Professoras da UFMA discutem a situação da mulher e suas múltiplas atribuições no Encontro de Mulheres
A condição feminina sempre denotou situações peculiares à atuação da mulher na sociedade, e neste século essas particularidades têm se mostrado ainda mais fortes. O esforço de equacionar relações familiares, de trabalho e participação política torna o universo feminino algo muito mais complexo do que pode parecer à primeira vista.“Percebe-se um acelerado crescimento da participação das mulheres no mercado e na política, no entanto, não há um suporte adequado para que a mulher possa se desenvolver no âmbito profissional sem prejudicar a realização pessoal”, afirma a professora Edith Maria Barbosa Ramos, chefe do departamento de Direito da UFMA. O entendimento da situação da mulher na sociedade contemporânea passa pelos segmentos de mercado de trabalho, violência e política.
A Universidade Federal do Maranhão, que colabora ativamente com a adoção de políticas de amparo e assistência à mulher, tem no Mestrado em Educação um importante grupo de estudo das questões de gênero. Uma das professoras do mestrado, Diomar Graça Matos, é palestrante do II Encontro de Mulheres que ocorre de 4 a 5 de março no auditório A do Centro Ciências Humanas (CCH).
O tema da palestra é “Avanços e conquistas das mulheres e desafios a serem enfrentados”. Além dela, outros professores das mais diversas áreas pesquisam acerca das mulheres no passado e na atualidade.
A presença da mulher no mercado é cada vez maior, atingindo posições de destaque e desempenhando funções antes restritas ao profissional do sexo masculino. Apesar dessa conquista, a falta de qualificação e as dificuldades de aliar a vida familiar à profissional ainda são obstáculos que precisam ser superados. “Muitas mulheres não conseguem achar o equilíbrio entre as duas coisas, ocasionando situações como a opção pelo não casamento, mulheres que sustentam maridos e as famílias monoparentais, onde elas educam seus filhos sozinhas”, explica ela.
Já a questão da violência é um problema de âmbito internacional, com foco nas situações domésticas de agressão e violação de direitos. Nesse sentido, uma medida importante é a Lei Maria da Penha. Para a professora, essa lei é um avanço para coibir a prática da violência doméstica, na medida em que o agressor sabe que sofrerá punição, caso seja denunciado, sendo condenado a até 3 anos de prisão. As agressões sofridas repercutem inclusive no trabalho das vítimas. Casos de assédio moral ainda são comuns em algumas empresas, onde empregadores subestimam e diminuem as potencialidades da mulher, criando situações vexatórias.
Um dos espaços considerados mais masculinos na sociedade é a política, onde a presença da mulher é garantida pela cota de 30% das vagas para candidaturas nos partidos políticos. Ainda assim, o número de mulheres nos três poderes é pequeno. A avaliação da professora das políticas governamentais de assistência à mulher é de que essas ações estão fragmentadas. “Enquanto não houver uma articulação das políticas de trabalho, combate à violência e qualificação profissional, e conseqüente interação entre esferas de poder, teremos muito o que caminhar para alcançarmos maiores conquistas”, diz. As leis brasileiras são, segundo ela, pertinentes às necessidades das mulheres, mas necessitam de interpretação adequada e atual, acompanhando mudanças.
A realização de discussões é fundamental em todos esses contextos. “Quando essas mulheres puderem debater essa luta, que é histórica, será possível mudar o futuro das mulheres no estado e no país”.
Deixe seu comentário