrevê-la com alguma lógica. No entanto isto não é possível, pois simplesmente o homem não nasce velho e morre novo, assim ao entramos nos detalhes exporíamos a incoerência da narrativa. Somos forçados a uma busca pelo princípio desta história. Portanto, a procuraremos noutra alternativa. Que tal considerarmos a história do homem tentando descrevê-la abordando somente o feito maior desta mesma humanidade, e qual seria este feito tão importante que nos serviria como parâmetro, modelo e princípio para esta descrição? Sua inteligência? Seu instinto de preservação da espécie? Sua coragem? Seu poder de procriação? Nada disso! Vamos buscar a única qualidade da espécie que permitiu a esta mesma espécie chegar até aos dias de hoje. Esta qualidade possuidora de tanto poder foi exclusivamente a sua “CRIATIVIDADE”.
Edimilson Santos Silva
Mesmo assim, torna-se necessário estabelecer um início para esta história, e qual seria este início? Ora! A lógica nos diz que este início é o início da própria “criatividade” humana. Aí ficou tudo fácil! Procuremos o primeiro ato criativo da espécie e teremos o início da narrativa. Estabeleçamos de antemão que a “criatividade” aqui considerada não é o poder da mente traduzido na habilidade manual. Isto ficará bem assente e firmado, pois o ato de criar não implica exclusivamente e necessariamente como ato da criação de utilidades. Acertado é, que o primeiro ato criativo do hominídeo foi o ato de abandonar o “quadrupedismo”. Quem primeiro ficou de pé merece nossas reverências como nosso primeiro ancestral. É de se supor que não desenvolveríamos um só ceitil se não houvéssemos abandonado o “quadrupedismo”. O ato de adotarmos o bipedalismo nos permitiu a liberação dos membros anteriores, consequentemente a liberação das mãos, sem a liberação das mãos nunca seriamos humanos, foram as mãos livres à frente do nosso rosto que nos levou a “criatividade” de inventar a “criatividade”. O ato de ficar de pé forçou este primeiro Ser a se tornar um Ser criativo. Este poder criativo fez do “primata” nosso mais velho ancestral, o único que desenvolveu o cérebro forçado pela própria “criatividade”, o ato de recorrer ao cérebro a todo instante levá-lo-ia a abandonar no futuro os atos instintivos, e quanto mais abandonava o instinto mais recorria ao cérebro. Quanto mais recorria ao cérebro, este aumentava em poder e tamanho e menos recorria ao instinto. Esta recorrência nos permitiu chegar aos dias de hoje com o potencial de recriarmos a história de ontem e até mesmo fazermos projeções desta história para o futuro. Esta recorrência nos dotou nos dias atuais de um cérebro com até 1500 centímetros cúbicos, nossa espécie possui hoje, como média de volume do encéfalo 1400 cm³. O compartimento do crânio deste nosso ancestral de há quatro milhões de anos não passava de tímidos 400 centímetros cúbicos, ou um pouco menos que isso. Muitas espécies antropóides desceram das árvores! Mas! Só as que adquiriram habilidade manual com a oposição do polegar (oposição esta forçada pelo uso constante da mão como ferramenta), e por terem adotado o bipedalismo sobreviveram. A maioria das espécies, hoje são somente fósseis. Tomemos como nosso exemplo, um único personagem no decorrer de toda a história deste nosso bendito Ser ancestral. Qual nome daríamos a este personagem? E nosso primeiro Ser criativo!
A ESCOLHA DO NOME
Esta é a história de um Ser que nasce e renasce, (embora não seja necessariamente uma reencarnação). Assim dentro dos vários períodos da sua repetida história, não questionaremos suas inúmeras atuações ou suas diversas pessoalidades, em suas repetidas aparições! Seu nome será sempre o mesmo para que possamos visualizá-lo melhor nos seus vários existires, escolher este nome será muito simples! Quem mais e melhor se preocupou com a evolução dos Seres! Senão Sir Charles Darwin! Portanto nosso exemplo/Ser chamar-se-á de Darwin.
