Depois de defender quase 40% das bolas contra a Romênia e ainda marcar um gol, goleira do Brasil lembra da inspiração que a irmã Cássia a traz para defender o país
Babi foi um paredão diante da Romênia. Na segunda vitória da seleção feminina de handebol na Olimpíada do Rio, pegou quase tudo. Com oito defesas, segurou 38% dos arremessos. Aos 29 anos, a arqueira nascida em Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul, é um dos símbolos dessa geração, campeã mundial em 2013. E tem na família sua principal força. Se fecha o gol em quadra e até faz gols também, como contra a Romênia, o muro que salva o Brasil tem como alicerce a irmã Cássia, de 31 anos. Mais velha dos quatro irmãos Arenhart, ela tem Down e acompanhou da arquibancada a vitória sobre as romenas. Feliz em fazer a irmã sorrir, Babi conta que ela está no coração e nos seus planos após a carreira na modalidade.
Morando há quase nove anos na Europa e mesmo longe da aposentadoria, a goleira brasileira tem um projeto pronto para criar uma fundação que apoie pessoas como Cássia. Dia desses, até pessoas ligadas ao senador e ex-jogador Romário, que tem uma filha com necessidades específicas, a procuraram. Para Babi, Cássia, que fez muita festa na Arena do Futuro, é uma inspiração e motivação para sempre fazer o melhor em quadra, não importa o que aconteça.
– Ela vive os momentos de maneira diferente. Ela adora festa, bagunça. E ela está aqui se divertindo, me vendo. Em casa a gente brinca dela arremessar em mim. Eu defendo. Então acho que para ela também é uma experiência muito especial. Ela é minha motivação, minha mãe também é. Minha família inteira. Sem eles eu não estaria aqui hoje – disse a goleira brasileira.
Contra a Romênia, a família ficou exatamente atrás do gol que Babi defendeu na segunda etapa. Bastava olhar para trás e ganhar uma dose de energia a mais para a continuidade do jogo. Vivendo um sonho no Rio de Janeiro, a goleira estreia em Jogos Olímpicos, e não consegue medir as palavras ao saber que proporcionou isso para a irmã Amanda, o irmão Guilherme, Cássia, o pai Milton e o restante da família.
– Todos estavam atrás de mim, atrás do meu gol, defendendo comigo. Jogar com a família é mágico. Olho para atrás e vejo eles ali, ficam chorando o tempo todo. Está mais mágico para eles do que para mim. Sempre tive o suporte da minha família, mesmo de longe. Tê-los aqui, ver a carinha deles, a torcida vibrando, é um sonho realizado – conta a jogadora.
Quando se aposentar, Babi já tem seus planos em mente. Um projeto para trabalhar com pessoas com a condição genética está pronto, no seu armário. O que falta é tempo e alguém disponível para ajudá-la na empreitada desde já. A ideia foi formulada junto com a mãe Rose, que faleceu em 2013. A ideia é ter um centro que trabalhe educadores, professores de esportes e neurologistas.
– Eu tenho um projeto pronto, só falta apresentar. Não tenho ninguém que possa levar isso para mim. Mas, gostaria sim, acho que falta muito para pessoas assim. Minha irmã, se tivesse mais locais, mais oportunidades ou mais locais, poderia fazer mais coisas. Ela faz o que está ao nosso alcance, o que a gente encontra para ela, mas gostaria. Seria um trabalho bonita. Uma pessoa entrou em contato com o Romário para falar desse assunto. Então, seria ótimo se isso acontecesse – explica Babi.
Depois da atuação precisa contra a Romênia, Babi dividiu os méritos com a defesa brasileira. Mas ela não funcionou apenas defendendo. Em um contra-ataque, aproveitando o gol romeno vazio, ela também deixou o seu tento nas redes.
– Foi lindo de ver. Todo mundo botou um pouco de si no jogo, todo mundo jogou, todo mundo participou. Essa é a nossa cara. Somos time, somos união. Isso que a gente mostra dentro de quadra. Me senti muito dentro do jogo. Todo mundo estava querendo muito, então não tinha como eu destoar do time. Foi uma onda contagiante. Estou feliz, lógico, mas foi um trabalho conjunto – finalizou a goleira.
Fonte: Globo Esporte
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