Por Evilásio Júnior / Fotos: Tiago Melo/ Bahia Notícias
Bahia Notícias – Quem é João Cavalcanti?
João Cavalcanti – Eu sou um sertanejo, que vim da cidade de Caculé (sudoeste baiano), nasci em 1948, sou filho de um ex-operário ferroviário, ex-motorista de taxi, e vim para Salvador estudar, com muito esforço. Aqui eu tive o apoio de um grande tio meu nos anos 70. Naquela época, eu tive que conseguir um atestado de pobreza. Eu passei no curso de geologia, porque eu queria fazer minas, mas o curso só chegou aqui em 1977. Então, eu estudei na Escola Politécnica e dormi várias vezes no Campo Grande. Se não fosse a praça, onde tem aqueles bambuzais, eu não teria onde ficar. Eu adorava aquele bambuzal. Cansei de me deitar ali. Não tinha assaltante. Você saia, ia até a Praça da Sé, voltava e ninguém te pegava. Eram os anos dourados. Depois eu consegui o restaurante universitário, mas não conseguia dormida. Aí eu fui dormir em uma mesa de ping pong no Diretório Acadêmico. Depois que eu consegui um sofá de plástico. Fui criado praticamente no Diretório Acadêmico, até que me expulsaram. Queria até agradecer ao deputado João Almeida (líder do PSDB na Câmara), que hoje é meu amigo e geólogo também, que na época era presidente do DCE (Diretório Central dos Estudantes) e me ajudou a conseguir uma vaga na residência universitária.
BN – De onde partiu aquela história de que o senhor criaria um gato em cama king size com televisor de plasma?
JC – Na verdade, uma equipe de reportagem foi até a minha casa para conhecer a fundação da minha esposa, que é uma entidade de recolhe os animais abandonados e maltratados na rua. Tirei um dia para recebê-los e os recebi muito bem com toda a cortesia, suco de laranja, sanduíches e mostrei toda a casa para eles. Mas quando você cria um animal ele não circula normalmente dentro da sua casa? E aí os repórteres viram a quantidade de animais que tem na casa, todos bem tratados. Não dentro da casa. No entorno, porque eu comprei uma casa vizinha só para colocar esses animais. São 15 empregos gerados só nessa casa. Resultado: coincidentemente, o gato Felicidade estava circulando, entrou no quarto de hóspede e deitou em uma cama king size, e tem lá uma TV de plasma. É um gato que tem 14 anos conosco, parece uma criança, conversa e tudo…
BN – O gato conversa?
JC – Rapaz, bate papo, conversa, mia. Os gatos se expressam. Aí esse cara vai e publica a matéria desse jeito, mas não falou do outro lado. Do trabalho com as crianças com câncer e Aids, não falou da geração de empregos das minhas empresas, que só em uma empresa da pasta de novos negócios do grupo Votorantim são 25 mil. Sem falar nos outros projetos. Só na fundação nós temos 40 funcionários, 10 veterinários, casa de hóspedes, centro cirúrgico e até acupuntura para esses animais. Já falei com o prefeito e o governador de que essa era uma obra que deveria ser feita por instituições públicas, porque quando você tira dois mil cachorros e gatos da rua evita a proliferação de doenças, como leptospirose e raiva, a superpopulação de animais abandonados e inclusive que 50 a 60 pessoas venham a morrer. Eu tenho animais estuprados, cegos por crianças malvadas: futuros serial killers. A Universidade de Harvard fez um estudo que demonstra que a principal tendência de um cara ser serial killer recai sobre aquele que maltratava animais na infância. É incrível, mas eu tinha uns amigos que maltratavam animais, matavam urubus, jacarés, cotia e afogavam gatos. Você acredita que esses caras foram todos embora? Desencarnaram todos violentamente: uns de câncer, outros de acidente. Os animais, assim como os vegetais, por não terem o livre arbítrio, e aí vem meu lado místico, são ligados diretamente ao divino. Ao grande criador e engenheiro deste universo. O maior poder que você tem na vida é o poder da escolha. Eles dependem do homem.
BN – E qual é a sua religião?
JC – Eu sou uma pessoa espiritualizada, de formação católica. Na minha casa na Grande Salvador eu tenho até uma capela.
“Tive então a oportunidade de conviver com um dos maiores empresários da época, um dos maiores playboys, e foi aí que aprendi a gostar do que é bom e viver em alto estilo.”
BN – Como surgiu a paixão pela geologia?
