Guerra cibernética ‘atinge em cheio nosso governo’, afirma Mourão

 

Foto: Ueslei Marcelino / Reuters

Bolsonaro e Mourão

O vice-presidente, general Hamilton Mourão (PRTB), afirmou que há uma “guerra cibernética” no Brasil. Mourão falava sobre o cenário internacional envolvendo países como a Rússia e a sua suposta interferência em outros governos durante palestra para empresários em evento do Lide-RS (Grupo de Líderes Empresariais) na noite desta sexta-feira (14), em Porto Alegre. “Estamos vendo aí a guerra cibernética atingindo em cheio nosso governo”, disse Mourão, sem entrar em detalhes, mas afirmando que ela afeta a gestão do presidente Jair Bolsonaro (PSL). Desde que conversas atribuídas ao ministro da Justiça, o ex-juiz Sergio Moro, e o procurador federal Deltan Dallagnol foram vazadas pelo site The Intercept Brasil, figuras ligadas à operação Lava Jato e ao governo falam em um suposto “ataque hacker” como fonte dos vazamentos. Integrantes do Intercept, entretanto, têm dito que nunca afirmaram ser um “ataque hacker” a origem das conversas reveladas. Dizem que a fonte é anônima. Os diálogos mostram que os dois trocavam informações sobre ações da Lava Jato e sugerem que Moro pode ter interferido na atuação da Procuradoria. “[A Rússia] hackeia, interfere nas comunicações, interfere na internet, ela entra dentro da CIA para apoiar o Assad [presidente da Síria] , entra na Venezuela para apoiar o regime do Maduro. Ou seja, age como hooligan no cenário internacional. Temos ameaças que perpassam todos os países do mundo”, disse Mourão antes de citar o caso do Brasil. O vice-presidente não atendeu à imprensa. Mourão também disse que o Brasil precisa ser pragmático em relação à China.O conteúdo das conversas de Moro e Deltan, segundo especialistas, pode abrir margem para a anulação de condenações no âmbito da operação. No domingo (9), reportagens do site The Intercept Brasil revelaram mensagens atribuídas ao ex-juiz federal Sergio Moro e ao coordenador da força-tarefa de Curitiba, Deltan Dallagnol. Os diálogos mostram que os dois trocavam informações sobre ações da Lava Jato e sugerem que Moro pode ter interferido na atuação da Procuradoria. No espaço para perguntas, Mourão foi questionado sobre a questão ideológica do governo. “Não gosto de criticar meu chefe. Faz parte do bojo dele e atende parcela do eleitorado que votou nele”, disse. Ele defendeu privatizações, desburocratização, investimento na educação básica e a reforma da Previdência. Antes da palestra, Mourão recebeu o título de Cidadão Emérito de Porto Alegre da Câmara de Vereadores. No sábado, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) cumpre agenda em Santa Maria em uma comemoração do Exército.

Folha de S. Paulo