Se o bom senso tivesse de escolher um epitáfio, optaria pelo seguinte: “Aqui jaz uma vítima dos aloprados de todas as ideologias”.
Lula, exausto da própria inteligência, assassinou o bom senso em fatídica viagem a Cuba.
Na ilha de Fidel, lamentou que um preso “se deixe morrer de greve de fome”. Desde então, num esforço inútil para esconder o caixão, o presidente despeja sobre o bom senso sucessivas camadas de “explicações”. Nesta terça (9), em entrevista à Associated Press, Lula levou à sepultura do bom senso mais uma pá de “esclarecimentos”. Pediu respeito às leis da ditadura dos irmãos Fidel e Raúl Castro:”Temos de respeitar a determinação da Justiça e do governo cubano de deter pessoas em razão da legislação de Cuba, como quero que respeitem o Brasil”.
Vigora em Cuba uma monstruosidade chamada “Lei de periculosidade”. Prevê a detenção de pessoas que o Estado considere “perigosas”.
Para descer ao calabouço, o sujeito não precisa cometer crimes. Basta que a ditadura diga que o camarada, por “perigoso”, pode delinquir.
Para Lula, coisa normal. O presidente voltou a condenar os que, em desespero, recorrem à privação alimentar:”Acredito que a greve de fome não pode ser usada como um pretexto de direitos humanos para libertar as pessoas”. Como que decidido a desperdiçar a nova oportunidade para tomar distância do túmulo do bom senso, Lula exorbitou. Comparou os presos políticos de Cuba aos bandidos recolhidos ao sistema carcerário paulista: “Imagine se todos os bandidos presos em São Paulo entrassem em greve de fome e pedissem a liberdade”. Foi como se Lula cuspisse no caixão do dissidente cubano Orlando Zapata Tamayo, igualando-o a um Marcola qualquer.
Num rasgo de benevolência, Lula disse que gostaria que a prisão de opositores da ditadura de Cuba “não acontecesse”. Mas…“Mas não posso questionar as razões pelas quais Cuba os deteve, como também não quero que Cuba questione as razões pelas quais há pessoas presas no Brasil”.
Como se vê, no afã de explicar o inexplicável, Lula recorreu ao inadmissível. Antes, soara insensível. Com as novas declarações, converteu-se num alaporado ideológico.
É pena que o presidente esteja cercado de assessores que, vítimas da mesma alopragem, concordam com cada palavra pronunciada por ele.
Não há no Planalto ninguém capaz de dar ao chefe um conselho útil: Presidente, por favor, traga suas opiniões na coleira.
Escrito por Josias de Souza às 03h28
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