JC – Naqueles anos de 1957, 58, 59, ao lado da cidade de Caetité, tinha uma grande produção de manganês para a época. Aquelas minas eram visitadas por geólogos alemães, espanhóis e de outros países e foi aí que eu me dei conta da geologia. Eu observava aqueles caras no bar sentados, de martelo na cintura e o jipão sem capota parado, o mulherio em cima, cerveja sobre a mesa e eu disse ‘isso que é vida’. Eu me aproximei e perguntei a um rapaz, alemão por sinal, o que ele fazia e ele disse que era geologia. Falou que o geólogo era o responsável por procurar jazidas, que já tinha trabalhado na Ásia, na África. Aí eu falei que queria ser ‘esse negócio’ e perguntei se ganhava dinheiro. Ele disse que ganhava, que o salário era de uns US$ 10 mil e me deu algumas diretrizes. Então com 9, 10 anos de idade eu já sabia o que queria fazer. Aí eu passei no vestibular e fui selecionado desde o primeiro ano para ser trainee do maior grupo de mineração da época. Eu e mais três brasileiros, sendo eu o único da Bahia. O grupo tinha uma mina de cobre no Rio Grande do Sul e tinha aqui, em Senhor do Bonfim, a Caraíba Mineração que estava na fase de avaliação de reservas. Durante as aulas eu dava 20h no escritório em Salvador e nas férias me deslocava para uma das jazidas. Tive então a oportunidade de conviver com um dos maiores empresários da época, um dos maiores playboys, e foi aí que aprendi a gostar do que é bom e viver em alto estilo. Eu nunca aceitei aquela minha condição. Depois eu fui fazer engenharia de minas, porque o geólogo procura as jazidas e o engenheiro de minas faz o planejamento. Eu achava que deveria ter a complementação dos dois, ou seja, procurar e saber tirar.
BN – E como está hoje a sua atividade empresarial?
JC – Eu sou sócio do grupo Opportunity, que é um banco de ativos minerais, criamos uma empresa há dois anos e meio que é a GME4, que já é a segunda maior do país, atrás da Vale do Rio Doce, com maior número de jazidas em 14 estados da federação. Foi a única empresa do Opportunity não investigada pela Operação Satiagraha. Todos os geólogos da nossa equipe são baianos. Daniel Dantas e eu fazemos questão de contratar as pessoas da nossa terra. Todos os cargos de diretores são de baianos. Acabamos de fechar um acordo na Índia, vendemos 50% dos ativos ao segundo maior grupo de mineração indiano. Eles investiram nesse projeto US$ 1 bilhão, lá no Piauí, o que vai representar cerca de 20% do PIB (Produto Interno Bruto) do país. Dentro da GME4 nós temos ainda várias empresas, cada uma focada em um ativo mineral. Depois eu tenho uma associação com o grupo Votorantim, no segmento de novos negócios, tocada por Luís Hermírio de Moraes, um dos herdeiros do grupo, em que montamos duas empresas: uma para ferro e outra para metais básicos. Além de outros negócios nas áreas de hotelaria e construção civil.
BN – O senhor falou do Daniel Dantas, houve uma série de denúncias de irregularidades contra ele e o banco Opportunity. O senhor acredita realmente na inocência do Daniel Dantas?
JC – Total. Completamente. Recentemente eu fui perguntado pela Folha de S. Paulo sobre Daniel Dantas e respondi o mesmo que Fernando Henrique Cardoso (ex-presidente) falou: é uma mente brilhante. É uma pessoa extremamente inteligente, focada, enclausurada – vive para o trabalho e nem come carne – gera centenas de empregos, o Opportunity tem um dos melhores portos do Brasil, que é o Santos Brasil, e já é uma das maiores empresas em volume de ativos minerais. Em relação á minha convivência com o Daniel, ela é extremamente empresarial, na qual eu cumpro os meus compromissos e ele cumpre os seus. Em dois anos e meio juntos nós nunca tivemos nenhum problema.
BN – Então, por que houve tantas denúncias contra o Daniel Dantas? Qual foi o motivo? Foi uma coisa gratuita da Polícia Federal?