(QUATRO MILHÕES DE ANOS ATRÁS)
A quatro milhões de anos atrás, Darwin acordou bem cedo com fome, mas sua despensa estava a uns três galhos acima, e o pior estava dormindo, e se a acordasse para mamar com certeza levaria uns sopapos, o melhor era esperar que sua despensa acordasse por ela mesma. Instintivamente Darwin sabia que estava próximo o seu desmame. Não estavam no centro da floresta densa, mas sim, quase na sua borda, que estava próxima ao riacho e a savana ou ravina, a chamaremos sempre de ravina. Darwin olhou para baixo e viu um grupo de pequenos roedores arborícolas disputando alguns frutos numa árvore de pequeno porte, como não estava numa árvore muito alta resolveu descer, por pura curiosidade! Chegando embaixo após escorraçar os roedores contendores, sua atenção voltou-se para o motivo da disputa, eram umas frutas vermelhas carmesins, no alto daquela pequena árvore, a curiosidade de Darwin aumentou! Seus neurônios ativaram os dendritos que ativaram as sinapses e … E nada! A mente de Darwin forçou e milhares de neurônios se interconectarem formando milhares de novas conexões e destas conexões surgiram milhares de novas conexões. E milagre… No princípio Darwin ficou meio confuso, logo assentou as “instinto/ideias”. Com este grupo de novas conexões Darwin pode raciocinar que se havia disputa, a coisa disputada devia merecer alguma atenção! Darwin olhou para as frutas carmesins com outros olhos e a saliva fluiu por entre seus lábios, só que para alcançá-las teria que ficar de pé, postura que nunca tinha tentado assumir, assim! “Registre-se!” “Um primata pela primeira vez iria tentar o bipedalismo”, embora que só por uns momentos, como as frutas estavam penduradas nas pontas dos galhos. Darwin ficou sobre as patas traseira e colheu o seu primeiro fruto, diga-se, de passagem, de um sabor espetacular, Darwin comeu tantos frutos que só se lembrou do leite de sua despensa lá por volta do meio dia. No outro dia cedinho Darwin nem olhou para sua despensa de leite, junto com seus irmãos e primos, logo desceu da nova árvore onde passou a noite, e não encontrou nas proximidades a arvorezinha dos frutos carmesins.
AS CONEXÕES NEURONIAIS COMPLEXAS
Ao que nos parece, a nova capacidade de fazer conexões neuroniais complexas de Darwin, novamente entrou em funcionamento, e por pura necessidade as conexões se multiplicaram novamente. Darwin olhou mais uma vez e não viu nas proximidades a arvorezinha das frutas, conseguiu localizar a arvore onde passou a noite anterior, e pra lá se dirigiu, ora andando de quatro, ora tentando andar de pé o que era extremamente difícil, e doloroso, mas a mente de Darwin funcionava melhor, podia-se dizer de forma “diferente”. A primeira utilidade que Darwin fez de seus novos atributos neuroniais foi localizar um objeto tendo como referencia outro objeto! Uma árvore com referência a outra árvore. Num momento em que fazia uma tentativa de andar sobre os dois membros posteriores, Darwin avistou um felino que se aproximava sorrateiro, vindo contra o vento, motivo pelo qual não foi percebido por nenhum de seus companheiros que estavam no chão andando de quatro. Darwin de pé deu o costumeiro sinal de alarme e voltou para o alto da árvore seguido por todos seus irmãos e primos.
É própria da evolução dos seres, a adoção dos atos prazerosos através da repetição pura e simples, destes, os atos ou costumes que não causam prazer, e que só causam desprazer, embora sejam experimentados no início por simples curiosidade, não são repetidos e caem em desuso, justamente por causarem desprazer, eles são simplesmente jogados para o lixo. Assim não vemos nenhuma justificativa coerente e lógica, para a adoção do bipedalismo pelos antropóides primitivos. Estudos da morfologia da estrutura do esqueleto destes primatas indicam que a adoção desta postura era com certeza dolorosa. A única explicação racional e com alguma lógica de tão espetacular virada na andadura dos nossos avoengos, terá que ser apoiada na necessidade da vigilância. O que equipara e deriva o ato do instinto natural da preservação da espécie. Os primeiros primatas que adotaram o bipedalismo, com certeza moravam nas orlas das matas próximas das ravinas de capim alto, o que requereria permanente vigilância, e qual postura melhor para exercê-la, senão a postura vertical, (de pé), elevando o olhar por sobre a ravina onde espreitava os predadores. O problema é que a maior insolação nas ravinas propiciava abundancia de frutos e de insetos, que se alimentavam destes frutos. O gosto e o costume de comer os insetos e os frutos dos arbustos da ravina forçavam nossos avôs a estarem sempre alertas e de pé, senão virariam repasto dos predadores.
