Benjamin NUNES Pereira*
Benjamin Nunes é jornalista
Autoridade máxima para falar de Independência na Bahia chama-se Professor Doutor Luis Henrique Dias Tavares, que nasceu na cidade de Nazaré das Farinhas, Estado da Bahia, a 25 de janeiro de 1926 e que este ano fez 84 anos, depois de muito tempo de dedicação ao ensino de História, além de fecunda atividade como pesquisador e escritor, tendo publicado diversos livros com uma temática a respeito da Independência da Bahia, chegando a publicar uma das obras com um título bastante interessante A Independência do Brasil na Bahia. O professor Luis Henrique realizou pesquisas históricas no Public Record Office, Londres, Inglaterra, onde esteve fazendo seu Pós-Doutorado na University College London, aceito na condição de Fellow Professor University of London, quando concluiu no período de 1985 a 1986, na condição de Honorary Reserch Fellow. Nessa ocasião escreveu o livro Comércio Proibido de Escravos. Após a sua aposentadoria a Universidade Federal da Bahia conferiu-lhe o título de Professor Emérito. A entrega foi em 24 de julho de 1992.
Após este intróito sobre o Professor Luis Henrique, e por solicitação de meu filho Adriano que se encontra morando em Londres pediu-me para que escrevesse um pouco sobre a nossa História da Bahia, que as escolas da Bahia pouco falam, então imagine em outros estados, não sabendo que a conclusão da Independência do Brasil, só ocorreu após a Independência na Bahia.
Hoje, a cidade do Salvador e todo o recôncavo estão em festividades em homenagem ao dia 2 de Julho, é preciso que o interior se junte a capital e recôncavo para também comemorar que é bastante significativa para um povo que tem todo o direito de celebrar a referida data. Não tive o prazer de ler, mas se não me engano o Professor Argemiro Ribeiro de Souza Filho, mestre muito dedicado e inteligente que leciona em Conquista, na sua dissertação de mestrado faz referência da contribuição dos baianos interioranos, inclusive de Vitória da Conquista na Independência da Bahia.
Histórico de luta.
Pode-se afirmar que a data se traduz como um fato histórico de grande relevância para a Bahia e uma das mais importantes para a Nação, já que, mesmo com a declaração de independência do Brasil, que ocorreu em 1822, o País ainda tinha a necessidade de se livrar das tropas portuguesas que ainda continuavam entre nós em algumas províncias. Devido a sua importância, sobretudo para os baianos, todos os anos a Bahia festeja a data máxima que é o 2 de Julho. Tropas militares relembram a entrada do Exercito na cidade e uma serie de homenagens são feitas aos combatentes. Destaca-se que entre as comemorações que já aconteceram, a do ano de 1849 marcou presença um convidado bastante especial. O marechal Pedro Labatut, que liderou as tropas brasileiras nas primeiras ofensivas ao Exercito Português, participou do desfile, já bastante debilitado e sem recursos financeiros, mas com a felicidade de prestar uma grande homenagem as tropas das quais fez parte na época.
Em fevereiro de 1822, estourou na Bahia a guerra da Independência do Brasil. Sete meses depois, vendo que as lutas progrediam, Dom Pedro tomou a decisão de se pôr à frente do processo popular que acontecia nas terras baianas; combatentes de Pernambuco e outras regiões do Nordeste fizeram tudo para expulsar os portugueses.
Essa luta foi com a grande participação social. Tendo a frente personalidades heróicas famosas que viviam no anonimato e que morreram como: João das Botas, Visconde de Pirajá entre outros e mulheres no front como Maria Quitéria de Jesus Medeiros, na defesa da Barra de Paraguaçu, que se vestia de soldado do batalhão de voluntários do Príncipe e lutou em defesa do Brasil. A abadessa Joana Angélica que morreu na tentativa de impedir a entrada das tropas portuguesas no Convento da Lapa, onde havia alguns soldados brasileiros e Maria Felipa uma negra heroína da Bahia natural de Itaparica, mulher de coragem, beleza por porte físico exuberante, habilidade de capoeirista e trabalhadora marisqueira, que ainda não foi devidamente reconhecida na história da Independência da Bahia.
Em suma, o Dois de Julho deve ser entendido como a verdadeira Independência do Brasil do jugo português e deve ser resgatado e valorizado como um importante marco na história, não só da Bahia, mas do Brasil.
A Bahia foi o último foco da Independência. O significado da data 7 de Setembro que aconteceu em 1822, só foi realmente concretizado no 2 de Julho de 1823 na Bahia, quando da indignação dos brasileiros em continuar sob o domínio de Portugal. A insatisfação contra a Junta Provisória do Governo da Bahia era geral. No Recôncavo, principalmente as cidades de Cachoeira, São Felix entre outras, por meio do Coronel Joaquim Pires de Carvalho reuniu todo seu armamento e tropas e entregou o comando ao General Pedro Labatut, que organizou todo seu exército em duas brigadas, iniciando os combates.
Sob o comando geral do Cel. José Joaquim de Lima e Silva e com a força da Marinha Brasileira, os brasileiros avançaram sobre a cidade e o brigadeiro português, Ignácio Luiz Madeira de Mello, à frente das tropas portuguesas, se rendeu. O Exército Brasileiro consolidou o fim da ocupação portuguesa no Brasil.
*Benjamin Nunes Pereira é Diretor de Raça e Etnia do Sindicato dos Bancários de Vitória da Conquista e Região, membro da Academia Conquistense de Letras e Casa da Cultura, Licenciado em História pela UESB de Vitória da Conquista Bahia. Com pós-graduação em programação e orçamento público, pela UFBA, pós- graduação em Antropologia com ênfase na cultura afro-brasileira pela UESB.
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