JC – Veja só, todos os processos foram anulados. Todos foram extintos. Todos. Eu conheço relativamente os processos em relação ao meu sócio. Tenho orgulho e admiração pelo Daniel Dantas, porque ele contribuiu bastante com todos os governos, desde Collor a Fernando Henrique. Ele é uma pessoa extremamente simples, totalmente focado no trabalho e voltado à Bahia. Agora, o que eu acho é que ele se enveredou por aquele ramo da telefonia, houve uma disputa bastante acirrada com as Telecom Itália da vida, depois ele se envolveu também com os fundos de pensão e a maioria hoje está nas mãos de partidos políticos. E o De Sanctis, quando tomou todas aquelas medidas, na verdade, elas partiram da operação da Polícia Federal, em que foi utilizada toda a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) de forma irregular. Tanto é todas as denúncias desde aquela operação chamada Chacal foram anuladas pelo STF (Supremo Tribunal Federal) e pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça). Segundo os advogados tudo foi feito de forma irregular porque utilizaram tecnologias que não eram comuns nem de praxe. O Paulo Lacerda (ex-diretor da Abin) foi afastado. O delegado Protógenes Queiroz, todo mundo sabe quem é…
BN – Quem é o Protógenes?
JC – É uma pessoa extremamente vaidosa que queria aparecer. A operação foi toda feita de maneira irregular, pegou todo mundo de pijama, aquela velha coisa midiática. Ele vazou a operação, convidou o repórter César Tralli, que teve informação privilegiada.
“Na verdade, eu me filiei realmente na calada da noite, já no final do prazo, em outubro do ano passado.”
BN – O senhor é um empresário tão bem-sucedido, por que agora decidiu ingressar na política?
JC – O que eu quero repetir com Geddel é o modelo que deu certo de Lula e José Alencar. Essa parceria com um político como Lula, atuante, que chega junto e exibe os problemas do povo. E ainda nós temos uma coisa similar. Nascemos no mesmo dia, eu e Lula, em 27 de outubro, só que ele é mais velho. Viemos de Pernambuco, já que meu pai veio de lá. Ele foi para São Paulo e a minha família veio aqui para a Bahia. A diferença é que eu tive um tio que me deu a oportunidade de estudar e o presidente Lula não teve. Eu admiro bastante o modelo político do Lula, que se preocupa com os problemas de todas as classes, e consegue conviver com a classe AA. É uma pessoa inteligentíssima. E depois, a união dele com um empresário de sucesso, o Alencar, que é um empreendedor que não precisa da política é uma coisa que está dando certo no mundo inteiro. Se você observar, o vice-presidente de Obama também vem da atividade empresarial. A vitória do Piñeira no Chile – ele também tem atuação nas atividades minerais, da construção civil e aviação. O que o povo quer? O povo quer comida, moradia, carro. Quem gosta de pobreza é intelectual, já dizia Joãozinho Trinta. O povo quer ter as mesmas condições que são colocadas para todas as classes sociais. O povo não pode viver à margem.
BN – O senhor já era filiado ao PMDB?
JC – Eu já era ligado ao PMDB, partido de base do governo. Eu tenho uma admiração muito grande pelo governador Jaques Wagner e participei da campanha vitoriosa anterior. Todos estavam cansados do carlismo, houve uma conjunção muito grande de partidos para fazer a mudança, que acredito que foi muito salutar. Mas tem que haver essa alternância de poder senão vira uma ditadura democrática. É importante que qualquer governante, seja presidente, governador ou prefeito, fique mais do que quatro anos, porque aí não tem necessidade de renovar o mandato. Aí, quando o ministro Geddel me deu a honra de me convidar para integrar a chapa majoritária, isso me deixou lisonjeado. Ele foi até mim em São Paulo e colocou em minha mesa a ficha de filiação e me senti honrado. Perguntei o que ele pretendia e ele me disse que eu era um homem com espírito empreendedor, baiano, com prestígio e sucesso internacional, que poderia contribuir com o desenvolvimento da Bahia e que ele precisava de alguém com esse perfil. Se você for observar, entre todos os postulantes ao cargo todos já tiveram experiência no Executivo…
BN – Menos o Bassuma…
JC – Menos o Bassuma. Mas a parceria entre o Geddel e o JC, empreendedor, representa o novo. Acho que é hora de mudar.
BN – Quando isso aconteceu?
JC – Houve uma reunião no ano passado quando o PMDB ainda era um partido de base. Na verdade, eu me filiei realmente na calada da noite, já no final do prazo, em outubro do ano passado. Mas antes eu já tinha uma ligação muito grande com o PMDB: com o deputado Arthur Maia, e outros deputados estaduais e federais do PP, PTB, PDT. Você como um empresário sempre tem um bom relacionamento, mas eu já tinha uma simpatia muito grande pelo PMDB. Então, o ministro me pediu um prazo. Eu disse a ele que ia à Índia, meditar com minha esposa, e quando voltei afirmei que iria encarar porque eu quero contribuir com o desenvolvimento do nosso estado.
