O atraso na construção de linhas de transmissão de energia e em eixos troncais de logística, sobretudo, ferrovias, portos e aeroportos, bem como a baixa capacitação profissional limitam o crescimento da região Nordeste. A visão compartilhada entre o governador do Ceará, Cid Gomes, e o secretário do Planejamento da Bahia, José Sergio Gabrielli, no Fórum Estadão Regiões –Nordeste, realizado nesta quinta-feira (19), em São Paulo, ilustra que é preciso investir ainda mais e de modo mais célere a fim de que o crescimento nordestino, que na média, é três vezes maior do que o Brasil, não seja reduzido.
Quem fortalece esta visão é o coordenador da Diretoria de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Aristides Monteiro Neto. Segundo ele, somadas as transferências de renda, em especial, o Bolsa Família e os Benefícios de Prestação Continuada (BPC), com as linhas de crédito do Banco do Nordeste (BNB) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), as cifras alcançam, anualmente, R$ 64 bilhões. No entanto, friza Monteiro Neto, esse montante é insuficiente para as demandas.
Monteiro Neto aponta ainda que numa região pobre como a nordestina “precisamos ampliar a taxa de investimento local. O setor privado cobra infraestrutura dos governadores e a taxa de investimento público estadual não cresceu muito. Em 2011, os investimentos públicos somaram R$ 6,5 bilhões ou menos de R$ 1 bilhão para cada Estado, o que não da para atender às demandas”, disse. “É preciso ampliar a renda per capita do nordestino e criar uma discussão para levar essa proporção para 75% em um determinado prazo”, afirmou.
Gargalos
De acordo com Gabrielli, a limitação logística para movimentar cargas e pessoas fica cada vez mais evidente. “Os setores mais aquecidos da economia Nordestina e baiana são os serviços, comércio e construção civil, que crescem a taxas anuais entre 7% e 10% ao ano”, destaca o secretário do Planejamento da Bahia. Esse crescimento, na sua opinião, pressiona a infraestrutura logística e, por isso, é fundamental acelerar as intervenções em portos, hidrovias, ferrovias, rodovias, aeroportos e linhas de transmissão.
Na mesma linha, o governador do Ceará, Cid Gomes, exemplifica a situação ao falar de energia. “Há sete anos o Ceará importava toda a energia consumida. Existiam duas termelétricas, mas funcionavam apenas como backup. A quantidade de energia permanente era zero. Ou vinha de Boa Esperança, Tucuruí ou Paulo Afonso”,ressalta. “De lá para cá foram implantadas térmicas permanentes, com capacidade de 1,1 mil MW, além de 600 MW de energia eólica, mas é preciso mais”, pontua o governador.
O titular da pasta do Planejamento da Bahia ressalta que ao contabilizar apenas os investimentos privados até 2015, o montante deve alcançar os US$ 32 bilhões. “Isso corresponde a seis vezes o valor do investimento nos cinco primeiros anos durante a implantação do Polo Petroquímico. Isso significa que precisaremos de uma logística mais eficiente e mão de obra qualificada para atender, sobretudo, os setores de mineração, energia eólica e celulose”, afirma Gabrielli.
Pablo Barbosa
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