DARWIN ESCUTA OS PÁSSAROS
(DOIS MILHÕES DE ANOS ATRÁS)
Há dois milhões de anos, um enorme felino observava ao longe, um grupo de antropóides saírem de sua caverna com uma entrada alta e de difícil acesso e se dirigirem para sua árvore de proteção próxima a área de colheita de frutos, eram todos jovens, após saciarem a sede e a fome estavam brincando sob a copa da árvore próxima ao leito de um riacho cristalino que descia da montanha. Dentre os jovens estava Darwin, de ouvidos atentos escutava todos os ruídos vindos dos arredores, era época de capim alto. Como Darwin não conseguia ter uma boa visão da área onde brincavam e colhiam alguns frutos silvestres, que nessa época do ano eram abundantes na orla do riacho, e por herdar as qualificações do cérebro do nosso primeiro Darwin, por não depender tanto do instinto, possuindo um cérebro realmente mais evoluído que os outros, ele prestava com certa regularidade, maior atenção no canto dos pássaros que chilreavam nos arredores. Darwin ao notar a mudança no canto dos pássaros deu o alarme salvando todos seus companheiros. Morfologicamente e biologicamente, este grupo de seres eram todos iguais, à única exceção era o número dos neurônios dos descendentes do nosso primeiro Darwin que nesta altura já era em um número muito maior que o número de neurônios dos demais da raça. Darwin por ter nascido diferente, era mais esperto e utilizava o cérebro melhor que os outros, ele sabia que junto à mudança repentina no tipo de canto dos pássaros vinha sem erro o perigo! Esta capacidade natural dos parentes de Darwin estava levando-os e se separarem paulatinamente dos outros antropóides não evoluídos. Os que permaneciam nos grupos, a miscigenação cuidava de equipará-los. Desta vez Darwin não estava só! Trazia seguro pelo braço um irmão menor, não levou mais que alguns minutos e o pequeno Uff já tinha compreendido o motivo pelo qual Darwin o tinha levado às pressas para a proteção da altura dos galhos da árvore. E tinha sido pela simples mudança no gorjeio dos pássaros. Darwin deixou Uff no alto da árvore e iniciou a ensinar um primo que escolheu a esmo, era um primo com cara de esperto que logo ia absorver o ensinamento.
Havia dois dias que um do grupo tinha sido levado pelo mesmo predador. Darwin tinha aprendido com sua mãe que os pássaros emudeciam ou mudavam o canto quando avistavam estranhos nas proximidades. A criatividade possuía um grande defeito! Não era herdada como o instinto, todos deviam aprender. E o aprendizado, algumas vezes era doloroso.