“A primeira coisa que o ministro me disse foi ‘não preciso dos seus recursos’.”
BN – E por que essa simpatia com o PMDB?
JC – Isso veio do passado, do Ulysses Guimarães, da mobilização popular pelas Diretas Já. Eu fui um estudante muito ativo politicamente. Tomei porrada, pedrada, cacetada de polícia e tudo. O PMDB era o partido que mais se aproximava das minhas convicções ideológicas no que tange à democracia.
BN – Como o senhor mesmo falou, optou pelo PMDB no apagar das luzes. O partido em 2009 teve um ano complicadíssimo, principalmente as denúncias de irregularidades contra o presidente do Senado José Sarney (AP). O senhor é da área de mineração e tem uma boa relação com o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, que é ligadíssimo a Sarney. O que o senhor acha disso tudo? O Sarney também é vítima como o Daniel Dantas?
JC – Olha, eu desconheço os detalhes da mesma operação. Tive com o Sarney duas vezes, quando ele foi candidato ao senado pelo Amapá. Tive o prazer de tomar um café da manhã com o Sarney, na casa dele em Brasília, e conversamos bastante. É uma pessoa que tenho o maior apreço, um respeito muito grande pela trajetória, pelas participações políticas…
BN – Mesmo ele vindo da Arena?
JC – Você vê, ele veio da Arena e eu tinha uma simpatia muito grande pelo MDB. Aí morre o Tancredo Neves, o Sarney cai de pára-quedas na Presidência e ficou aí perdido. Nós passamos o início do governo perdidos do ponto de vista da economia. Aqueles planos todos, Cruzado, a inflação em 98%. Agora eu acho que o que acontece hoje é que o homem, a sua essência, está se diferenciando dos partidos. Por exemplo, eu diria que hoje há o lulismo e não mais o PT. O Lula conseguiu se distinguir completamente do partido. Se você for analisar os escândalos que envolveram o presidente Sarney e olhar o que ocorreu no mensalão com o PT, José Dirceu Genoíno, que foram afastados para evitar a cassação, não dá para partidarizar. Agora mesmo o que ocorreu com o DEM e o governador José Arruda (DF), com dinheiro em meia e tudo o mais, então chegamos ao ponto que para o público, para o ser humano, as pessoas estão começando a se distinguir dos partidos. Você não pode confundir a sua atuação e dizer que a culpa é do partido.
BN – Mas o senhor disse que as suas convicções ideológicas eram mais voltadas ao PMDB…
JC – É…porque o PMDB veio do MDB, um partido que por meio do Ulysses Guimarães liderou o processo de democracia com o qual como eu vivi antes na ditadura militar. Eu que dormia no Diretório Acadêmico, a Polícia Federal baixava e eu era logo o primeiro a tomar porrada. Achavam que eu era o “aparelho”. Chegava de madrugada e tava lá o sertanejo velho deitado. Sorte que eu tinha um bom relacionamento com o filho do superintendente federal Luiz Artur Carvalho, Sérgio, que tinha sido meu colega de ginásio e me tirava dessas situações todas.
BN – Comenta-se nos bastidores que a intenção do ministro Geddel Vieira Lima em atrair o senhor para a chapa dele seria financeira. Há algum tipo de veracidade nisso? O senhor financiará a campanha do PMDB?
JC – Não, não. De maneira alguma. Na nossa primeira conversa isso ficou bem claro. A primeira coisa que o ministro me disse foi ‘não preciso dos seus recursos’.
BN – Mas o senhor tem base política para atrair votos?
JC – Olha, o que tem me animado é que primeiro eu sou da região sudoeste.Em Caetité, Caculé, Guanambi eu já tinha uma plantação política com os principais prefeitos da região, onde eu atuava bastante. De Santa Maria da Vitória até Vitória da Conquista. O que me atraiu após essa decisão de me inserir na política é que eu vejo que a Bahia está bastante atrasada em relação a alguns outros estados da federação. Exemplo, Minas Gerais tem 14 fábricas de cimento, nós só temos uma. A Bahia não tem um porto internacional decente, com a maior costa litorânea do país. Nós precisamos mapear e desenvolver a malha rodoviária. Nós temos que pegar os corredores rodoviários, BR-101, Rio Bahia e BR-242, e fazer dessas estradas o pólo de desenvolvimento dessas regiões. A Bahia está muito focada na Região Metropolitana de Salvador. Eu, enquanto empreendedor, o que tinha que conquistar do ponto de vista financeiro já alcancei. O dinheiro serve para você gerar emprego, renda e benefícios para a sociedade.
