O casarão mantém características do passado: arquitetura original de meados de 1884, quando foi construído, piso de pedras, parte do forro e a porta sempre aberta. Era assim que se mantinha quando residia Henriqueta Prates, que chegou a se tornar conselheira da comunidade e de políticos regionais, e foi assim que retornou, nessa quarta, 15, após a reforma do Museu Regional, que leva o nome da antiga moradora.
“Tem a importância em si, da arquitetura, da construção, e a outra é a preservação da memória de uma mulher que se destacou aqui na sociedade conquistense. Uma mulher que se tornou líder da comunidade, líder da sua família. A casa preserva essa memória, que a família fez questão de preservar durante muito tempo e a gente continua”, lembra a coordenadora do Museu, professora Ana Cláudia Rocha.
A visita ao equipamento da Uesb é uma visita ao passado conquistense, a começar pela localização, onde aconteceu o surgimento do núcleo urbano. Em uma das salas, que levam o nome de importantes personalidades que marcaram a história de Vitória da Conquista, a ambientação de uma sala típica do município na década de 1960 abriga duas obras do artista Orlando Celino: uma recém-adquirida pela Universidade, retrato do desbravador João Gonçalves da Costa, que fundou o Arraial da Conquista; e uma cedida temporariamente pelo pintor, do Jardim das Borboletas.
“Tem a preservação da memória da cidade. Você tem objetos aqui, as peças em si, que evocam essa memória de Conquista. As pessoas chegam aqui e ficam encantadas com determinadas peças, se interessam muito. Tem que ter essa curiosidade de saber como era sua cidade, como era seu povo. Sem isso, não existe identidade”, conta a professora.
Com a reforma, a equipe do Museu organizou a disposição de todas as peças em vitrines para proteção e sinalização, além de pintura, renovação do quintal e a abertura de uma porta para circulação, com vista a futuras adaptações voltadas para a acessibilidade.
“Quem está vivendo hoje, no século 21, acha que as relações de trabalho, as relações de gênero, as formas de acesso à propriedade, o que se considerava como uso legítimo de violência, tudo isso que a gente tem no mundo, tende a achar que é natural, que faz parte da formação humana. Quando vemos como o passado era diferente, percebemos como temos muitas opções. Os museus são peças que nos lembram da diversidade da experiência humana”, destacou o professor Luiz Otávio de Magalhães, reitor da Universidade, que participou da mesa de reabertura do Museu Regional.
Conquista Era Assim – A reabertura do Museu Regional integrou a programação da 17ª Semana Nacional de Museus e contou com a realização do evento que já marcou época no local. A mesa-redonda “Conquista Era Assim: as tradições de lazer em Vitória da Conquista”, com os professores aposentados da Uesb Rosalvo Lemos e Ana Isabel Macedo, se baseou no antigo formato em que os participantes compartilhavam memórias sobre a cidade.
Para o professor Rosalvo Lemos, essa foi a oportunidade de “partilhar algumas das lembranças, alguns conhecimentos de como era a cidade, de como as pessoas se relacionavam com as praças, com as ruas e com os diversos equipamentos urbanos”.
A partir das lembranças e suas observações sobre essas reminiscências, a professora Ana Isabel destacou: “a importância disso é reavivar as memórias, as lembranças, e isso fortalece um pouco a nossa cultura. Porque se a gente não reaviva as memórias, a gente deixa que elas morram”.
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