Seguradora não paga conserto do carro se o celular for usado pelo motorista
Se digitar, não dirija. O alerta não vem em embalagens de celular, propagandas de operadoras nem foi abraçado por autoridades. Mas pesquisa feita com 350 jovens de 18 a 24 anos em cinco capitais brasileiras mostra que 59% deles escrevem na direção. São torpedos, posts no Facebook, conversas em chats.O levantamento – obtido com exclusividade pelo Estado – foi feito pelo Ibope em novembro em São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Porto Alegre e Recife. Perguntados se acham o hábito arriscado, 80% disseram que sim e um em cada três reconheceu que não faz nada para mudar.
Especialistas se mostraram preocupados com o resultado da pesquisa, encomendada pela seguradora Porto Seguro. “É como se o indivíduo dirigisse de olhos fechados e, quando precisa reagir (frear ou desviar), não dá tempo”, diz o perito em acidentes Sérgio Ejzemberg. Para ele, apesar de o País não ter dados sobre colisões causadas pelo manuseio do celular, “certamente elas estão ocorrendo e as pessoas, morrendo”. “É pior do que dirigir alcoolizado, porque os olhos não estão na pista.”
Segundo o órgão americano de segurança no trânsito, o NHTSA, ao teclar um simples “ok”, o motorista aumenta em 23,6% a chance de sofrer um acidente.
E, apesar de não ser uma exclusividade nacional, a pouca preocupação do brasileiro com atitudes preventivas é apontada pelo consultor em Engenharia Urbana Luiz Célio Bottura como parte do problema. “Ele não dá bola, acha que não vai acontecer nada”, diz. “Só que o seguro não paga o conserto se constata alguma irregularidade, como o uso do celular.”
E são justamente as seguradoras que mais têm alertado para a questão. “Sábado (ontem), iniciamos uma ação educativa na TV paga. Neste mês, faremos na aberta, em rádios e redes sociais. A peça mostra um condutor com os olhos tapados por cinco segundos (tempo médio de pegar o celular e teclar)”, diz a gerente de Marketing da Porto Seguro, Tanyze Maconato.
Em abril, a BB Mapfre já tinha lançado campanha em TV aberta e paga, mídia impressa, redes sociais e cinemas. No filme, um smartphone se aproxima do rosto de uma mulher – até se chocar e se estilhaçar contra ele.
Advertência – “Acredito que vá chegar o momento em que as empresas (de telefonia móvel) vão veicular advertências, como as de cigarro e bebida fazem”, diz Paulo Rossi, superintendente de marketing da BB Mapfre. A opinião é compartilhada por Ejzemberg e Bottura.
A única operadora que já desenvolve ações é a Claro – em fevereiro, lançou a campanha Basta uma Letra em lojas próprias. Assinada pela Ogilvy Brasil, mostra uma vaca no fim de uma estrada muito longa.
A Vivo informou que “incentiva os usuários a respeitar a legislação”, a Oi disse não fazer ações e a Tim não quis se manifestar. (Estadão)
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