A premiação, que já é tradicional na Casa, foi instituída em 2005 para homenagear mulheres que se destacam na defesa dos direitos femininos no município
A Câmara Municipal de Vitória da Conquista (CMVC) realizou, nesta quarta-feira, 11, mais uma edição do Diploma Mulher Cidadã Loreta Valadares. A premiação, que já é tradicional na Casa, foi instituída em 2005 para homenagear mulheres que se destacam na defesa dos direitos femininos no município. A mesa comandada pelo presidente da CMVC, Gilzete Moreira (PSB), contou com a participação das vereadoras Lúcia Rocha (DEM) e Irma Lemos (PTB), a coordenadora do Núcleo de Promoção da Igualdade Racial da Prefeitura Municipal, Elizabeth Lopes, a coordenadora Municipal de Políticas para as Mulheres, Elza Mendes, a tabeliã do Cartório de Notas do 3º Ofício, Maria Eny Vargens Diniz e a delegada titular da Delegacia da Mulher – DEAM, Decimaria Gonçalves.
Mulheres em luta – A vereadora Lúcia Rocha (DEM) destacou que a premiação “tem como objetivo a análise mais profunda dos temas relacionados às causas das mulheres, criando maior abertura para nós”. Rocha chamou a atenção para enfrentamento da violência contra a mulher: “O fim da violência depende de uma nova consciência na construção de políticas de proteção às mulheres e responsabilização efetiva de quem age com violência”. A parlamentar expressou sua preocupação com a possível banalização do oito de março. “Espero que esta data não se transforme apenas em uma data de cumprimentos, de abraços, e muito menos em uma do comércio, mas que seja, sim, uma data de comemoração das vitórias, das conquistas históricas”.
A vereadora Irma Lemos (PTB) destacou a longa trajetória de luta que as mulheres vêm travando por direitos. “A mulher já conquistou muito espaço e devemos agradecer a Deus por abençoar essas mulheres que estão se destacando”, detalhou. Porém, segundo a parlamentar, muitas das mulheres que estão hoje no mercado de trabalho enfrentam uma dupla jornada de trabalho e subjugação por parte do homem, muitas vezes o próprio companheiro. Lemos enfatizou que apesar dos avanços, o preconceito de gênero ainda impera, o que faz da luta pela igualdade de direitos uma bandeira permanente, não só para as mulheres, como toda a sociedade. “Nós temos que ser mulheres fortes, firmes e independentes. Nada mais é impossível para as mulheres”, finalizou.
Já Elizabeth Lopes, coordenadora do Núcleo de Promoção da Igualdade Racial da Prefeitura Municipal, lembrou a situação das mulheres negras, hoje em mais de 49 milhões, número que representa 24% da população brasileira. E mesmo assim, “vivenciamos a fase mais perversa do racismo”. Para ela, a mulher é base do desenvolvimento no Brasil, mas pouco usufrui daquilo que produz. “Denunciamos as batalhas contra a criminalização do nosso povo. Denunciamos o encarceramento desregrado, onde 60% das mulheres que estão presas são negras”, lamentou. Ela finalizou afirmando que a mulher não espera pelo homem para resgatar a sua identidade e saudou: “Viva as mulheres brancas, negras e índias. Que nossa luta jamais seja interrompida”.
Para Elza Mendes, coordenadora Municipal de Políticas para as Mulheres, “a entrega do diploma Loreta Valadares é um importante evento no mês de março, período marcado por muitas histórias e lutas que remetem às reivindicações e conquistas femininas”. A coordenadora salientou que o município é referência em diversas políticas públicas, citando, no que diz respeito à violência contra a mulher, a Criação do Conselho Municipal da Mulher, em 1997, a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM), em 2002, o Centro de Referência da Mulher Albertina Vasconcelos (Crav), em 2006, a Rede de Proteção a Mulher, com atendimento integral a toda a família, a Coordenação de Políticas Públicas para as Mulheres e a Vara da Violência Doméstica e Familiar.
Maria Eny Vargens Diniz, tabeliã do Cartório de Notas do 3º Ofício, parabenizou a Câmara pala iniciativa, que considera brilhante e oportuna para “explanar e pedir socorro pela dignidade da mulher”. Ela lembrou que o Movimento Feminista, com origem no século XIX e grande efervescência nos anos 1960 e 1970, é um marco para a conquista de direitos para as mulheres, como o direito ao voto. Mas, segundo Diniz, o segmento ainda sofre com “certas agressões”, como salários inferiores em relação ao dos homens, pouco espaço na política e vários tipos de violência. Mesmo assim, a tabeliã é confiante: “Haverá um dia que nós mulheres seremos respeitadas”.
Representando a bancada de situação da CMVC, o vereador Júlio Honorato (PT), enfatizou a questão do machismo ainda ser muito predominante na cultura brasileira. “Gostaria de chamar a atenção para a sociedade capitalista e extremamente machista em que vivemos hoje”, alertou. Segundo ele, a falta de oportunidades iguais, para homens e mulheres, “atrapalha e impede um avanço ainda maior”. Ele afirma que várias conquistas foram alcançadas, como por exemplo, a Lei Maria da Penha, “mas são apenas medidas preventivas e punitivas e precisamos de mais”.
O líder da bancada de oposição, vereador Arlindo Rebouças (PROS), iniciou seu pronunciamento afirmando que “no nosso município vivemos um momento muito turbulento”. Disse que, em Conquista, virou rotina as mães verem seus filhos assassinados na rua e questionou a ocorrência de políticas públicas para a mulher. “Onde? Vai na periferia para ver o abandono das mulheres. Falta médico, um posto de saúde, medicamentos, exames complementares”. O parlamentar salientou que “política pública para a mulher é ver seu filho e esposo bem”. Abordou que a cirurgia de próstata pelo SUS só é feita em Salvador, e isso leva a mulher a sofrer junto com seu companheiro. “Quando alguém da casa não está bem, a mulher não está bem. Por mais que nós homens façamos o bem, não chegamos aos pés de uma mãe, de uma esposa. Ela é capaz de dar a vida ao seu filho”. Finalizou seu pronunciamento dizendo que a criação dos filhos deve ser sem machismo, com consciência para ajudar a diminuir a violência no futuro
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