Depois de quatro meses no Hospital Ana Nery (HAN), o pequeno Pablo, de 1 ano e 4 meses, enfim vai retornar para o seu lar em Vitória da Conquista. A criança nasceu com um defeito no septo atrioventricular, uma má formação cardíaca que pode causar a morte. Para salvar a sua vida, os pais percorreram 510 quilômetros e sete horas de viagem para internar o filho no Ana Nery, em Salvador. A unidade hospitalar integra a rede da Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab), é referência em cardiologia pediátrica e adulto e única do Estado a prestar atendimento de alta complexidade em cardiologia e cirurgia cardiovascular pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
A mãe de Pablo, a doceira Adriana Cardoso da Silva, 39 anos, comemora a recuperação do filho. “Foram meses difíceis para nós. Os médicos acreditavam que ele não fosse resistir. Agora, saio daqui muito feliz, muito emocionada por vê-lo brincar e agradeço a Deus por estar tudo bem”, disse Adriana, com Pablo nos braços.
De acordo com o diretor médico do Hospital Ana Nery, Roque Aras, desde que o setor de Cardiologia Pediátrica e Cardiopatias Congênitas da Unidade de Assistência em Alta Complexidade Cardiovascular foi criado em 2006, já foram realizadas cerca de 1200 cirurgias, sendo quase 400 por ano.
Os ambulatórios atendem em quatro especialidades – cardiologia pediátrica geral, ambulatório de Febre Reumática, ambulatório pré e pós-cirúrgico e ambulatório de Cardiopatia Congênita. Este ano, o Hospital Ana Nery atingiu a média de 300 atendimentos ambulatoriais/mês, além de 73 atendimentos/mês na unidade de Pronto Atendimento, com realização de procedimentos intervencionistas (cateterismo cardíaco e estudo eletrofisiológico).
A assistência especializada e integral é oferecida aos pacientes, na faixa etária de zero a quinze anos. Aras explica que além de prestar atendimento médico-hospitalar às crianças cardiopatas, o hospital acolhe os responsáveis pelos pacientes vindos do interior, que não têm como se manter em Salvador durante o tratamento dos filhos pequenos.
No total, 50% dos pacientes atendidos na unidade são residentes de algum município baiano. A maioria das famílias é mantida no próprio hospital para garantir a continuidade do atendimento das crianças após o diagnóstico. Esta situação foi vivida pela mãe de Pablo, Adriana, que ‘morou’ no Ana Nery durante os quatro meses do internamento de Pablo.
Apoio aos pacientes e familiares
Para ampliar a assistência a estas famílias, o Hospital Ana Nery firmou parceria com a Associação Baiana de Assistência à Criança Cardiopata (ABACC), fundada em abril deste ano, a fim de obter o apoio da entidade durante o período de atendimento do doente. No caso dos pacientes, estes ficariam na sede da associação antes da realização dos exames para diagnóstico da doença e quando recebessem alta hospitalar, mas ainda com necessidade de um acompanhamento médico regular.
De acordo com a coordenadora de Enfermagem da Unidade de Internação e Terapia Intensiva de Cardiologia Pediátrica, Cristiane Firpo, a expectativa é que a Casa de Apoio ajude a reduzir o tempo de permanência dos pacientes e dos pais ou acompanhantes no hospital. Para isso, o Hospital Ana Nery vai disponibilizar aos pacientes e seus familiares que forem abrigadas na ONG, profissionais de saúde nas áreas de psicologia, serviço social e técnico em nutrição. Com a acolhida na Casa de Apoio, os leitos do hospital seriam liberados para outros tipos de atendimento pediátrico. Isso permitiria um aumento do número de cirurgias, além de diminuir o tempo de espera das famílias que aguardam a realização de procedimentos cirúrgicos nas crianças.
Esse apoio da ABACC não é possível porque a entidade não possui uma sede. Para suprir a carência, o hospital, juntamente com os diretores da associação, vão fazer uma campanha destinada a arrecadação de fundos para adquirir um imóvel onde será instalada a sede própria da ONG. A casa que deverá ser adquirida pela ABACC fica ao lado do Hospital Ana Nery e está avaliada em R$ 240 mil. Com dois pavimentos, 21 dormitórios e uma área ampla, o imóvel deve ser comprado pela entidade até 30 de setembro.
A idealizadora da Associação Baiana de Assistência à Criança Cardiopata, Camila Valverde, que também é mãe de uma criança cardiopata, conta que a ideia de fundar a entidade surgiu quando seu filho foi fazer tratamento em São Paulo e ficou hospedado na Casa de Apoio da Associação de Assistência à Criança Cardíaca e à Transplantada do Coração (ACTC).
“Trouxe a ideia para Salvador e o hospital está dando todo apoio necessário. Há mais de um ano, estamos planejando a ONG, regularizando a documentação. Agora nossa luta é comprar a casa para instalação da sede, que irá acolher mães e pacientes, proporcionando o conforto de um lar e, ao mesmo tempo, assegurando o tratamento dos pequenos”, enfatizou.
A campanha para comprar a sede da Associação Baiana de Assistência à Criança Cardiopata (Abacc) será lançada no dia 24 deste mês, no Espaço Unibanco de Cinema – Glauber Rocha. Os interessados fazer doação podem depositar qualquer quantia no Banco do Brasil, Agência: 1223-8, Conta Corrente: 38.500-X, em nome da Associação Baiana de Assistência à Criança Cardiopata (ABACC
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