O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disse que o governo deve fazer cortes de gastos para atingir o equilíbrio fiscal e que isso vai exigir sacrifícios da população. “Temos de fazer escolhas. Não adianta dizer que vai cortar se não diz onde vai cortar, e a população está preparada para isso”, afirmou, em entrevista ao Jornal da Globo, no início desta madrugada.
Levy disse que o governo buscará esse esforço com transparência, dialogando com o Congresso, com empresários, economistas e a população. “Vamos conversar e depois propor. A população não quer assinar um cheque em branco”, acrescentou o ministro, enfatizando que assumiu o cargo com o compromisso de fazer o Brasil atingir o equilíbrio fiscal.
O ministro disse, em resposta a críticas de que o governo só pensa no ajuste pelo lado da receita – aumento de impostos -, que já foram feitos cortes no lado das despesas onde foi possível. “As despesas discricionárias – aquelas que o governo pode decidir se gasta ou não – voltaram aos níveis de 2013, e talvez precisem de mais cortes”, afirmou.
Levy exemplificou que, em programas como o Minha Casa Minha Vida, no caso das unidades já contratadas, têm que ser honrados os pagamentos às empresas que as construíram. Mas em outros programas sociais há que ser discutido. O ministro se referiu ao caso das aposentadorias – as quais ele relacionou como origem da alta carga tributária. “Tem muita gente que se aposenta muito cedo, com 53, 54 anos; podemos votar uma idade mínima.”
O ministro acrescentou que há cortes que podem ser feitos diretamente pelo Executivo, e outros no Congresso. “Temos que fazer as pessoas entenderem que sem isso [os ajustes] as coisas podem piorar e pagar mais impostos hoje pode fazer a economia crescer, podemos melhorar depois.”
Questionado se, com o rebaixamento da nota de crédito do Brasil pela agência de classificação de risco Standard & Poor’s, a confiança no governo não fica abalada, Levy disse que esse fato terá consequências políticas, mas será uma oportunidade de “olharmos para nós mesmos e ver o que a gente quer, e acredito que conseguiremos superar juntos esse desafio”.
Levy não crê que o rebaixamento se deu por uma falha do governo, mas que houve problemas difíceis “e agora as pessoas têm que tomar as suas responsabilidades, tem que haver cortes e sacrifícios para a economia crescer”.
O ministro citou que há medidas em discussão no Congresso que vão estimular o crescimento, como as reformas do ICMS, do PIS/Cofins e a Agenda Brasil, com um programa de infraestrutura estruturado. “Vamos continuar com esse trabalho”, afirmou. Lembrado que muitas empresas que contratam com o governo estão envolvidas na Operação Lava-Jato, Levy disse que isso só mostra que no Brasil a lei funciona e frisou que os editais facilitam a entrada de novas companhias, estimulam a concorrência e é necessário ainda melhorar a qualidade dos contratos.
Quanto às críticas do vice-presidente Michel Temer, que, em jantar com empresários, disse que será difícil a presidente Dilma Rousseff chegar ao fim do mandato com a baixa popularidade que tem, Levy afirmou que a presidente não teve medo de pôr em risco sua popularidade ao adotar medidas que considerou certas e que isso abre possibilidade de se trabalhar para aumentá-la. “A gente tem que fazer e colher os resultados, não pode ficar pensando se faz ou não. Tem que fazer.”
UOL
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