Abuso sexual de crianças, um crime hediondo que pode deixar marcas profundas nas vítimas. Para ajudá-las a diminuir ou até mesmo superar os traumas causados por este tipo de crime, uma ludoteca foi montada no Complexo do Departamento de Polícia Técnica (DPT), no térreo do Instituto Médico-Legal Nina Rodrigues, na Avenida Centenário, em Salvador. O espaço está em funcionamento desde a última sexta-feira (13).
Equipada com carrinhos, bonecas, fantoches, jogos, entre outros brinquedos, a ludoteca foi viabilizada através de parceria entre a Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP) – por meio do Serviço de Atenção a Pessoas em Situação de Violação Sexual (Viver) – e o Instituto Sabin.
Conforme Catiana Moura, uma das psicólogas do Viver que atuam na ludoteca no Nina Rodrigues, cerca de 30 crianças vítimas de abuso sexual já passaram pela unidade. Ela explicou que o serviço não é investigativo. “O importante é como a pessoa está se sentindo. Para nós, o importante é acolher e perceber como está esta pessoa. Não fazemos a investigação de que forma houve a violência sexual. Elas já têm que repetir isso, tanto na delegacia, quanto na perícia médica. Quando elas chegam aqui, não precisam necessariamente falar sobre isso”.
Conforme a psicóloga, a maioria das crianças atendidas tem entre três e nove anos e são do sexo feminino. Já os meninos, a maioria tem entre cinco e sete anos. “O número de meninos tem aumentado”, afirmou.
Catiana relatou ainda que as estatísticas apontam que a maioria dos acusados são familiares ou amigos da família. “Geralmente são pais, tios, padrastos, avós e vizinhos. O indivíduo tem experiências boas e ruins durante a vida e o abuso sexual está entre as ruins, mas com o acolhimento e o acompanhamento, tanto as crianças, quanto os adultos [que forem atendidos no Viver] vão ressignificar a violência. Ou seja, vão fazer com que consigam viver o mais normal possível”.
Outras ludotecas
A capital baiana dispõe de outras três ludotecas, que oferecem atendimento gratuito. Elas estão localizadas no Hospital Martagão Gesteira (HMG), na Segunda Vara da Violência Doméstica e Familiar do Fórum Regional do Imbuí e no Serviço de Apoio e Orientação Familiar (SAOF) do Tribunal de Justiça da Bahia.
Ampliação do serviço
Além de tratamento psicológico, quem procura o Viver localizado no DPT, na Avenida Centenário, recebe assistência jurídica, social e médica. Outra unidade do serviço está à disposição dos baianos na Rua Dr. Almeida, s/nº, Praça Sol de Periperi. A expectativa da coordenadora do Viver, Dayse Dantas, é ampliar a parceria com o Instituto Sabin e montar mais uma ludoteca, desta vez, em Periperi. “A ludoteca é uma ferramenta terapêutica importantíssima e cara, porque são brinquedos especiais, de fabricação restrita. Por esta razão, trabalhamos com parcerias para minimizar os custos”. Denúncias para este tipo de crime devem ser feitas pelo Disque 100.
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