“Ou vice ou estou fora. Ou vice ou nada.”
BN – Então, diante das dificuldades financeiras dos governos, caso o senhor seja eleito, pretende utilizar verba própria para investir no Estado?
JC – Como vice-governador eu pretendo, já conversei com o ministro a respeito, trabalhar muito mais pela Bahia e por isso estou me definindo como vice-governador. E no caso, ficar à frente da Secretaria da Indústria, Comércio e Mineração, que é a minha área. Então, eu acredito que nessa parceria com Geddel, eu como vice-governador e à frente dessa secretaria, eu quero em quatro anos fazer o que não foi feito em 50 anos. Esse é o meu projeto.
BN – Como o senhor define em porcentagem a possibilidade de o senhor ser o vice de Geddel?
JC – Eu já conversei com o ministro e deixei a cargo dele. Primeiro que partiu dele essa oferta, pois no primeiro momento ele me deu para escolher o Senado ou a vice-governadoria. Conversei bastante com a minha família, minha mulher e os meus filhos e eles não gostariam que eu estivesse na política. Aí eu comecei a analisar, conversei com todos os meus sócios e aí a maneira que eu poderia ajudar mais o meu estado seria como vice-governador. Se não fosse vice-governador eu não aceitaria o Senado, e isso aí já está acertado com o ministro. No momento certo vamos fazer a comunicação oficial…
BN – Então não te interessaria mais o Senado?
JC – Não. Ou vice ou estou fora. Ou vice ou nada.
“Por que o JC, baiano, preparado, com experiência de empreendedor reconhecido no Brasil e no mundo não pode tentar na sequência governador e depois presidente da República?”
BN – Esse seu lado do invisível, da intuição, te diz que Geddel vai ganhar?
JC – Geddel vai ganhar. Vamos ser matemáticos, não vamos nem olhar o lado místico. Quando Wagner venceu a primeira campanha estava com 13% e Paulo Souto com 60%. Para qualquer postulante hoje, principalmente para a pessoa que está no cargo, para ganhar no primeiro turno hoje deveria estar com pelo menos 70%. O nosso partido, o PMDB, que não entrou ainda no jogo, eu ainda não fui fazer campanha, a gente hoje tem entre 14% e 15% fácil, fácil. O ex-governador Paulo Souto também com 25% a tendência é declinar. Ele está igual a Imbassahy na eleição para prefeito. Eu e Geddel somos o novo. Nós somos pegadores. Nós não vivemos de pensamento nem de intenções. Nós acontecemos, fazemos, executamos. Nessa situação que está hoje aí, nós ganhamos tranquilamente. Os meus santos já disseram.
BN – O que o dinheiro não compra?
JC – O dinheiro não compra a felicidade. A paz, a harmonia. Dinheiro é apenas um meio e não o fim. Se você coloca o seu objetivo no dinheiro ele se manda de você. A única coisa que vou levar dessa vida é o bem que eu faço. Não vou levar as mansões, os carros e o dinheiro. O meu modelo de bem é o Bill Gates. Ele já investiu do bolso dele mais de US$ 17 bilhões e salvou 700 mil vidas. Eu pretendo no governo, além dos recursos que vou atrair da iniciativa privada, fazer em Salvador um hospital para crianças com câncer. Ofereci isso ao governador Wagner há dois anos e também ao prefeito João Henrique que me selecionassem uma área para que eu pudesse fazer o hospital e não tive resposta. É uma tristeza. O que falta por parte desses governantes todos é essa essência. O mundo precisa de dirigentes que se importem com as dores do mundo. O problema é que o egoísmo da maioria dos políticos é impressionante. É o que eu falei: não vim para roubar, não preciso de política para viver, não preciso explorar o estado, não vou me utilizar de nenhum mecanismo de corrupção. Não vou e eu quero ser o modelo novo.
BN – Quais são os seus planos políticos?
JC – Eu quero ser presidente do Brasil. Se Lula, uma pessoa inteligente, que veio do sertão nordestino, filho de um operário, abandonado e chegou à Presidência da República. Se o Collor naquele partido nanico de Alagoas (extinto PRN) chegou à Presidência. Por que o JC, baiano, preparado, com experiência de empreendedor reconhecido no Brasil e no mundo não pode tentar na sequência governador e depois presidente da República? Eu quero que o povo me traga os seus problemas e juntos vamos dar a solução. Esse é o meu lema.
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