O CANTO DO CALAU ENSINA A DARWIN
(UM MILHÃO DE ANOS ATRÁS)
Há um milhão de anos, Em sua maioria, os primeiros ensinamentos sobre os cantos dos pássaros só eram transmitidos pelas mães. Sendo estes ensinamentos era no geral de grande utilidade para os descendentes da espécie, assim, como no particular para todo o bando a que Darwin pertencia. Contudo, Darwin já estava ficando meio chateado, pois na maioria das vezes os alarmes eram falsos os Calaus paravam de cantar ou mudavam o canto por outros motivos, deixando Darwin irritadiço e sem saber o que fazer! Da última vez que o Calau mudou o canto Darwin passou por um sufoco e uma grande apreensão. Quando da última mudança de canto do Calau, Darwin estava um pouco distante da árvore de proteção, no meio da fuga em desabalada carreira para presto, alcançar a bendita árvore! Um imenso Javali que também ouvira a mudança no canto disparou fazendo um barulho ensurdecedor (por coincidência), na direção de Darwin. E nesta hora Darwin se sentiu literalmente na barriga do um Felino predador por sinal, um velho conhecido de Darwin. Quando chegou ofegante no alto da árvore, ele parou para pensar e mais uma vez houve uma explosão de novas conexões em seus neurônios, a eletroquímica nas sinapses funcionavam a todo vapor. O pequeno cérebro de Darwin estava mudando. Tentou assimilar o que o seu cérebro lhe dizia e ficou pasmo! O Calau tinha vários cantos e se não estivesse enganado o canto do Calau tinha sido um canto de orientação para o companheiro que vinha cantando e se aproximando. Incrível Darwin conseguiu elaborar o primeiro raciocínio abstrato, dedutivo e sobre tudo analítico! A espécie estava salva, não iria virar fósseis como muitas outras espécies o fizeram! A espécie a qual Darwin pertencia estava predestinada a dominar o planeta! Não importava quantos milhares de anos ainda iriam se passar, um dia, “outro” Darwin nasceria numa ilha no distante norte da Europa. E com muito acerto se imiscuiria no passado de “outro” Darwin que vivera a quatro, a três, a dois, e a um milhão de anos atrás. Durante o resto do dia o canto do Calau tirou o apetite de Darwin, estrategicamente posicionado num posto de observação, O pequeno Darwin prestava atenção ao casal de Calaus, Darwin conseguiu distinguir cinco cantos diferentes. Inteligentemente se fixou no canto que denunciava a presença dos predadores!
A LÓGICA DO CANTO DO CALAU
(Por quê o Calau até hoje tem tanto cuidado com os predadores? O motivo é simples, o Calau como proteção da sua prole enclausura a fêmea e os filhotes em ocos de árvores, isto, para protegê-los dos seus predadores naturais, por isso quando um macho morre na boca de um predador toda uma família sucumbe, pois sua fêmea e os seus filhos morrem de fome, e enclausurados. O Calau indiscriminadamente denuncia a presença de todos os predadores, com um canto marcante e forte, não se importando com o porte do predador! Quando Darwin conseguiu compreender a diferença do canto do Calau embora ainda fosse um humanóide! Já estava completamente bípede. Por mais estranho que possa parecer, a experiência de Darwin com a caverna, o predador e o canto dos pássaros não foi um fato isolado. Isto aconteceu a muitos Darwins da espécie que estava apta para isso.Nossa espécie, a única espécie de falantes sencientes existente no planeta Terra, o homo sapiens sapiens. Portanto, o racismo é uma burrice inominável.
125 MIL ANOS ATRÁS
A DIVINIZAÇÃO DO HOMEM
O certo é que a mudança do clima alterando a flora na áfrica tropical, há 4,5 milhões de anos criando as savanas ou ravinas praticamente levou Darwin a iniciar a postura bipedalista, liberando suas mãos, levando-o a utilizá-las como ferramentas, e como resultado obrigou-o a se iniciar na prática de atos criativos, e como consequência última, forçou a principal mudança fisiológica no organismo de Darwin o aumento do receptáculo craniano. A criatividade forçou o uso do cérebro, o uso do cérebro levou ao aumento do cérebro, que maior! Levou Darwin a raciocinar cada vez mais…
A raça de Darwin estava salva da extinção. Benditos Darwins. Os primeiros antropóides que adotaram o bipedalismo e abandonaram o alto das árvores tinham como seu prato principal os insetos e as frutas. Nossos mais antigos avôs, (Darwins), com certeza moravam numa mata, próxima a uma ravina rica destes dois simbióticos alimentos. Quem diria! O bipedalismo liberou as patas posteriores, que com o uso contínuo adquiriu a oposição do polegar, o que tornou-a uma mão preênsil, que permitiu utilizar um pedaço de madeira qualquer ou uma pedra como arma, que facilitou a caça, que melhorou a absorção de proteína animal, que aumentou o cérebro, que aumentou os neurônios, o que permitiu o espírito entrar em conexão com o cérebro, nos permitindo falar e raciocinar… Divinizando-nos.
David, no Salmo 82 no versículo 6 nos diz:
“Eu disse: Vós sois deuses, e filhos do Altíssimo.”
Edimilson Santos Silva Movér,
Vitória da Conquista, Bahia, junho de 2007
Ensaio revisado e atualizado em dezembro de 2010
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